sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

A Bruxa na Janela (The Witch in the Window)

"A Bruxa na Janela" (2018) dirigido por Andy Mitton (Yellowbrickroad - 2010) é um bom filme de horror que se sustenta no drama familiar e que se difere dos tantos exemplares envolvendo casa mal-assombrada, algo original nesse estilo é bastante difícil e por incrível que pareça este exibe elementos que não apenas assustam mas que também sugerem reflexões contundentes. É preciso saber antes de se enveredar que não é um filme comum de terror, o drama se sobressai ao demonstrar que lidar com fantasmas internos pode ser mais complexo do que supostamente os que habitam as casas.  
A trama gira em torno de um pai separado, Simon (Alex Draper), e seu filho de doze anos, Finn (Charlie Tacker), que se dirigem a Vermont para consertar uma antiga casa de fazenda, e acabam encontrando o espírito malicioso do proprietário anterior, uma mulher infame e cruel chamada Lydia (Carol Stanzione). Com cada reparo que Simon faz, ele também está tornando seu espírito mais forte... até que um encontro aterrorizante o deixa duvidando se ele pode proteger seu filho do mal que está entrando em suas cabeças e corações.
Simon busca seu filho pré-adolescente para passar um tempo reformando uma casa de campo em Vermont, sua intenção é fazer uma surpresa para a esposa, que está sufocada e triste com o comportamento do filho, eles não têm uma relação fácil, o garoto está numa fase de revolta e desconta tudo na mãe, ele viu coisas na Internet que não deveria, o pai é um fracassado que apenas foge para não encarar a realidade, este momento surge como um possível recomeço e então Simon dará tudo de si a fim de se reconectar com a família. De início há bastante conflito na interação entre pai e filho, mas conforme o andamento da reforma se desenvolve a relação vai se tornando mais maleável com conversas sobre mentiras e verdades, até que quando Louis (Greg Naughton), o vizinho, vai dar uma olhada na parte elétrica conta a história da casa e da mulher que ali habitava, acusada de bruxaria ela morava na casa com seu marido e filho, que mais tarde apareceram mortos, Louis diz que a propriedade sempre lhe causou medo, que o fazia ter pesadelos o levando assim ao sonambulismo e que toda vez que abria os olhos estava diante da casa. Ao olhar para a janela ele podia ver a bruxa, até que um dia percebeu que a mulher estava imóvel em sua poltrona e descobriu depois que estava morta há algum tempo com os olhos abertos encarando o horizonte. Dai por diante pai e filho começam ter a certeza que não estão sozinhos e não demora para a fantasma aparecer sentada em sua poltrona de frente para a janela, inclusive os dois a olhando bem de perto. À medida que reformam a casa Lydia vai ficando mais e mais forte e ao contrário de tantas outras histórias a fantasma quer que eles fiquem. Simon não deixa que o filho fique na casa e sozinho decide dar prosseguimento, o que permite que ele não só encare Lydia, mas encare também os seus fantasmas internos.

O horror encontra espaço em instantes curtos parecendo alucinações ou sendo bastante explícito, mas sempre carregado de um tom sombrio e macabro ainda que o que mais se sobressaia é o drama familiar e a dificuldade de encarar o passado. Simon ao reestruturar a casa acaba encarando seus dramas e por fim precisando fazer escolhas um tanto sinistras, o que confere um desfecho original. Vale destacar o trabalho de som, a casa e seus ruídos e a atmosfera densa que a cerca.

"A Bruxa na Janela" é melancólico e emotivo ao retratar conflitos familiares, os fantasmas são expostos tanto literalmente como figurativamente. Definitivamente uma história que sai da fórmula básica de casa mal-assombrada e por isso já vale a pena ser visto. 

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