segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Paradise Now

"Paradise Now" (2005) é um filme palestino que retrata um pouco do conflito que há na região de Israel, a guerra santa vem acontecendo há centenas de anos e ainda hoje causa muitas mortes. Os muçulmanos enfrentam judeus sob a forma de terrorismo e é aí que entra os homens-bomba. Aqui no ocidente temos uma visão um pouco distorcida sobre os ideais dessas pessoas, não conseguimos entender como um ser humano se sacrifica em prol de uma religião ou política. Os enxergamos como loucos, fanáticos, violentos, ignorantes, e a mídia contribui extremamente para que tenhamos essa ideia, mas o que acontece realmente não sabemos, pois vivemos numa cultura adversa e completamente distante. Esse filme nos faz chegar perto desses caras, vemos tudo pelos olhos deles, sem a distorção que provavelmente um filme americano faria, os colocando do lado do ódio. Em "Paradise Now" observamos a realidade vivida e os motivos que levam homens a se entregarem em nome de um ideal.
Dois jovens amigos palestinos, Khaled e Said, são recrutados para cometerem um atentado suicida em Tel Aviv. Após a última noite com as famílias, sem se despedirem, são levados à fronteira com as bombas atadas à volta do corpo. No entanto, a operação não ocorre como esperado e eles se perdem um do outro. Separados, são confrontados com o seu destino e as suas próprias convicções. Said e Khaled são amigos desde pequenos e trabalham juntos, a vinda de um dos líderes do terrorismo muçulmano convocando os dois para uma missão de repente os assusta, mas apesar de serem pegos de surpresa, era exatamente o que queriam, ir os dois juntos. Enfim, o destino estava chamando por eles.
O filme tem cenas excepcionais e tensas, como quando Said se perde do amigo ao se deparar com os inimigos na fronteira, ele anda pela cidade com a bomba acoplada ao corpo, o outro volta à base e a retira, os líderes acham que Said é um traidor por não ter voltado, e então Khaled vai em busca de seu amigo. Said fica confuso e nós esperamos que tudo exploda a qualquer momento, pois ele está desesperado com a situação. Ele tenta entrar em Israel e a cena em que ele desiste de entrar num ônibus por visualizar crianças e pessoas inocentes é impressionante.

Os terroristas fazem uma interpretação muito fria do Alcorão, eles costumam citar trechos aos seus seguidores e os fazem recitá-los antes da ação, é como se fosse uma música que os acalmassem e acreditassem de fato no que estão fazendo. O Alcorão não pode ser resumido em trechos, ele é complexo e contraditório e muitos acreditam que Alá quer que eles combatam o inimigo sob a forma de violência. Além da religião, há o aspecto político também, e a Palestina sofre demais com a economia, o estado permanente de guerra na região desde a criação do Estado de Israel em 1948, a destruição gerada pelos conflitos inviabiliza o crescimento econômico do país e o comércio é prejudicado pelo controle de Israel sobre as fronteiras palestinas.
Interessante que Khaled é o mais convicto em executar a missão, até faz discurso para a mídia, mas conforme o desenrolar muda de ideia, principalmente pela conversa que tem com Suha, mulher da qual se interessou, ela apresenta uma outra visão: Será que esses atos de fato mudarão alguma coisa?

É um filme humano que mostra que os homens-bomba não são monstros, eles têm medo, muitas vezes são pessoas manipuladas que veem neste ato algo maior, alguns acreditam até em anjos os levando para o paraíso se realizarem a tal missão.
Há discursos que nos fazem compreender pelos menos um pouco a situação desse povo, elucida sobre o aspecto de ideais e da necessidade de se fazer algo para mudar a atual conjuntura, mesmo que seja sacrificando a si mesmo. "Paradise Now" é válido por mostrar homens-bomba sob a perspectiva deles próprios.

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