sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

1001 Gramas (1001 Gram)

"A carga mais pesada da vida é não ter nada para levar."

"1001 Gramas" dirigido por Bent Hamer (Caro Sr. Horten - 2007) é um filme interessante, porém pode não chamar tanta a atenção por conta do tema inusitado e a narrativa lenta, mas em seu desenrolar acaba surpreendendo e metaforiza de maneira incrível sobre os pesos e as medidas da vida.
Divorciada recentemente, a cientista norueguesa Marie (Ane Dahl Torp) segue rigidamente o roteiro de seu trabalho. O orgulho do instituto de medida onde trabalha é um quilo de peso perfeito, modelo para todas as medições do país, que Marie deve levar para uma grande conferência na França. É sua primeira vez no evento, e a primeira vez que seu pai, colega seu e uma lenda entre cientistas, não vai estar presente. Quando uma emergência familiar abala Marie, ela se vê forçada a encarar novos universos.
Marie tem uma vida toda equilibrada, mas se sente só, seu único contato é com o pai, um famoso cientista e companheiro de trabalho, ela é uma pessoa fria e triste, seu ex-marido está aos poucos levando todos os móveis de sua imensa casa, o que caracteriza um vazio que se nega a enxergar. Sua única distração é visitar seu pai na fazenda, porém as coisas pioram quando ele adoece e para continuar a seguir o desejo dele vai até a França para a convenção dos quilos. Lá, ela conhece Pi (Laurent Stocker), que deixou as certezas e os números de lado para encarar as possibilidades da vida. Os melhores diálogos do filme se dão no momento em que o dois estão juntos. 
É um longa que demora a chegar até nós pela distância da protagonista, mas em determinado momento isso muda e compreendemos Marie, e até nos emocionamos em algumas cenas. Vale ressaltar a belíssima fotografia que prima pelo azul, dando um aspecto glacial em sua primeira parte, e a sutil e excelente trilha sonora. 
"1001 Gramas" retrata a dificuldade de se lidar com as emoções, as dores e o luto, por vezes o silêncio aterrador assume e em outras reflexões importantes surgem. A vida necessita do desequilíbrio, pois é assim que aprendemos e seguimos em frente.

Destaque para a cena da banheira ao final, onde observamos a transformação de Marie, é delicioso e satisfatório. A discussão em torno do peso real do quilo é uma bela metáfora, nos põe a refletir em quais medidas queremos basear nossas vidas.
A vida é repleta de alternativas, não faz sentido se prender a regras e padrões, é preciso errar e sofrer para aprender, crescer e se transformar. A medida exata é não ter medida!

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Táxi Teerã (Taxi)

"Táxi Teerã" dirigido por Jafar Panahi (O Balão Branco - 1995, Ouro Carmim - 2003, Fora do Jogo - 2006), um dos mais influentes diretores da New Wave iraniana, traz neste longa diversas questões que rondam as sociedades islâmicas, uma importante obra já que ele está proibido de conceber filmes desde 2010, com a alegação de que seus filmes vão contra o regime. Panahi lançou "Isto não é um Filme" em 2011 e "Cortinas Fechadas" em 2013 de forma clandestina. 
Em 2010 Panahi desagradou às autoridades iranianas ao apoiar Mir Hussein Mussavi, o candidato oposicionista, na eleição presidencial de junho de 2009. Posteriormente, sua casa foi invadida, e a sua coleção de filmes, tachada de "obscena", foi apreendida. O cineasta foi preso em março de 2010 e, durante seus 88 dias de detenção, fez greve de fome. Com a mobilização de várias personalidades foi liberado após pagar fiança, mas foi proibido de produzir filmes, dar entrevistas e sair do país durante 20 anos.
"Táxi Teerã" (2015) é uma obra de ficção, embora Panahi interprete ele mesmo, é uma espécie de falso documentário, algumas cenas dão a entender que são combinadas e roteirizadas e outras, no entanto, parecem ser naturais e realísticas. 
O valor desse trabalho de Panahi, que não é simplesmente apenas um diretor, mas um ativista que não desiste diante a um regime opressor que dita regras absurdas é imenso e certamente ficará marcado, ele está transformando de alguma maneira, trazendo à tona as barbaridades e refletindo sobre essas imposições asquerosas.
O diretor dirige um táxi pelas ruas de Teerã e a narrativa se desenvolve conforme os passageiros, na primeira já vemos uma mulher e um homem discutindo sobre a pena de morte, na outra um vendedor de Dvds pirata de cara reconhece Panahi e o questiona se os passageiros anteriores eram atores ou não. Há pontas de um sutil humor, como quando o vendedor de Dvds vai até um rapaz que diz estudar cinema, e este nervoso com a presença de Panahi começa a escolher clássicos ao invés dos blockbusters, que segundo o vendedor foram os seus pedidos. Em dado momento, o diretor diz que toda obra é válida. Ele segue seu percurso sempre com um semblante muito ameno e um leve sorriso estampado. Depois vem um cara todo ensanguentado e sua mulher aos berros diz que ele está morrendo, Panahi empresta seu celular para que façam um testamento, logo em seguida é a vez de duas senhoras revelando um misticismo envolvendo peixes, e a parte mais interessante é com a sobrinha do diretor, que está tentando fazer um filme distribuível, a menina muito eloquente revela, na verdade, o que o diretor quer dizer mas que é proibido, sobre a censura do país, ela lê uma lista das coisas que não podem ter em um filme.

Outro ponto interessante é quando encontram a advogada, amiga de Jafar, eles falam sobre o episódio de uma moça que foi presa por estar em um estádio, a advogada comenta que ela está fazendo greve de fome, aí lembram da prisão dele também. Ela muito simpática e contundente pede para que retire suas palavras, caso contrário, seu filme será acusado de realismo sórdido. Os episódios fazem referências à suas obras anteriores, e é inegável a importância delas para o cinema iraniano.
Inteligente e desafiador, "Táxi Teerã" é simples, mas impressiona por sua capacidade expressiva ao colocar as imposições da sociedade iraniana, é um belo retrato, apesar de sentirmos revolta em boa parte, mas é uma oportunidade de incentivar a mudança. Jafar Panahi é um ser humano exemplar e merece todo o reconhecimento por suas obras engrandecedoras.

Há apenas duas câmeras instaladas no carro e o filme todo se passa neste cenário, uma forma de transmitir ao espectador uma sensação de clausura, assim como todos naquele país se sentem. A censura está em todos os segmentos da vida e as consequências dela são desastrosas. 
"Táxi Teerã" tem uma forte crítica social e política, adentramos e conhecemos através do táxi de Panahi vários aspectos da sociedade contemporânea iraniana. Ao invés de Jafar Panahi aceitar a se refugiar em outro país, ele continua no seu para expressar sua indignação pela falta de liberdade de maneira clandestina. Inteligentemente bem feito é um filme simples, reflexivo e necessário.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

O Quarto de Jack (Room)

"O Quarto de Jack" (2015) dirigido por Lenny Abrahamson (Frank - 2014) é baseado no best-seller "Room", escrito por Emma Donoghue. É um filme que contém uma carga dramática intensa e surpreende pela atmosfera criada. O ideal seria não saber muito sobre o filme, particularmente teve grande impacto sobre mim por conta disso, não conhecia o livro e li somente a sinopse, que conta a história de Jack (Jacob Tremblay), um menino que acaba de completar cinco anos, e que é criado por sua mãe, Joy (Brie Larson). Como toda boa mãe, Joy se dedica a manter Jack feliz e seguro e a criar uma relação de confiança com ele através de brincadeiras e histórias antes de dormir. Contudo, a vida dos dois não é nada normal: eles estão presos em um espaço minúsculo apenas com uma claraboia.
A sensação causada é de angústia, o inocente garotinho não sabe da existência de um mundo exterior, não tem ideia do que existe, para ele aquele quarto é o mundo, o restante, o que vê na TV é apenas de mentira. O espaço mínimo é muito bem utilizado, a câmera explora todos os objetos e cantos, sabe aquela impressão de que tudo é grande quando somos crianças? 
Jacob Tremblay faz nosso coração ficar apertado, uma atuação segura para uma criança, realmente excelente. Seu personagem é um garotinho esperto, mas ingênuo, com seus longos cabelos passa os dias comendo cereal, assistindo TV, imaginando, e dormindo no armário. Brie Larson (Short Term 12 - 2012) é intensa, de cara lavada e com aspecto adoentado, ao mesmo tempo que parece frágil possui uma força interior muito grande, Jack é a força que a move.
O filme não é um suspense, mas sim um drama psicológico, a história se desenrola rápido, a curiosidade do garoto começa a aumentar sobre o mundo lá fora, e Joy que também é chamada de Ma, vai introduzindo aos poucos na cabecinha dele as coisas existentes lá fora, até que um dia ela decide fugir desse quarto com a ajuda do filho. O filme é dotado de cenas emocionantes e o como é importante cultivar os sonhos em momentos de grandes dificuldades. O amor que Joy sente por seu filho lhe dá a capacidade de transformar a situação.

"O Quarto de Jack" exibe cenas bastante tensas que faz o coração acelerar, mas também há instantes ternos e cheios de poesia, por exemplo, a maneira como Jack vê e explica as coisas a nós.
Os momentos de confusão em Joy na segunda parte do filme e o profundo sofrimento ao ter de lidar com tudo a sua volta é muito complexo e exige demais de si. Já Jack vai renascendo aos poucos, descobrindo o mundo e como sempre sendo a força de sua mãe.
Com uma forte narrativa e atuações sensíveis, "O Quarto de Jack" desperta diversos sentimentos, como raiva, dor, tristeza, angústia, alegria e esperança. Um belo filme e certamente inesquecível!

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Queda Livre (Szabadesés)

"Queda Livre" (2014) dirigido pelo interessante diretor húngaro György Pálfi (Taxidermia - 2006) é uma mescla de absurdo, ironia e fantasia. É incrível que seu filme seja ao mesmo tempo belo e grotesco. A tristeza está disfarçada de cinismo, há inúmeras críticas, mas pela surrealidade fica difícil acertar o que de fato quer dizer. O filme reúne algumas histórias a partir do suicídio malsucedido de uma velha (Piroska Molnar), ela se joga do alto do prédio de onde mora, mas se levanta e junta suas coisas. Ao ver o elevador quebrado precisa subir os sete lances de escada, e daí a cada andar conhecemos as figuras que habitam o local e suas excentricidades.
É humor negro que não acaba mais, o diretor oferece ao espectador uma visão bizarra e ampliada do como o ser humano se comporta, os contos são todos interligados e a beleza fica por conta da fotografia, cada um tem a sua paleta de cores e ângulos diferenciados, além da trilha sonora eletrônica de Amon Tobin que intensifica toda a estranheza.
No primeiro conto observamos um guru tentando fazer seus alunos acreditarem no poder da mente podendo até ultrapassar uma parede. Como em todos os outros as possibilidades de interpretação são abertas, somos atraídos a prestar atenção e a desvendar os significados que refletem na sociedade em que vivemos. Na segunda história temos uma festa de cantores líricos, cuja anfitriã está nua, ela recebe os convidados enquanto o marido a apresenta a homens que a elogiam, aqui fica fácil perceber que a nudez dela significa invasão, o desconforto pelos olhares e também pelo marido a deixar de lado. Na terceira há o casal com fobia de germes, para se tocarem se enrolam em papel filme, a paranoia pela qualidade de vida chega ao ponto da obsessão.

O quarto episódio e mais escrachado de todos é em formato de sitcom, com direito a claque de risos, a mulher divide o apartamento com dois homens que se comportam como crianças, uma perfeita e dolorida alfinetada nesses programas imbecis que são exibidos aos montes. Na quinta história é sobre uma mulher que se submete a uma cirurgia que coloca seu bebê para dentro do útero novamente, ao meu ver é uma maneira bem surreal de abordar o aborto. Na sexta um menino que sofre bullying dos pais, alimenta seu medo na forma de um gigantesco boi parado a sua frente.
Acompanhamos a velha subir as escadas em total cansaço, seja o físico ou psicológico, o longa tem muitas passagens surreais e absurdas, mas que conversam com situações reais, toda a depressão é refletida com acidez e rimos dela. 

"Queda Livre" é um longa especial, caprichado e que exige atenção do espectador, mas em nenhum momento se torna cansativo ou chato, é super atrativo, envolvente, e enigmático. 

sábado, 16 de janeiro de 2016

Body (Cialo)

"Body" (2015) da polonesa Malgorzata Szumowska (W Imie - 2013) é um filme que a princípio pode causar um certo estranhamento em relação ao tema, mas é um sensível retrato do como as pessoas lidam de diferentes formas diante ao luto. A diretora utiliza também um tom cômico, mas o drama jamais perde sua força, as personagens são convincentes e geram bastante desconforto, é difícil encarar as suas dores.
Um perito criminal (Janusz Gajos) e sua filha (Justyna Suwala), que sofre de anorexia tentam lidar com a morte da pessoa mais próxima que eles tinham. Já no início percebemos o quão diferente é a sua abordagem, enquanto o perito examina o local que uma pessoa se enforcou, esta de repente se levanta e sai andando, deixando todos atônitos. É claro, precisa-se ter certo desprendimento e saber que o filme fala por meio de metáforas.
O espiritismo em certo ponto exerce grande influência sobre pai e filha, mesmo que ele seja cético se dá o direito de questionar algumas coisas, Anna (Maja Ostaszewska), a terapeuta de Olga, é médium, e é ela que vem para despertar nele sentimentos escondidos, Anna revela que a sua esposa tem uma mensagem pra ele e então o perito começa a perceber "sinais". Acostumado a lidar com corpos diariamente, é distante da filha que tenta chamar sua atenção provocando o vômito após ingerir comida, Olga é frágil, seus desabafos na terapia dilaceram nosso coração.
Anna é problemática, sozinha ela passa seus dias a cuidar das meninas anoréxicas e ajudar as pessoas que perderam seus entes queridos com mensagens psicografadas. Sua personagem poderia soar caricata, mas é de uma beleza delicada, parece perdida e se sustenta na sua crença. O filme mescla drama, comédia, crítica e sobrenatural de maneira envolvente, os sentimentos retratados são fortes e demonstram o como as pessoas lidam com a morte de forma muito pessoal. Mas a possibilidade de reorganizar a vida surge, incluindo reaver sentimentos e se reaproximar de quem também sente a dor.

A anorexia de Olga é a forma dela dizer que está sofrendo ao seu pai, ela demonstra pelo corpo o seu luto e a repulsa que sente por ele, que lida de forma fria em relação a morte. A cena de perícia no banheiro, onde encontra o corpo de uma criança exemplifica o quão blindado está. Porém, ele sofre também, mas em silêncio e bebendo cada vez mais. Já Anna tenta externar seu instinto materno com as garotas, a perda do filho ainda bebê a persegue e influencia no seu comportamento, essa tragédia a reprimiu, o modo como se veste e se comporta diz muito. É uma personagem complexa, interessante e que vê na mediunidade uma saída para si e para os outros.
O elenco está incrível, a entrega da estreante Justyna Suwała, as nuances de Maja Ostaszewska e o talento de Janusz Gajos conseguem extrair dessa história beleza, inteligência, comicidade e delicadeza.

Lá pelas tantas o Brasil é citado, Anna explica ao cético perito que o Brasil possui a maior comunidade espírita, com cerca de 2 milhões de seguidores, cita Divaldo Franco e diz ainda que aqui há menos indiferença à dor e ao sofrimento do que na Polônia.
"Body" é um filme curioso, a direção de Malgorzata é sublime, a narrativa impressionante ao abordar a morte e os reflexos do luto, e o final fecha com uma cena lindíssima, a fragilidade, os olhares compartilhados, as sutilezas de gestos, e o recomeço.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Melhores Álbuns de 2015

Segue a lista dos álbuns musicais lançados em 2015 que mais adorei e ainda adoro escutar, é uma seleção pessoal e diversificada. Não acompanho lançamentos, mas esse ano me deparei com obras maravilhosas, especialmente brasileiras. Foi um ano que descobri novas sonoridades, abri horizontes e mergulhei em variados gêneros. Todos os listados são trabalhos sensacionais e merecem reconhecimento.

15- Heartless Bastards - Restless Ones
Heartless Bastards é uma banda americana, cujas canções são uma mistura de rock, blues e country, as melodias do quinto álbum são apaixonantes, melancólicas e poderosas. A intensidade em "Restless Ones" domina, o vocal de Erika Wennerstrom é o grande atrativo, seu timbre é cortante mas doce, a bateria é marcante e as guitarras fundem-se com o vocal. As dez faixas são incríveis, deliciosas. A atmosfera desse álbum realmente impressiona. Confira "Restless Ones".

14- Chris Cornell - Higher Truth
Chris Cornell (Soundgarden, Audioslave) é um cara que sabe inovar, dessa vez nos entrega um álbum acústico com dezesseis faixas, as músicas são acompanhadas por batidas e viradas de bateria em estilo percussivo, dedilhados incríveis no violão, e ainda conta com piano, baixo e alguns efeitos. "Higher Truth" só confirma a genialidade de Cornell como artista, talentoso letrista e um poderoso vocalista, ele não deixa o grunge de lado, mas explora todos os seus lados, são dezesseis músicas inéditas e bem produzidas. Ouça "Higher Truth".

13- Leon Bridges - Coming Home
Leon Bridges, grande revelação de 2015 lembra ícones da soul music, como Ottis Redding e Sam Cook. Nascido no Texas, seu sucesso aconteceu rápido, após disponibilizar algumas músicas na internet. "Coming Home" é seu primeiro disco e já recebeu inúmeros elogios da crítica. O seu estilo retrô nos faz viajar no tempo, as letras falam de amor, natureza e soam poéticas, pueris. Não há nada de moderno em seu álbum. Emocional e nostálgico, Leon Bridges merece nossa atenção por se destacar em um mundo completamente destoante de sua música. Deixe-se levar pelas canções de "Coming Home".

12- Ludovico Einaudi - Taranta Project
Ludovico Einaudi, grande compositor e pianista italiano, conhecido por suas trilhas sonoras em filmes, assumiu esse projeto com vários músicos, juntamente com a orquestra de Taranta, em Salento, na Itália. "A Noite de Taranta" é o maior festival na Itália e um dos eventos mais significativos sobre a cultura popular na Europa. É dedicado especificamente à redescoberta e valorização da música tradicional de Salento e sua fusão com outras linguagens musicais, a partir de world music ao rock, do jazz à música sinfônica. Inspirado, Ludovico então lança o "Taranta Project", um álbum de estúdio que traz a sensação do espetáculo, que inclui o ecletismo musical, desde a música do norte da África a da Turquia. Uma preciosidade! Experimente a vibração do álbum "Taranta Project".

11- Witchwood - Litanies From the Woods
"Litanies From the Woods" é o álbum de estreia da banda italiana Witchwood, que mescla hard rock, southern, progressivo e psicodélico com uma pegada vintage dos anos 70 com atmosferas obscuras. As canções têm o equilíbrio perfeito entre os diversos gêneros, os instrumentos utilizados incluem o órgão Hammond, piano, sintetizador Moog, flauta, gaita, e bandolim. O resultado desse mix deu origem a um álbum que se assemelha a clássicos do rock. Muito bom, vale a pena ouvir "Litanies From the Woods".

10- Matanza - O Pior Cenário Possível
Sétimo álbum da banda, "O Pior Cenário Possível" vem com uma proposta diferente, ao invés de utilizar o velho clichê bebida e mulher, nesse o tema é mais sombrio, inspirado em histórias de terror e assassinato, uma reinvenção significativa para uma banda com tantos anos de estrada. As canções são diretas, um som agressivo, composições criativas e com o poderoso vocal de Jimmy London, além da utilização de duas guitarras. O countrycore fica um pouco mais lado e o rock dá as caras. O álbum é um ótimo e diferenciado registro dentro da discografia da banda, vai na contramão de tudo. Ouça "O Pior Cenário Possível".

09- Billy Gibbons - Perfectamundo
"Perfectamundo", o primeiro álbum solo do cantor e guitarrista da clássica ZZ Top, tem influências de música latina e afro-cubanas, mas sem dispensar o bom rock'n roll. Cantado em inglês e espanhol conta com instrumentos como congas e marimbas. É delicioso, criativo e iluminado, um presentão do velho Billy Gibbons aos fãs. Ouça "Perfectamundo".

08-Tulipa Ruiz - Dancê
Depois de dois discos maravilhosos e super elogiados, vem "Dancê" com uma proposta alegre, dançante, libertadora. A voz de Tulipa é uma coisa inexplicável, as letras são simples, mas os arranjos elaborados, são cancões vibrantes na pegada soul, disco music, mas há bastante variações, e também participações como João Donato, Lulu Santos e Felipe Cordeiro. Despretensioso, agradável e de extremo bom gosto, e como a própria artista afirmou, é um álbum para se ouvir com o corpo. Deixe-se levar por "Dancê".

07- Banda Eddie - Morte e Vida
Após um hiato de quase quatro anos, a Banda Eddie lança o disco "Morte e Vida". São 11 faixas inéditas com participações de Karina Buhr, Erasto Vasconcelos, Jam da Silva, João do Cello, entre outros. O disco é uma junção do rock, blues, samba, reggae e surfrevo (surf com frevo). O sexto trabalho da Banda Eddie é inspirado na obra literária de João Cabral de Melo Neto, "Morte e Vida Severina" (1955), as letras tratam de aspectos políticos da sociedade e das dores provocadas pela morte e vida das coisas num contexto poético. Confira o incrível "Morte e Vida".

06- Johnny Hooker - Eu Vou Fazer Uma Macumba Pra Te Amarrar, Maldito!
Primeiro disco do cantor pernambucano Johnny Hooker, "Eu Vou Fazer uma Macumba pra te Amarrar, Maldito" é passional, visceral, conta histórias de relações conflituosas, são canções excessivamente dramáticas e que refletem nos sentimentos de quem as ouve, os temas vão de amor, perda, desejo, raiva e passeiam por sonoridades como frevo, gafieira, samba, e axé. Hooker transborda, é autêntico, moderno, tem uma voz interessantíssima e ao vivo é um espetáculo com suas performances. Ouça "Eu Vou Fazer uma Macumba pra te Amarrar, Maldito".

05- Karina Buhr - Selvática
Karina Buhr me conquistou com seu terceiro álbum intitulado "Selvática", agressivo, provocador e inovador. As onze faixas contém temas políticos e feministas, a capa do álbum diz que está pronta para o combate, além de exaltar o empoderamento das mulheres, também fala de racismo, crise política e corrupção, são letras bem pensadas que se juntam a uma sonoridade que vai de um ponto ao outro, sereno e caótico, o impecável time de instrumentistas conta com Edgard Scandurra (Ira!), Fernando Catatau (Cidadão Instigado), Guilherme Mendonça (Guizado) e Manoel Cordeiro. Muitas questões são abordadas em "Selvática", é um exercício de reflexão. Igualdade de gêneros, desfazer rótulos e simplesmente Ser. Obra necessária! Ouça "Selvática". 
"Hoje eu não quero falar de beleza. Ouvir você me chamar de princesa. Eu sou um MONSTRO!"

04- Elza Soares - A Mulher do Fim do Mundo
Elza Soares. A cantora do milênio. Rainha do samba. Sinônimo de força. A mulher do fim do mundo. Elza é dona de uma voz áspera que desafia o tempo, tem 34 álbuns lançados ao longo de seus 60 anos de carreira, mas este é o primeiro álbum de repertório inteiramente inédito em sua discografia. "A Mulher do Fim do Mundo" é um renascimento e conta a sua própria história, levantando questões importantes, como a violência contra a mulher. É ácido, visceral, duro, angustiante e apocalíptico. A parceira com jovens músicos brasileiros, como Kiko Dinucci, Thiago França, Romulo Fróes, Marcelo Cabral, Celso Sim, Guilherme Kastrup, entre outros, faz deste um trabalho notável. Ouça "A Mulher do Fim do Mundo".
"Eu quero cantar até o fim. Me deixem cantar até o fim. Até o fim eu vou cantar. Eu vou cantar até o fim. Eu sou mulher do fim do mundo. Eu vou cantar, me deixem cantar até o fim."

03- Hindi Zahra - Homeland
Hindi Zahra é um dos meus xodós musicais, tenho grande empatia e identificação por esta artista franco-marroquina. Saiu o seu segundo álbum, "Homeland", e diga-se de passagem com uma bela capa, os ritmos africanos pontuam, o jazz também está presente, assim como o desert blues e o pop misturado a sua tradicional aura misteriosa. Sensualidade, delicadeza e charme resumem este disco, sua voz rouca hipnotiza e nos transporta a outros lugares. Uma rica e inebriante experiência. Ouça "Homeland".

02- Asaf Avidan - Gold Shadow
Asaf Avidan lançou após uma pausa de 3 anos seu segundo disco solo, "Gold Shadows", o blues, rock, folk e pop se destacam nas canções, sua voz andrógena e rouca por vezes suave e outras estridente é um espetáculo e reforça muito sua autenticidade. É um trabalho certamente atemporal. Um grande artista a ser descoberto! Asaf Avidan é israelense e fez parte da banda Asaf Avidan & The Mojos". Ouça "Gold Shadows".

01- Simone Mazzer - Férias em Videotape
Simone Mazzer, cantora e atriz, foi uma das minhas melhores descobertas no ano de 2015, dona de uma voz poderosa e impactante lançou seu primeiro álbum solo, "Férias em Videotape", um compilado de canções interpretadas com maestria, "Camisa Listada", de Assis Valente, "Parece que Bebe", de Itamar Assunção, "Hyper-Ballad", de Björk, "Back to Black", de Amy Winehouse, "Babalu", de Margarita Lecuona, "Essa Mulher", de Bernardo Pellegrini (com participação de Elza Soares), entre outras que ganharam vida nova na voz de Simone e nos arranjos de Marco Antonio Scolari. Um álbum com personalidade, energia, dramaticidade e potência. Simone Mazzer vai contra a corrente do cenário musical atual e destrói o "império pop liquidação". Por essas e outras inúmeras qualidades Simone merece estar entre os melhores álbuns lançados em 2015. Que os holofotes a enxerguem e deem o seu devido espaço entre a música brasileira. Ouça "Férias em Videotape".

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Love

"Love" (2015) dirigido pelo sempre polêmico Gaspar Noé (Enter the Void - 2009), disserta sobre a relação amorosa de Murphy (Karl Glusman), um americano que estuda cinema em Paris e Electra (Aomi Muyock), estudante de artes. A relação é mostrada ao longo do filme quando Murphy começa a relembrar, a intensa paixão é explorada em todos os detalhes, desde o encantamento inicial aos estilhaços do final.
Murphy está frustrado com a vida atual que leva, ao lado de Omi (Klara Kristin) e do filho. Um dia, ele recebe um telefonema da mãe de sua ex-namorada, Electra, perguntando se ele sabe onde ela está, já que está desaparecida há meses. Mesmo sem a encontrar há anos, a ligação desencadeia uma forte onda saudosista em Murphy, que começa a relembrar fatos marcantes do relacionamento que tiveram.
Todas as características de Gaspar Noé estão presentes, o existencialismo, a psicodelia, a fotografia estilizada, os cortes que imitam piscar de olhos. Seus filmes sempre geram sentimentos controversos e sinestésicos, a câmera nos faz viajar. "Love" mostra o amor sob o ponto de vista do sexo, por vezes simples, repetitivo e sem profundidade. Sem dúvidas a estética se sobressai. As cenas são maravilhosamente bem orquestradas, ângulos diferenciados, hipnotiza o espectador e mantém toda a atmosfera erótica, o destaque vai para a cena do Ménage à Trois.
Para quem pensa em assistir o filme especialmente por conter cenas de sexo explícito é bom saber que dificilmente irá se excitar vendo-as, até porque as cenas não foram feitas para isso, geralmente elas carregam sentimentos confusos e aleatórios, como quando o casal vai até um clube de swing, mas também há as partes em que o sexo é romantizado, claro sem nenhum clichê, afinal trata-se de uma obra que tem o sexo como o protagonista. 
"Love" não tem diálogos tão interessantes, há inúmeras questões existenciais, mas nada reflexivo. Depois da alegria dos momentos iniciais, a relação deles passa a ser regada a drogas, infidelidade e experiências sexuais. Quando Murphy engravida Omi e conta a Electra, ela surta e se autodestrói. Murphy insatisfeito com a vida que leva, não consegue ser pai, sua relação com Electra o atormenta, ele repensa o como gostaria de ter feito diferente. 

É um filme corajoso e com certeza uma experiência nova, não é uma obra primorosa, mas também não é ruim. O sexo vende, mas não tem jeito, ainda é tabu, culturalmente não se pode falar abertamente, e quando cenas mais explícitas aparecem em filmes geram comentários, às vezes o conteúdo do filme é esquecido por causa de uma única e exclusiva cena de sexo. Aqui no Brasil "Love" foi rejeitado por algumas redes de cinema, outros exibidores o colocaram em horários específicos. Por causa de um conservadorismo privam o público de escolher o que assistir.
Em um relacionamento amoroso o sexo se faz presente, então nada mais natural que retratá-lo, Gaspar Noé expõe um relacionamento em todas as suas fases e da forma mais real, por vezes romântico, por vezes impulsivo, e o como é complicado se relacionar e saber o que de fato é amor.
"Love" possui referências gritantes ao próprio diretor, Murphy e seu desejo de fazer um filme que mostre de forma verdadeira o amor e o sexo, o nome de seu filho, Gaspar, o ex-namorado de Electra, Noé, o hotel de "Enter The Void" em miniatura no quarto de Murphy, entre tantas outras.

"Love" tem apenas uma ou outra cena chocante, mas o filme é cru, intenso e até desagradável, os personagens nos carregam para o abismo. Gaspar Noé propõe o novo, o audacioso, é aprender a ver um tipo diferente de cinema. Mesmo não sendo excelente surpreende. Vale ressaltar a ótima trilha sonora, vai de Bach, Erik Satie, John Carpenter, Pink Floyd e a psicodelia de Funkadelic, etc.

sábado, 9 de janeiro de 2016

Rainha do Mundo (Queen of Earth)

"Meu ponto é... você pode sair do ciclo de uma pessoa. Mas não pode sair do seu."

"Rainha do Mundo" (2015) dirigido por Alex Ross Perry (Cala a Boca Philip - 2014) é um terror psicológico que no seu decorrer se intensifica e modifica sentimentos, como a amizade em inveja e acolhimento em uma troca de farpas. A atmosfera de tensão se dá do começo ao fim e alucinamos junto com Catherine, vivida por Elisabeth Moss, numa atuação soberba. Ela e Virginia (Katherine Waterston) são melhores amigas e cresceram juntas. Todos os anos vão relaxar na casa do lago que pertence a família de Virginia, as duas usufruem dos privilégios que possuem e não há muito para se preocupar, até que a vida de Catherine desmorona com o abandono do namorado e a morte do pai, desolada pede ajuda a sua amiga, que a leva até a casa do lago. Porém, a confiança das duas está abalada, devido os mal-entendidos e acontecimentos sucedidos no ano passado. O ambiente que era para se tornar um abrigo a Catherine acaba se transformando num inferno, lembranças surgem e sua mente vai ficando perturbada, principalmente quando surge Rich (Patrick Fugit), o vizinho de Virginia que insiste em chamar Catherine de mimada, entre outras coisas.
Virginia exibe um semblante duro, sua preocupação com a amiga é distante e sempre faz questão de criticá-la, não entendemos o porquê se comporta assim, já que são melhores amigas. O passado se mistura com o presente compondo um mosaico de situações, e a partir daí Catherine sente os sinais de depressão e loucura. O clima do filme é claustrofóbico, apesar do ambiente dizer o contrário, o lago, a floresta seria sinônimo de liberdade e renovação, os closes são de tirar o fôlego e frisa o estado psicológico da protagonista, não sobra espaço pra mais nada. A trilha sonora destoante também contribui para perturbar. A atuação de Elisabeth Moss é intensa, pesada, nossos sentimentos para com ela mudam muito, sua degradação psicológica é agoniante.
O filme tem um quê de anos 70, devido o diretor não trabalhar com o digital. É preciso imergir na atmosfera do filme, sua narrativa talvez não agrade muito, principalmente por não haver respostas. Os dilemas, as frustrações e neuroses são colocados pra fora, e às vezes com longos diálogos com a câmera estática.

Virginia e Catherine são mimadas, uma é de família burguesa, a outra é assistente, a sombra do pai artista. Preocupadas com seus umbigos e por causa da amizade antiga se permitem criticar uma à outra, interessante notar os olhares entre elas quando há os desabafos, existe uma competição e inveja misturada a preocupação e carinho. 
São personagens desagradáveis, dependentes, inseguras, egoístas e que não sabem lidar com as pessoas. Não é difícil lembrar de alguém assim vendo o filme, qualquer um deve ter aquele amigo que conta as suas conquistas ou derrotas, mas que nunca te ouve, que surta quando você não responde, mas quando é a sua vez finge que está ocupado. Com certeza existe um buraco imenso nessa pessoa que precisa ser preenchido com elogios e mais elogios. Catherine necessita sempre se reafirmar como artista por causa da figura de seu pai. Rich é quem de fato a desestabiliza, toca no seu ponto fraco, há uma cena lá pelo final do filme completamente desconcertante entre eles.

"Rainha do Mundo" não é um grande filme, mas quando se é absorvido por ele se torna uma experiência forte. É um longa que prima pela atmosfera tensa e aterrorizante, entre silêncios e histerias acompanhar a trajetória de insanidade da protagonista não é pra qualquer um. 

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

The Lobster

"The Lobster" (2015) dirigido por Yorgos Lanthimos é original, curioso, estranho e repleto de metáforas, é o primeiro filme em língua inglesa do diretor grego, e mais uma vez ele nos apresenta uma obra inusitada, mas muito interessante.
A história se passa num futuro próximo, onde uma lei proíbe que as pessoas fiquem solteiras. Qualquer homem ou mulher que não estiver em um relacionamento é preso e enviado ao Hotel, onde terá 45 dias para encontrar um(a) parceiro(a). Caso não encontrem ninguém, eles são transformados em um animal de sua preferência e soltos no meio da Floresta. 
David (Colin Farrell) recentemente foi deixado pela mulher, e portanto se tornou um hóspede do hotel, que mantém regras diárias para que as pessoas possam encontrar o par perfeito, os gostos precisam ser iguais, os defeitos, e tudo é comprovado em um teste depois. David optou por se tornar uma lagosta caso não conseguir uma parceira, mas com o passar dos dias percebe que o melhor é escolher alguém. O tom de absurdo e o humor negro faz parte de todo o filme, umas das passagens mais bizarras é a da caçada humana para conseguirem dias extras no local. 
Depois de não suportar a parceira que escolheu, David foge do hotel e se junta com os rebeldes na floresta, que fizeram um pacto de serem solteiros, qualquer deslize entre eles punições severas são aplicadas, liderado pela personagem de Léa Seydoux, o grupo é o oposto do hotel, porém com a mesma opressão. É nesse ambiente que David se apaixona, e então descobre que o pior não é ter que fingir sentimentos quando não os têm, mas fingir que não tem sentimentos quando os têm.
O longa critica o como as relações amorosas estão cada vez mais condenadas ao fracasso, já que geralmente as escolhas se dão por padrões. Também o medo de ser só faz com que muitos se relacionem para se sentirem completos, mas a verdade, claro, é que esse vazio vai aumentar, daí surge a alternativa de ter um filho, o que faz piorar tudo de vez. 
O roteiro é sutil e faz crítica de forma cômica, tanto do mundo dos solteiros, como dos relacionamentos, não aponta o dedo e condena, mas expõe o como o ser humano está se comportando.

Muitos ao entrarem em um relacionamento se anulam e começam a se portar como sendo parte da pessoa, se submetem aos gostos e decisões do outro sem pensar em si, tudo isso para fugir da solidão e se sentir no todo por conta das normas da sociedade que pressiona para que encontremos um alguém. Quando uma pessoa diz que não quer casar, a simples ideia de querer viver só não é bem vista, mas do que adianta construir um lar se não há afeto, no filme não existem emoções, as preocupações passam longe da esfera de sentimentos. Quantos casais por aí estão juntos por estar e se apegam a coisas ínfimas, mas que julgam serem essenciais?
O filme reflete de maneira estranha o tema, porém de modo eficaz. Ficamos atordoados com o surrealismo da história, e a aura melancólica permeia toda a trama sem deixar o humor de lado. Parece não haver vida, os personagens são mecânicos, não sabem como se dirigirem uns aos outros. Colin Farrell está surpreendente, uma atuação peculiar e com certeza única em sua carreira, a sua feição caracteriza bem toda a estranheza que o longa possui, aliás todo o elenco está magnífico, Rachel Weisz, Aggeliki Papoulia, Ben Whishaw, John C. Reilly, Léa Seydoux, Olivia Colman...

Yorgos Lanthimos é um exímio diretor, todas as suas obras têm características que beiram o bizarro, vide "Alpes" (2011), e retratam o absurdo e a artificialidade da sociedade, e cada vez que se pensa sobre esses filmes mais reflexões surgem. "The Lobster" é um longa criativo, brilhante, genial, aberto a conclusões e impactante em sua abordagem.