terça-feira, 17 de abril de 2012

Primavera, Verão, Outono, Inverno... E Primavera (Bom Yeoreum Gaeul Gyeoul Geurigo Bom)

Este longa é uma obra-prima introspectiva, que nos faz pensar na vida e nos rumos que a natureza nos leva. Dirigido por Ki-duk Kim, é de uma beleza estonteante, uma peça rara, da qual só os orientais sabem fazer.
Toda a história se desenvolve ao longo das várias fases da vida de um velho monge, que vive isolado num remoto monastério flutuante. Consigo, vive uma jovem criança a quem este explica os ensinamentos da sua religião, treinando-o e preparando-o para, um dia, ocupar o seu lugar. Uma preparação cimentada numa amizade e compaixão comovente, que terá que sobreviver aos diversos percalços e obstáculos que aparecem durante a vida de ambos.
É um filme contemplativo que induz a pensar nos valores da vida, naqueles que somos condicionados a viver, aqueles que vão contra a natureza, esta que junto a solidão é o maior repouso para nossa alma e entendimento do próprio ser.
Cada estação que passa traz uma fase da vida do pequeno monge, mesmo estando longe de tudo, não está isento das incertezas da vida, da natureza do amor, do ciúme, e do ódio. E assim vai esquecendo dos preceitos ensinados pelo seu mestre.
Exige-se um pouco de paciência e assistido no momento certo, o longa se torna uma espécie de experiência espiritual, toda a magia que envolve o velho monge, a sua serenidade e desvinculação com o mundo é enternecedor e sublime. A natureza é a morada do nosso ser, onde nosso ciclo é o eterno recomeço junto com as estações.
Os poucos diálogos existentes são lições poderosas, mas as palavras não são suficientes para categorizar este longa, o silêncio do filme fala por si só. A fotografia é deslumbrante, o lago e seu barquinho, o tempo, tudo nos conduz a uma reflexão. Há simbologias do budismo, como a representação do desejo (Galo) e o autodomínio (Gato) e também há as portas, o caminho, o lago, que são metáforas de fácil entendimento.

 
É muito fácil reduzir este filme a uma obra fundamentalista, zen ou apenas uma lição filosófica, mas é totalmente visceral, onde a narrativa é definida sobre a evolução do homem enquanto ser moral e a procura da integração ao meio natural.
Cada um interpreta de uma maneira, as imagens, os simbolismos e todo o ambiente. A trilha sonora compõe perfeitamente, e por fim, é para interiorizar e se renovar.

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