quarta-feira, 4 de abril de 2012

Deus da Carnificina (Carnage)

"Carnage" é uma adaptação da peça teatral de Yasmina Reza - Le Dieu du Carnage (O Deus da Carnificina). A narrativa toda se passa no apartamento de Penélope (Jodie Foster) e Michael (John C. Reilly), cujo filho brigou com um colega da escola, que acabou quebrando dois dentes. Os pais do menino que cometeu a agressão, Nancy (Kate Winslet) e Alan (Christoph Waltz) vão tentar conversar civilizadamente pra encontrar um jeito de amenizar a situação, mas a conversa vai tomando um rumo diferente, entre situações inesperadas e constrangedoras, preconceitos são jogados para fora, e suas máscaras de pessoas controladas caem, e tudo se transforma num verdadeiro caos.
Os personagens passam por mudanças durante os diálogos, revelam intimidades, e suas visões de mundo cada vez mais vão ganhando intensidade, explodem ao ponto de ninguém aturar mais nada.
Roman Polanski traz uma sátira da sociedade moderna, e garante boas risadas de nós mesmos, mostra como somos hipócritas ao lidar com certos assuntos e as diferenças de ideologias. Todos já nascem com um destino traçado, e se não percorrê-lo estarão fora do padrão pré-estabelecido, conversas triviais que não levam a nada só para manter a pose, a burguesia que não é tão burguesa assim, e por aí vai. Uma infinidade de questões sociais postas à mesa em um roteiro fantástico que dura 1h e 30min. Os atores seguraram muito bem o filme todo, cenas hilárias, como Alan atendendo o celular a todo momento, é o que identifica as pessoas só ligadas ao trabalho, e que não estão afim de resolver os problemas domésticos, no caso dele, a agressão que seu filho cometeu contra o outro.
Jodie Foster foi o destaque, a mediadora da conversa e a que dá lições de moral, as suas explosões são cômicas e se modificam de repente discutindo por coisas ridículas. É incrível a forma como despejam o moralismo hipócrita e a sinceridade impiedosa que surge entre eles, é o ser humano como é, orgulhoso, mesquinho e falso. Os diálogos nos causam uma sensação de êxtase e as gargalhadas são inevitáveis.

Bem fiel a peça teatral, dá-se a impressão de estar vendo um teatro realmente. Um filme singular e admirável, consegue ser curioso, instável e inusitado.
O uso do espaço mínimo é genial, toda a exatidão e o modo minucioso de utilizá-lo dão a originalidade para esta obra fantástica. O final acontece de forma abrupta e mostra como tudo foi redundante!

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