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terça-feira, 5 de maio de 2020

11 Filmes Sobre Alienígenas / Terror Cósmico

Segue a lista de filmes que abordam a vida extraterrestre, alienígenas e criaturas estranhas vindas das profundidades do universo, alguns flertam com o terror cósmico, outros já assumem uma postura mais dramática e que refletem a nossa sociedade, todos muito intrigantes e que merecem destaque dentro dessa temática. Confira:

11- "Terra para Echo" (2014) EUA
Depois que uma construção começa a escavar em sua vizinhança , os amigos Tuck, Munch e Alex inexplicavelmente começam a receber estranhas mensagens codificadas em seus celulares. Convencidos de que algo está acontecendo, eles procuram seus pais e as autoridades. Quando todos ao seu redor se recusam a levar a sério as mensagens, os três embarcam em uma aventura secreta para decifrar o código e segui-lo até sua fonte. Mas cuidar do assunto por conta própria coloca o trio diante de algo além da sua imaginação quando se deparam com um misterioso ser de outro mundo precisando de ajuda.

10- "The Hole in the Ground" (2019) Irlanda
Enquanto tenta escapar de um passado conturbado, a jovem Sarah (Seána Kerslake) luta para reconstruir sua vida em uma cidade no interior da Irlanda com seu filho, Chris (James Quinn Markey). Tudo vai bem, até que um encontro misterioso com um novo vizinho faz com que Sarah entre em uma onda crescente de medo e perseguição, fazendo-a duvidar a respeito do que é real e o que não é.

09- "Contato Visceral" (Wounds - 2019) EUA/UK
Depois que um cliente do bar onde Will (Armie Hammer) trabalha esquece o seu celular no balcão devido a um incidente atípico, ele decide levar o aparelho para casa. No dia seguinte, Will começa a receber estranhas mensagens ameaçadoras e tenta não se envolver em nada, mas rapidamente eventos bizarros e aterrorizantes tomam conta da situação.

08- "Spring" (2014) EUA
Após a morte de sua mãe, o inconsolável Evan vai afogar as mágoas com seus amigos no bar onde trabalha. No entanto, ele se envolve numa briga que acaba fazendo com que seu chefe o demita. Sem rumo e com a possibilidade de ser perseguido por seu novo desafeto, Evan decide viajar para fugir de seus problemas. Numa pequena e turística cidade costeira na Itália, ele conhece e se interessa por uma linda e misteriosa mulher. Logo se torna claro que ela possui segredos obscuros que podem destruí-los. Uma produção de baixo orçamento que passeia por alguns gêneros, como romance, horror e ficção científica, no próprio cartaz do filme está escrito: "Um híbrido entre Richard Linklater e H.P. Lovecraft". Saiba+

07- "A Região Selvagem" (La Región Salvaje - 2016) México
Um meteorito cai em uma montanha. Em uma cidade próxima, um jovem casal se esforça para se reconectar, e o homem trai a mulher. O processo é autodestrutivo para ambos. De repente, algo de fora deste mundo surge, mudando suas vidas para sempre. Um filme polêmico e poderoso que traz uma história envolvendo uma mulher traída e um alienígena que desperta prazeres sexuais, uma crítica ao conservadorismo, a repressão, o machismo e preconceitos, tudo exposto de forma bizarra, mas que com certeza captura nossa atenção. Saiba+

06- "A Chegada" (Arrival - 2016) Canadá/EUA
Quando seres interplanetários deixam marcas na Terra, a Dra. Louise Banks (Amy Adams), uma linguista especialista no assunto, é procurada por militares para traduzir os sinais e desvendar se os alienígenas representam uma ameaça ou não. No entanto, a resposta para todas as perguntas e mistérios pode ameaçar a vida de Louise e a existência de toda a humanidade.

05- "Sob a Pele" (Under the Skin - 2013) UK
Um alienígena (Scarlett Johansson) chega à Terra e começa a percorrer estradas desertas e paisagens vazias em busca de presas humanas. Sua principal arma é sua sexualidade voraz... Mas ao longo do processo, ela descobre uma inesperada porção de humanidade em si mesma.

04- "Vivarium" (2019) EUA
Quando o casal de noivos Tom (Jesse Eisenberg) e Gemma (Imogen Poots), à procura da casa perfeita para começar a vida juntos, conhecem um estranho corretor imobiliário, eles não pensam duas vezes quando são apresentados à Yonder, uma misteriosa vizinhança suburbana de casas idênticas. No entanto, logo eles vão perceber que estão presos em um pesadelo - tendo que criar uma criança de outro mundo. Um filme que aborda de maneira peculiar a vida doméstica, os papéis e estereótipos que cada um carrega dentro desse modelo, as responsabilidades da maternidade, os compromissos da paternidade e o truque do tempo que absorve o cotidiano e faz envelhecer. É uma proposta criativa que prende o espectador junto da armadilha montada. Saiba+

03- "A Cor que Caiu do Espaço" (Colour Out of Space - 2020) EUA
Os Gardners são uma família que se muda para uma fazenda remota na zona rural da Nova Inglaterra para escapar da agitação do século XXI. Eles estão ocupados se adaptando à sua nova vida quando um meteorito cai no seu quintal da frente. O misterioso aerólito parece fundir-se com a terra, infectando tanto a terra quanto as propriedades do espaço-tempo com uma estranha cor sobrenatural. Para seu horror, a família Gardner descobre que essa força alienígena está gradualmente transformando todas as formas de vida que ela toca… incluindo-as.

02- "O Culto" (The Endless - 2018) EUA
Dois irmãos, Justin e Aaron, foram criados num culto religioso do qual fugiram quando Justin percebeu a possibilidade da ocorrência de um suicídio em massa. Dez anos depois, eles, recebem uma mensagem em vídeo bastante enigmática. Nela, um membro do culto fala de uma ‘ascensão’ iminente e então resolvem regressar ao local aonde eram realizados os cultos em busca de respostas. Mas, ao chegarem, descobrem que o ‘culto’ pode afinal não ser o que pensavam e começam a duvidar, inclusive, se serão bem-vindos. "A emoção mais antiga e mais forte da humanidade é o medo, e o mais antigo e mais forte de todos os medos é o medo do desconhecido", e é na atmosfera de criaturas lovecraftianas que o filme se inicia, mas não se engane com o que parece ser simplesmente uma seita de adoração a seres extraterrestres, pois a história é uma reflexão contundente sobre a existência, as repetições, a rotina e o conformismo, de maneira intrigante o roteiro vai se desnovelando, porém sem dar respostas concretas, a percepção é individual. Saiba+

01- "Distrito 9" (District 9 - 2009) África do Sul/EUA/Canadá
Há 20 anos uma gigantesca nave espacial pairou sobre Joanesburgo, capital da África do Sul. Como estava defeituosa, milhões de seres alienígenas foram obrigados a descer à Terra. Eles foram confinados no Distrito 9, um local com péssimas condições e onde são constantemente maltratados pelo governo. Pressionado por problemas políticos e financeiros, o governo local deseja transferir os alienígenas para outra área. Para tanto é preciso realizar um despejo geral, o que cria atritos com os extra-terrestres. Durante este processo Wikus Van De Merwe (Sharlto Copley), um funcionário do governo, é contaminado por um fluido alienígena. A partir de então ele se torna um simbionte, já que seu organismo gera algumas partes extraterrestres. Com o governo desejando usá-lo como arma política, Wikus conta apenas com a ajuda do extraterrestre Christopher para escapar.

sexta-feira, 24 de abril de 2020

Vivarium / Devorar (Swallow)

Segue a resenha de dois filmes bizarros e muito interessantes que não poderiam estar de fora do catálogo aqui do blog, continuarei fazendo postagens conjuntas, pois assim se torna mais fácil administrar meus pensamentos e continuar na ativa. Confira:

"Vivarium" (2019) dirigido por Lorcan Finnegan (Sem Nome - 2016) é um filme que aborda de maneira peculiar a vida doméstica, os papéis e estereótipos que cada um carrega dentro desse modelo, as responsabilidades da maternidade, os compromissos da paternidade e o truque do tempo que absorve o cotidiano e faz envelhecer. É uma proposta criativa que prende o espectador junto da armadilha montada. 
Aviso: Poderá conter spoilers!
Quando o casal de noivos Tom (Jesse Eisenberg) e Gemma (Imogen Poots), à procura da casa perfeita para começar a vida juntos, conhecem um estranho corretor imobiliário, eles não pensam duas vezes quando são apresentados à Yonder, uma misteriosa vizinhança suburbana de casas idênticas. No entanto, logo eles vão perceber que estão presos em um pesadelo - tendo que criar uma criança de outro mundo.
Acompanhamos o jovem casal Tom e Gemma que pretendem iniciar uma vida juntos, numa visita a um empreendimento chamado Yonder são surpreendidos por Martin, um vendedor robótico e de sorriso contínuo, animados com a proposta vão até esse conjunto habitacional e se deparam com uma imensidão de casas iguais, inicialmente parece um sonho, mas aos poucos percebem não ser bem o que querem, mas Martin sumiu e ao tentarem sair não conseguem, sempre voltam para o mesmo lugar, cansados decidem ficar, mas por fim terminam num loop infinito, ainda mais quando do nada aparece uma caixa com um bebê dentro indicando que precisam criá-lo, daí a repetição se dá e rapidamente o vemos crescido com comportamentos bizarros, como imitar os trejeitos de Gemma e Tom, ele grita ininterruptamente quando quer ser alimentado, um show de horrores que perturbam o casal e os desestruturam psicologicamente. Tom entra numa espiral de que precisa cavar um buraco no quintal para que quem sabe ache uma saída, e Gemma aterrorizada com a criança sempre diz que não é a mãe dele, mas acaba o protegendo em muitos momentos, esse local perfeito é irritantemente falso, desde a grama ao céu com suas nuvens redondinhas, claro que percebemos que estão presos sendo cobaias, talvez de alienígenas que estão estudando e reproduzindo comportamentos, interessante que na superfície tudo parece ser idêntico, mas as emoções são mimetizadas, a história abarca questões sobre o conceito familiar, a estrutura frágil e rotineira, os papéis desempenhados para dar algum sentido, os filhos preenchendo o espaço e tomando toda a energia para no fim envelhecidos e sozinhos morrerem. É um filme estranho que gera agonia pela sua repetição, mas que faz pensar nos padrões estabelecidos, e que por mais que se quebre muitos deles ainda assim sem perceber copia-se e repete-se a grande maioria.

"Devorar" (2019) dirigido por Carlo Mirabella-Davis é uma obra repleta de camadas, um filme aparentemente bizarro, mas que disserta sobre questões femininas, do como a mulher é ainda vista, sobre seu suposto papel dentro da família e suas supostas obrigações, surpreendente o como a história te leva para meandros psicológicos angustiantes e reflexivos. 
Hunter (Haley Bennett) é uma dona de casa que engravidou recentemente e se vê cada vez mais viciada em se alimentar de objetos perigosos. Enquanto o marido e a família reforçam o controle sobre sua vida, Hunter deve enfrentar o segredo sombrio por trás de sua nova obsessão.
Acompanhamos Hunter e sua vida aparentemente perfeita, casada com o rico Richie (Austin Stowell), também convive com os sogros (David Rasche), (Elizabeth Marvel), a imensa casa é cuidada por ela e segue seus dias solitária e invisível, Hunter não possui voz própria nesse meio que está inserida, seus desejos são tolhidos, a expectativa da família é que ela engravide. Hunter é uma mulher infeliz e que por traumas passados conduz sua existência de maneira submissa, aos olhos do marido quer ser prefeita, foi ensinada a agradar, mas chega em um determinado momento que ela adquire uma compulsão em engolir objetos, como agulhas, bolinhas de gude, tachinhas e pilhas, ela gosta de sentir as texturas em sua boca e não o ato em si, como diz para a psicóloga contratada pela família após descobrirem no ultrassom que tinha outras coisas além do bebê em sua barriga. A gravidez indesejada só amplia suas angústias, aumenta a vontade de engolir os objetos e quando expelidos os guarda como um troféu, além disso traumas passados vêm à tona, despertam nela sentimentos perturbadores, ela pensa no como veio ao mundo, na complexidade de sua existência e sua inadequação naquela família que a tem apenas como uma boneca pronta para agradar-lhes.
Melancólico e sensível retrata a opressão que a mulher sofre para realizar as expectativas dos outros, a falta de controle sobre si mesma desencadeou sua compulsão, que não só faz paralelo com a gravidez, mas o ato de engolir e expelir e de guardar o objeto como um troféu seria um tipo de controle secreto, um desejo seu satisfeito, algo só dela. O filme amplia essas questões quando o trauma é inserido no contexto e percebemos que para ela sair dessa prisão é preciso muito mais do que foi retratado, mas com certeza um começo, resolver as pendências e se olhar com mais carinho, deixar o meio que a oprime e seguir livre. Além da originalidade da obra, sua estética e trilha sonora são incríveis e só agregam para gerar o terror vivido pela protagonista. Um ótimo filme que abrange questões femininas com autenticidade e une a tristeza e a beleza em pequenas e intensas dosagens.

sábado, 18 de abril de 2020

O Poço (El Hoyo) / A Casa (Hogar)

Segue a resenha de dois filmes espanhóis disponibilizados pela Netflix, inclusive os mais vistos do streaming, e não é à toa, já que tocam em temas essenciais, especialmente porque dialogam com a atualidade sombria e incerta em que estamos vivendo, desigualdade social, desemprego, isolamento, ambição desenfreada, conflitos sociais, etc, temas que valem a pena refletir e que fazem um paralelo profundo com a realidade.

"Existem três tipos de pessoas: as de cima, as de baixo e as que caem."

"O Poço" (2020) dirigido por Galder Gaztelu-Urrutia é um filme essencial, principalmente por causa da situação atual em que vivemos, ele retrata de forma cru e provocativa o quanto o ser humano se torna uma besta quando enclausurado necessitando sobreviver, repleto de metáforas e simbolismos, mas também direto em diversos momentos, não é fácil acompanhar o lado perverso e faminto da sociedade, a ambição desvairada e a falta de empatia e humanidade, o caos obviamente se instala usando artifícios que fazem o espectador refletir na sua própria condição, no meio em que está inserido e na sociedade em geral.  
Dentro de um sistema prisional vertical, os presos são designados para um determinado nível e forçados a racionar alimentos a partir de uma plataforma que se move entre os andares. Uma alegoria social sobre a humanidade em sua forma mais sombria e faminta.
Goreng (Ivan Massagué) acorda e depara-se com uma situação desconfortável, ele está preso numa espécie de prisão que possui um poço infindável, do qual uma plataforma se desloca levando comida entre os andares, sua companhia é o estranho e escroto Trimagasi (Zorion Eguileor), na parede o número é o 48 e segundo calcula vai até o 132, a dupla no início trava uma troca de diálogo interessante e aos poucos descobrimos mais sobre o lugar, o funcionamento acontece a partir do nível zero com a plataforma abarrotada de alimentos, ela vai descendo e os confinados comem o quanto querem até que ela vá para o próximo, sendo proibido guardar qualquer comida consigo, se isso ocorrer imediatamente o local esquenta ou esfria, Goreng escolheu entrar nesse experimento por vontade própria com a intenção de parar de fumar e levou consigo o livro "Dom Quixote", já seu companheiro escolheu levar uma faca auto-afiante, o que indica que se precisar sobreviver tem uma aliada. O banquete servido daria para todos se alimentarem, mas o que acontece é que dominados pela fúria, ambição e medo se empaturram fazendo com que não sobre absolutamente nada para os andares inferiores, o que gera violência, caos e morte. Goreng de tempos em tempos se muda de andar e experimenta tanto a tranquilidade de ter o que comer quanto a dor da fome, quando ele encontra Iomoguiri (Antonia San Juan), uma das administradoras do local ela lhe diz que a ideia do experimento era perfeita, mas que as pessoas estragaram tudo e tenta convencer os que estão no andar de baixo a racionar para que chegue alimento até o final do poço, mas obviamente cada um pensa somente em si e devora todas as comidas. Esse pensamento de dividir entra na mente de Goreng e obcecado com Miharu (Alexandra Masangkay), a estranha personagem que desce na plataforma em meio a comida para tentar encontrar sua filha e também por causa do próximo companheiro em outro andar, Baharat (Emilio Buale), que está a apenas seis andares do topo, se afia ao ideal de ir descendo nível por nível convencendo que comam somente o necessário, obviamente a violência entra em cena e traz à tona o animalesco no seu ponto mais alto. O filme é excelente em manter o espectador curioso e aflito, mas especialmente acerta ao incutir reflexões particulares a cada um, seja elas de cunho religioso, político-social, ou com mensagens de esperança e transformação em seu final, são simbolismos que afetam de maneiras diferentes e ganham camadas profundas. 
"O Poço" revela um sistema de isolamento em que é inviável a ação coletiva e quando essa regra é quebrada para acontecer uma possível transformação se dá através da violência e muito sangue, dai a frase: "a solidariedade nunca é espontânea". Uma potente crítica a diferença de classes, onde a ganância e a indiferença do topo prejudica quem está muito mais abaixo, por exemplo, ficamos sabendo do número real de andares lá pelo fim, ou seja, a invisibilidade da extrema miséria que acaba indo pelo único caminho, o da violência e morte. Sem dúvidas, uma obra para ser assistida outras vezes para captar ainda mais nuances que conversam com a realidade. Filmaço!

"A Casa" (2020) dirigido por Àlex Pastor e David Pastor (Vírus - 2009) é um suspense magnético que aborda de forma primorosa a obsessão e a paranoia pelo poder e sucesso. 
Javier Muñoz (Javier Gutiérrez) é um executivo desempregado que é forçado a vender seu apartamento. Quando ele descobrir que ainda tem as chaves, ficará obcecado pela família que agora mora lá e decidirá recuperar a vida que perdeu, a qualquer preço.
O protagonista é um homem que não se conforma com sua atual condição, antes um publicitário de respeito, agora um reles homem sujeito a qualquer tipo de trabalho, vide o momento em que ele não percebe estar sendo designado para um estágio não remunerado por um antigo colega, essas situações humilhantes vão se aglomerando e Javier vai as guardando de modo frio, principalmente quando é obrigado a se mudar por não poder bancar mais seu luxuoso apartamento, a sua esposa não vê problema em se mudar para um lugar mais humilde e seu filho é retratado como um menino retraído e isolado do resto. Acompanhamos então a recusa de Javier a seguir um outro tipo de vida, primeiro que ele mente em relação a vender seu precioso carro e começa a stalkear os novos moradores de seu adorado apartamento. Acontece que Javier ainda possui as chaves desse local, pois quando despediu em seu carro a empregada ela as jogou em cima dele, diante desse cenário não pensa duas vezes e espera toda a família sair e se infiltra na casa alheia. Começa a surgir sentimentos de inveja e obsessão, Javier se adapta a rotina da família e capta as fragilidades e começa a seguir Tomás (Mario Casas), se aproxima dele no grupo do AA e mente, se torna amigável e confiável, nesse meio tempo cada vez mais se familiariza e continua a adentrar o apartamento, arquiteta intrigas e deixa a sua própria família à mercê, sendo indiferente a sua esposa e filho. Ele cria seu roteiro e é fiel a suas paranoias, brinca com a vida do outro, seu desejo é a posição de poder e se aproxima do lado que está no topo. O desenrolar é permeado por cenas tensas e que incutem pensamentos acerca da moral, a não aceitação de um homem antes bem remunerado - talvez nem tenha sido grande em sua profissão, o que tudo indica é que teve sorte e boas relações - tendo que lidar com a realidade palpável de trabalhar para sobreviver. Ele não aceita esse cenário e diante das circunstâncias seu desejo é ascender e para isso pouco importa os entraves. É frio, hediondo e execrável, a pessoa que experimenta estar lá em cima e cultiva em si a ambição e cobiça ávida jamais aceitaria estar abaixo. Sua mente não trabalha nesse universo. O filme causa polêmica porque não tem um desfecho julgador e que dê lições, simplesmente esse tipo de pessoa existe aos montes e raramente se dá mal, acumula-se relações, troca de favores e permanece nesse lugar mesmo que dê sinais de sempre haver transtornos, como a ótima cena final da torneira pingando.
"A Casa" é uma obra que retrata o cerne da inescrupulosidade, e por isso que é tão incômodo e provocativo, nosso desejo de juiz vem à tona, mas claramente sabemos que a justiça não existe para essas pessoas. Sem dúvidas, um ótimo exemplar para evidenciar o quão doentio é a ânsia que domina a ganância e a sede do poder de estar acima sem se importar com quem está ao seu lado, mesmo que essa pessoa seja o seu próximo mais próximo. Para pensar e muito!

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Ad Astra

"Ad Astra" (2019) dirigido por James Gray (Z: A Cidade Perdida - 2016) é um filme belo visualmente e que propõe reflexões pertinentes sobre solidão, incertezas e vazio, e não é somente por explorar o espaço que essas sensações são ampliadas, mas, principalmente, por escavar a complexa mente humana. De atmosfera íntima e melancólica acompanhamos a grandiosa jornada de um homem pelo enigmático universo e, por consequência, o encontro de si mesmo.
Após um terrível acidente, um astronauta (Brad Pitt) recebe a notícia de que há algo misterioso ameaçando a sobrevivência de nosso planeta, algo que também está relacionado com o sumiço de seu pai (Tommy Lee Jones). Agora, ele recebe a missão de viajar para tentar solucionar este mistério, que tem segredos que desafiam a existência humana e nosso lugar no cosmos.
Imenso, triste e silencioso, a história foge das convencionalidades de filmes sobre espaço e traz além da beleza plástica bastante verossímil, vide aquele início espetacular em que o astronauta cai da torre de comunicação e fica girando na atmosfera, também reflete sobre questões íntimas do protagonista de maneira contida e inteligente, a sensação de angústia permeia a obra e inebria a cada cena, tanto pelas tomadas maravilhosas no espaço, como nas claustrofóbicas cenas na nave, e pela maneira que o protagonista se comporta diante a tudo, sempre controlado apesar de possuir sentimentos adversos.
Roy é um respeitado astronauta e é convocado para uma missão, pois estranhas emissões de antimatéria dentro do sistema solar estão afetando as fontes de energia da Terra, por incrível que pareça isso pode estar relacionado a seu pai desparecido e ao Projeto Lima, missão comandada por Clifford há mais de 15 anos para captar sinais de vida extraterrestre. Roy é frio e sereno e sabe ser certeiro ao tomar decisões em momentos tensos, uma exigência da profissão que acaba sendo uma tortura, e diante dessa missão precisará ter ainda mais controle, a jornada para reencontrar seu pai no espaço exigirá muito esforço interno, pois existe nele uma ambiguidade e complexidade de sentimentos em relação a esse homem, Roy nunca construiu elos afetivos e seus conflitos são obstáculos bem maiores do que sua longa e perigosa viagem a Netuno.

Brad Pitt está soberbo, um homem repleto de traumas que se mantém impenetrável e que exerce um controle sobre si mesmo capaz de nos deixar perturbados, sempre silencioso e melancólico acompanhamos seus sentimentos por meio de suas narrações, são nesses instantes que o conhecemos profundamente e muitas questões existenciais pungem.
O filme tem um tom sóbrio e fascina por diversos aspectos, especialmente pelo fato de se passar num futuro não muito distante e toda a ideia do espaço criada ser aceitável, como a colonização na lua demonstrando o capitalismo e a ganância do ser humano, o satélite é uma zona de turismo repleto de propagandas e franquias e também possui zonas de conflitos pela aquisição de recursos, Marte também foi colonizado e o retrato é muito interessante, pois existem salas que reproduzem a natureza da Terra, espaços minimalistas claustrofóbicos, mas, no entanto, curiosos. 

"Ad Astra" é introspectivo e lento, traz um vazio e um niilismo que machuca, retrata a busca do ser humano por algo grandioso, suas escolhas por muitas vezes egoístas, o afastamento de si mesmo, os conflitos de identidade, a ganância, a falta de sensibilidade, e a imensa e assustadora solidão.

terça-feira, 12 de novembro de 2019

A Luz no Fim do Mundo (Light of My Life)

"A Luz no Fim do Mundo" (2019) escrito, dirigido e protagonizado por Casey Affleck (A Ghost Story - 2017) é um filme intimista e bastante emocional sobre a jornada de um pai e sua filha em um mundo devastado por uma praga que aparentemente dizimou todas as mulheres do planeta, as consequências são expostas com muita sensibilidade focando no relacionamento afetuoso e protetivo, não se sabe como a praga começou e o porquê de Rag ser imune, claro que mais adiante surgem boatos de mulheres escondidas em bunkers, mas nada é esclarecido, acompanhamos a caminhada, a luta pela sobrevivência, o carinho e o amadurecimento.
Em uma realidade pós-apocalíptica, onde quase toda a população feminina foi devastada, um pai (Casey Affleck) precisa proteger sua filha (Anna Pniowsky) do caos que se espalhou pela sociedade. Ela é a única menina sobrevivente de que se tem notícia e, mesmo dez anos após a pandemia que tirou a vida de todas as mulheres, incluindo sua mãe (Elisabeth Moss), Rag e seu pai ainda precisam lutar diariamente por sobrevivência.
A afetuosidade e a proteção estão sempre em destaque, a cena inicial demonstra o quanto o pai zela e por mais que o cenário seja caótico ainda cultiva na menina sentimentos de inocência, constantemente com livros nas mãos e histórias para contar seguem se mudando quando percebem perigo eminente, apesar de Rag se vestir de menino sua pouca idade já é motivo para os homens interrogarem e desconfiarem, surgem boatos de mulheres escondidas sendo escravas sexuais, o medo é algo permanente e as mudanças se tornam cada vez mais cansativas, vemos ele ensinando como se esquivar e elaborar planos de fuga eficazes, a menina é ágil e esperta, mas está em fase de amadurecimento e também possui desejos próprios, como quando encontram uma casa e lá se estabelecem por um tempo e veste roupas de garota, seu desabrochar assusta o pai que não sabe muito bem como lidar mesmo tendo explicações para tudo. Ele precisa se mostrar forte e capaz a todo o tempo, mas nem sempre consegue achar saídas, chega em um ponto que necessita dizer que não sabe mais o que fazer, esse instante dramático acontece lá pelo final onde demonstra uma Rag amadurecida pelas dores e angústias e um pai fragilizado e incapacitado de agir. 

É um longa monótono, porém potente em seus longos diálogos e pausas reflexivas, é repleto de metáforas e sutilezas, também não deixa de ter momentos de tensão e uma crescente angústia, a relação paternal dita o tom e as dificuldades em mantê-la protegida são pontuadas a todo segundo, não há descanso e a menina ainda não entende direito os perigos, é um amadurecimento terrível e percebemos a sua mudança pelos gestos e olhares pelo decorrer, drástico o momento em que ela finalmente desabrocha para esse mundo e percebe profundamente que precisará ter muita coragem para inverter os papéis. 

"A Luz no Fim do Mundo" tem uma ambientação melancólica e possui um visual duro e belo em meio a natureza, toca em temas como luto, paternidade, amadurecimento, realidade violenta e amor, além de mostrar que independente de qualquer coisa o pai precisa deixar a filha escolher seu caminho e deixar sua personalidade fluir, também é reflexivo e simbólico ao colocar com sensibilidade o quão desequilibrado, caótico e violento se torna o mundo sem a figura feminina.

segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Bacurau

"Bacurau" (2019) dirigido por Juliano Dornelles e Kleber Mendonça Filho (Aquarius - 2016) é um filme instigante e essencial, sua mescla de gêneros aguça nossa curiosidade e imprime força a cada cena e diálogo, traz a representatividade nordestina, a cultura de um povo forte que jamais cede ou retrocede, a palavra que mais o resume é resistência. 
Pouco após a morte de dona Carmelita, aos 94 anos, os moradores de um pequeno povoado localizado no sertão brasileiro, chamado Bacurau, descobrem que a comunidade não consta mais em qualquer mapa. Aos poucos, percebem algo estranho na região: enquanto drones passeiam pelos céus, estrangeiros chegam à cidade pela primeira vez. Quando carros se tornam vítimas de tiros e cadáveres começam a aparecer, Teresa (Bárbara Colen), Domingas (Sônia Braga), Acácio (Thomas Aquino), Plínio (Wilson Rabelo), Lunga (Silvero Pereira) e outros habitantes chegam à conclusão de que estão sendo atacados. Falta identificar o inimigo e criar coletivamente um meio de defesa.
O filme aos poucos revela seus personagens, não há protagonismo, todos possuem seu espaço e importância, assim como o próprio lugar, Bacurau, cujo nome vem de um pássaro noturno, de repente, a cidade não se encontra mais no mapa e o único jeito de ensinar as crianças é utilizando um mapa confeccionado por eles próprios, algumas coisas estranhas vão acontecendo e a população já acostumada com a vida difícil como a questão da água acabam dando seu jeito, pois não há qualquer amparo do governo, unidas seguem suas vidas rejeitando o prefeito que quando aparece fazem questão de deixá-lo falando sozinho.
O clima do filme é de puro suspense e se desenvolve para um faroeste à la cangaço, além de flertar com a ficção científica, uma distopia nem tão distópica assim já que muito do que é mostrado revela não só da atualidade em que vivemos, mas sobre o como sempre foi com seu ciclo de injustiças, corrupção e violência, onde se aniquila o mais pobre e o considerado ignorante, as mazelas expostas são realistas e explícitas e, por isso, tão incômodas; o caos é familiar. Potente em sua mensagem e certeiro como entretenimento, um longa completo e brilhante em todos os sentidos, uma história que representa o país, há símbolos e metáforas pelo decorrer que vamos descobrindo juntamente com nuances de surrealismo, possui diálogos que enfrentam e marcam, certamente Bacurau veio na hora certa para nos fazer refletir o Brasil como um todo e tentar entendê-lo sem referências externas e preconceitos.

É um filme com um imenso poder de despertar pensamentos, mas isso não quer dizer que seja difícil de assistir, ao contrário, é um ótimo entretenimento, conversa e brinca conosco o tempo todo, os alívios cômicos são espontâneos e provocantes, inúmeras vezes se coloca em evidência clichês utilizados pelo brasileiro, por exemplo, que por morar em determinada parte do país se considere quase um europeu e despreza quem vive em regiões menos favorecidas, subestimam o diferente, uma clara falta de conhecimento em não saber da própria história, além de querer que o país copie o modelo estrangeiro enquanto eles riem, usufruem, apoderam-se e aniquilam.

O levante da população, a união em preservar a cultura e pelo embate começar de dentro da escola se faz intenso e impactante, quem não se arrepiar pela força e coragem dos habitantes de Bacurau está morto por dentro, é imensamente essencial para cada vez mais trabalharmos nossa lucidez nesses tempos tão obscuros e de estreitamento de ideias.
"Bacurau" pulsa resistência e representatividade, é força e emoção, uma obra bonita, provocante e alegórica. 

terça-feira, 4 de junho de 2019

High Life

"High Life" (2018) dirigido por Claire Denis (Deixe a Luz do Sol Entrar - 2017) não é um filme de meio-termo, ou ele gera encantamento ou aborrecimento, a história explora o espaço de forma diferente da usual e capta toda a complexidade das relações humanas, é bastante imersivo e reflexivo, divaga sobre a solidão, o vazio e a decadência da existência humana.
Um grupo de criminosos aceita um acordo para trocar suas penas pela participação em uma missão espacial à procura de energias alternativas, mas a viagem toma rumos inesperados quando uma tempestade de raios cósmicos atinge a nave.
Acompanhamos Monte (Robert Pattinson), sozinho em uma nave espacial rodeado apenas por uma desolação assustadora e um silêncio profundo, ele cuida de sua bebê, Willow, enquanto mantém uma rotina para dominar o desespero, a narrativa inicial intriga com seus mistérios e aos poucos a história vai se descortinando, a linha do tempo se quebra a todo instante para que compreendamos os motivos de Monte estar solitário na nave. A tripulação desta nave, todos condenados à pena de morte, tiveram a escolha de poder participar de uma experiência espacial cuja missão era encontrar o buraco negro mais próximo da Terra, na esperança de obterem liberdade se deparam com um imenso vazio cruel e bizarro, entre eles está a líder, Dra. Dibs (Juliette Binoche), perversa ela utiliza todos como cobaias para suas experiências de inseminação artificial, Monte é o único que se priva e mantém uma disciplina para controlar seus desejos sexuais, o restante regularmente se satisfaz e tomam medicações, enquanto isso observamos as relações que se tornam cada vez mais tensas e insanas dentro da nave, o instinto de sobrevivência, a maneira de se encarar os desejos e a obsessão por reprodução de Dibs vão sugando a vida de cada um, o único elo ainda com a Terra é um jardim que é capaz de resgatar as emoções, mas aos poucos isso também vai sendo deixado de lado por quase todos. Impressiona a visceralidade poética das cenas, até mesmo nas mais esquisitas e violentas. Acaba que Monte sem querer se torna pai, a insana Dibs o entorpece e coleta o seu sêmen e o introduz em Boyse (Mia Goth), que repelia esses processos, a Dra. acreditava que eles dois tinham a melhor genética. Isso detona Boyse e logo após o nascimento entra numa espiral de desespero, ela não consegue lidar e só deseja sair disso tudo, seu desfecho é um dos mais perturbadores, a cena é realmente petrificante. A desesperança e a onda de violência toma conta de vez e os tripulantes não dão conta de suportar mais esse ambiente claustrofóbico, vemos os desfechos de cada um acontecendo e o único a manter-se é Monte, cuja responsabilidade com Willow cultiva um fino fio de esperança.

Claire Denis entrega um filme de ficção científica fora dos padrões, não há o tão característico sentimento de conquista por algo, mas sim a sensação de abandono e a reflexão das ações dos seres humanos, sejam elas medíocres ou afetuosas e, claro, também de nossa pequenez diante o universo. Hipnotiza pelo charme e gera angústia pelas atrocidades, além de promover dúvidas e colocar-nos a refletir na existência humana e todos os seus conflitos de emoções; as cenas do espaço e sua imensidão são bem bonitas, as estrelas, o escuro, e o buraco negro ao final impressionam. Robert Pattinson está maravilhoso como o calado e disciplinado Monte, ele mescla momentos de apatia e esperança, sua relação com Willow encanta, seu instinto paternal em meio à desolação, a rotina que o mantém vivo também é capaz de levá-lo à loucura, são nuances interessantes e que deixam muitas perguntas e abrem questionamentos diversos, não é à toa que quanto mais se pensa na história mais intrigante fica.

"High Life" proporciona momentos únicos e arrebatadores a cada espectador, e ao fim ficamos perdidos com uma mescla de agonia e suavidade, sem dúvidas, um filme provocante, denso e primoroso. Vale mencionar a bela e atmosférica trilha sonora e destaque para a canção "Willow", interpretada por Robert Pattinson.

terça-feira, 17 de julho de 2018

O Culto (The Endless)

"O Culto" (2017) dirigido por Aaron Moorhead e Justin Benson (Spring - 2014) tem na abertura uma citação de Lovecraft, que diz: "A emoção mais antiga e mais forte da humanidade é o medo, e o mais antigo e mais forte de todos os medos é o medo do desconhecido", e é na atmosfera de criaturas lovecraftianas que o filme se inicia, mas não se engane com o que parece ser simplesmente uma seita de adoração a seres extraterrestres, pois a história é uma reflexão contundente sobre a existência, as repetições, a rotina e o conformismo, de maneira intrigante o roteiro vai se desnovelando, porém sem dar respostas concretas, a percepção é individual.
Dois irmãos, Justin e Aaron, foram criados num culto religioso do qual fugiram quando Justin percebeu a possibilidade da ocorrência de um suicídio em massa. Dez anos depois recebem uma mensagem em vídeo bastante enigmática. Nela, um membro do culto fala de uma "ascensão" iminente e então resolvem regressar ao local aonde eram realizados os cultos em busca de respostas. Mas, ao chegarem, descobrem que o "culto" pode afinal não ser o que pensavam e começam a duvidar, inclusive, se serão bem-vindos.
Após anos longe da comunidade, que supostamente envolvia o suicídio em sua seita, o irmão mais novo Aaron contaminado pelo tédio da vida comum resolve depois de receber uma fita em vídeo falando sobre a "ascensão" voltar com o irmão para descobrir algo, ao chegarem se espantam com a aparência dos membros e, principalmente, Aaron decide que quer ficar, pois acredita que o ar puro, a comida e o modo de vida ali dê algum sentido na vida, com o passar dos dias as atitudes estranhas de todos e sinais confusos da natureza deixam Justin receoso, enquanto Aaron deseja permanecer, os dois cada um com uma perspectiva diferente irão explorar o lugar e acabam se deparando com situações inesperadas e intrigantes. 
O filme carrega uma atmosfera mística de terror e há bastante de ficção científica e fantasia, além do drama que o envolve, muitas metáforas permeiam a obra e a dupla de diretores que desdobram em inúmeras funções conseguem transportar o espectador para esse lugar misterioso e envolvente e dele extrair reflexões existenciais. 

O filme caminha para questões filosóficas, não fica somente nos mistérios que envolvem a seita e as criaturas extraterrestres, existe algo mais poderoso, justamente o desconhecido que fascina e amedronta o ser humano, a busca por respostas dos irmãos só acrescenta na narrativa e amplia as percepções quando se abrem as teias de linhas temporais, os ciclos infinitos, o eterno retorno; a rotina. A angústia e o desespero tomam conta dos irmãos que já não sabem exatamente aonde se encaixam nisto tudo, ao mesmo tempo cresce a curiosidade em tentar prosseguir nesse emaranhado e descobrir algum modo de fugir dali. O que se sucede cabe a cada um interpretar.

"O Culto" é um interessante filme que não fica apenas na fantasia, é um tanto louco pensar nesse processo cíclico em que vivemos, na rotina tediosa e que apesar de buscarmos formas de quebrá-la sempre retornamos a ela, como uma espécie de força que nos impulsiona para o mesmo. Causando um misto de estranhas sensações somos compelidos a refletir sobre essas questões. Um ótimo exemplar de horror/sci-fi que fisga pela inventividade e potência reflexiva. 

*Há uma conexão com um filme anterior dos talentosos Aaron Moorhead e Justin Benson, o também instigante "Resolution" (2012).

terça-feira, 20 de março de 2018

15 Filmes Confusos (Mindfuck Movies)

Segue uma lista de filmes que deixam o espectador com incômodo na mente tentado buscar teorias que expliquem a trama, a mistura de gêneros é uma característica das obras "mindfuck", geralmente há suspense, thriller, drama e ficção científica, e todo o desenvolvimento não linear alternando entre a realidade e o reino da imaginação fazem com que metade ame e a outra metade odeie esse estilo de filme. Selecionei os que adoro excluindo os mais conhecidos, como "Clube da Luta", "A Origem", "Donnie Darko", "Sr Ninguém", "Cidade dos Sonhos", "Oldboy", entre outros, foi difícil deixá-los de lado, porém preferi incluir alguns longas que não são tão conhecidos, mas que desafiam e dão um belo nó na mente. 

15- "O Homem que Incomoda" (Den Brysomme Mannen - 2006) Islândia/Noruega
Andreas (Trond Fausa Aurvaag) desembarca numa cidade estranha sem lembrar como chegou ali. É recebido de forma cordial e inicia uma vida regrada, com trabalho, casa e até uma mulher encantadora. Mas rapidamente percebe que tem alguma coisa errada neste mundo perfeito. As pessoas não parecem sentir emoções genuínas e só falam de trivialidades. Ele tenta escapar da cidade mas descobre que não tem saída. Isso até conhecer Hugo, que achou uma fissura no porão de casa, através da qual se ouve uma bela música. Seria esta uma comunicação com o “outro lado”? 

14- "O Amante Duplo" (L’Amant Double - 2017) França
Chloé (Marina Vacht) é uma mulher reprimida sexualmente que, constantemente, sente dores na altura do estômago. Acreditando que seu problema seja psicológico, ela busca a ajuda de Paul (Jérémie Renier), um psicólogo. Só que, com o andar as sessões de terapia, eles acabam se apaixonando. Diante da situação, Paul encerra a terapia e indica uma colega para tratar a esposa. Entretanto, ela resolve se consultar com outro psicólogo, o irmão gêmeo de Paul, que ela nunca tinha ouvido falar até então.

13- "Frequencies" (OXV: The Manual - 2013) Austrália/UK
Em uma realidade alternativa, as crianças aprendem desde cedo que a sorte guia os seus passos e que o conhecimento é a única forma de moldar os seus destinos. Quando um rapaz, reconhecidamente azarado, se apaixona por uma menina que não corresponde ao seu status, ele irá buscar resolver um grande mistério para receber o upgrade em seu destino. 

12- "Cores do Destino" (Upstream Color - 2013) EUA
Um homem e uma mulher são unidos através de um organismo e, a partir daí, suas reais identidades se tornam uma verdadeira ilusão enquanto eles lutam para reunir os fragmentos de suas vidas destruídas. Saiba+

11- "Medo" (Janghwa, Hongryeon - 2013) Coreia do Sul
Duas irmãs voltam para casa após passar um tempo em um internato. Elas são recebidas de braços abertos pela madrasta, que logo depois se mostra uma mulher cruel. Aos poucos, acontecimentos perturbadores vão deixar os nervos à flor da pele. Todos escondem um mistério horripilante. Há outras almas presentes no ar. Almas que não estão em paz.

10- "O Homem Duplicado" (Enemy - 2013) Canadá/França/Espanha
Adam (Jake Gyllenhaal) é um professor de história que leva uma vida monótona, até que descobre a existência de Anthony (Jake Gyllenhaal), um ator de pouco destaque que é fisicamente idêntico a ele. A partir de então, Adam cria uma verdadeira obsessão pelo seu sósia, e passa a persegui-lo em busca de respostas. Saiba+

09- "Viagem Alucinante" (Enter the Void - 2009) França

Oscar e Linda vivem atualmente em Tóquio. Ele sobrevive através de pequenos negócios como traficante e ela como uma stripper em uma boate. Durante um ataque policial, Oscar é atingido por uma bala. Enquanto está morrendo, seu espírito, fiel à promessa que Oscar fez à irmã de nunca desistir, se recusa a deixar o mundo dos vivos. Sua mente, então, viaja pela cidade e suas visões começam a ficar cada vez mais caóticas e apavorantes. Passado, presente e futuro se misturam em um redemoinho alucinante.

08- "A Dupla Vida de Véronique" (La Double Vie de Véronique - 1991) França
Duas mulheres de 20 anos moram muito longe, mas parecem estranhamente estarem conectadas. Weronika é polonesa e sonha em entrar para uma academia de música, e quando ela finalmente consegue a vaga, ela morre na sua primeira apresentação. A partir desse momento, Véronique, que é francesa e mora em Paris, decide largar as aulas de música e acaba por se envolver com um manejador de marionetes.

07- "Motores Sagrados" (Holy Motors - 2012) França
Oscar (Denis Lavant) transita solitário em vidas paralelas, atuando como chefe, assassino, mendigo, monstro, pai… Mergulha profundamente em cada um dos papéis e é transportado por Paris e arredores em uma luxuosa limusine, comandada pela loira Céline (Edith Scob). Ele é um homem em busca da beleza do movimento, da força motriz, das mulheres e dos fantasmas de sua vida. Saiba+

06- "Tudo Estará Bem" (Alting Bliver Godt Igen - 2010) Dinamarca
Um escritor-roteirista, Jacob Falk, conhecido por ficar obcecado com suas próprias histórias, depara-se com fotografias de prisioneiros de guerra que foram torturados por soldados dinamarqueses no Iraque. Suspeitando de uma conspiração política, Falk cai em uma perseguição frenética para revelar o mistério por trás das fotografias e ele descobre uma verdade mais preocupante do que ele imaginava. Saiba+

05- "O Incidente" (El Incidente - 2014) México
Após um confronto, dois irmãos e um detetive da polícia tentam fugir de um prédio e descobrem que a escadaria se repete infinitamente e não tem saída. O mesmo incidente acontece com uma família em viagem de férias, que acaba presa num trecho da estrada e retorna sempre ao mesmo ponto de partida. Dois episódios aparentemente sem relação conectados por um misterioso looping temporal, que faz com que a realidade se repita infinitamente. A única saída é seguir em frente. Saiba+

04- "Símbolo" (Shinboru - 2009) Japão
Um homem acorda e percebe que está misteriosamente preso em uma sala retangular branca e vazia, vestido com um pijama de bolinhas amarelas. Enquanto isso, em uma cidade empoeirada do México, um lutador mascarado conhecido como Homem Escargot se prepara para uma partida importante. Em meio a excessos ridículos, o suspense aumenta quando o prisioneiro sem nome está perto de escapar e Escargot prestes a entrar no ringue.

03- "O Lamento" (Gokseong - 2016) Coreia do Sul
A chegada de um misterioso estranho (Jun Kunimura) em uma aldeia tranquila coincide com uma onda de assassinatos cruéis, causando pânico e desconfiança entre os moradores. Quando a filha do oficial de investigação Jong-Goo (Kwak Do-won) cai sob a mesma magia selvagem, ele chama um xamã (Hwang Jung-min) para ajudar a encontrar o culpado. Saiba+

02- "O Operário" (The Machinist - 2004) Espanha/EUA
A última vez em que Trevor Reznik (Christian Bale) dormiu foi há um ano, sendo que desde então o cansaço vem destruindo progressivamente sua saúde física e mental. Ele trabalha numa fábrica operando maquinário pesado, e faz de tudo para manter seu emprego. Envergonhado por causa de seu problema, Trevor isola-se cada vez mais, tornando-se paranóico. Depois de se envolver em um acidente no trabalho em que um homem perde um braço, Trevor começa a crer que seus colegas estão conspirando para demiti-lo. Ele precisará lutar não apenas para se manter no cargo, mas também para manter a sanidade.

01- "Amnésia" (Memento - 2000) EUA
Após um assalto que resultou na morte de sua esposa e que o deixou em estado gravíssimo, Leonard Shelby (Guy Pearce) passa a sofrer de amnésia recente. Ele não consegue se lembrar de fatos que aconteceram há 15 minutos. Mesmo assim ele decide ir atrás do assassino de sua mulher e se vingar.