terça-feira, 16 de fevereiro de 2016
Eu, Você e a Garota Que Vai Morrer (Me and Earl and the Dying Girl)
"Eu, Você e a Garota Que Vai Morrer" (2015) dirigido por Alfonso Gomez-Rejon (Red Band Society - 2014) é baseado no livro homônimo de Jesse Andrews, que também assina o roteiro. A história gira em torno de Greg (Thomas Mann), que está levando o último ano do ensino médio o mais anonimamente possível, evitando interações sociais, enquanto, em segredo, está fazendo animados filmes bizarros com Earl (RJ Cyler), seu único amigo. Mas tanto o anonimato quanto a amizade dos dois é abalada quando a mãe de Greg o força a fazer amizade com uma colega de classe que tem leucemia.
O filme não é um romance e nem lamenta a doença da garota, ele foge dos clichês e surpreende com um drama sutil com ótimas pitadas de humor. O protagonista não tem qualquer carisma, anti-social e autodepreciativo, ele caminha pelos corredores da escola sem aparecer de fato, não se encaixa em nenhuma tribo, mas mantém uma formalidade com todos sem jamais se aproximar. Greg e Earl são amigos desde a infância e adoram filmes de arte, em razão disso têm como hobby produzir pequenos filmes baseados em clássicas cenas do cinema, mas mantêm isso em segredo devido a qualidade dos vídeos. Os dois são tão isolados que preferem se esconder no intervalo na sala do professor Mr. McCarthy (Jon Bernthal), que também não fica atrás em esquisitices.
A vida de Greg muda quando sua mãe o faz se aproximar de sua colega Rachel (Olivia Cooke), que está com câncer, inicialmente isso o incomoda, a aproximação é algo novo para ele, mas conforme o desenrolar nasce uma linda amizade que fará com que ele se desafie e saia de seu casulo. Rachel não permite que tenha pena dela e só o deixa a ir visitá-la quando percebe que está indo por livre e espontânea vontade, o seu senso de humor nada a ver também a conquista e, principalmente depois de saber sobre os seus filmes. Earl entra nesta história e acrescenta muito na relação. A construção da amizade deles é diferente e por isso cativa, tem charme, tem leveza e bom humor. A narração de Greg é outro ponto bem interessante, e o mais legal desse filme é que ele não vem com mensagens óbvias, as reflexões são profundas e fica difícil segurar as lágrimas, as cenas finais são de uma delicadeza arrebatadora. Essa é a prova de que tendo criatividade os temas envolvendo o universo adolescente, doença e amizade, podem se tornar uma grande história.
Quando a doença de Rachel começa a avançar Greg precisa lidar com o inevitável fim, o professor Mr. McCarthy, que sempre está disposto a conversar com Greg, começa a refletir sobre a morte do pai, e que mesmo depois descobriu particularidades dele que o deixou feliz, e é assim ao final, a convivência com Rachel o fez amar suas peculiaridades, suas coisinhas, como as almofadas, o papel de parede, as tesouras, etc. Ele foi descobrindo a Rachel mesmo depois dela ter partido e isso gera uma sensação de conforto muito grande. A pessoa vai embora, mas deixa uma infinidade de coisas para serem descobertas. E o mais especial é ela ter feito Greg acreditar nele mesmo e ter sonhos para o futuro.
É um longa que nos ganha pela simplicidade, fluidez e as ótimas atuações, além da excelente trilha sonora e a bela mensagem de amor a nós mesmos.
"Eu, Você e a Garota Que Vai Morrer" tem diálogos brilhantes, um andamento agradável, e merece ser visto porque retrata de maneira sutil temas densos, e ainda homenageia diversos clássicos do cinema. Uma boa pedida do cinema indie!
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O filme está na minha lista para conferir.
ResponderExcluirComo curiosidade, Olivia Cooke também interpreta uma garota doente na boa série "Bates Motel".
Até mais
Ao inves de ver porcarias best-seller mais do mesmo baseadas em romancezinhos água com açúcar do John Verde o grande público deveria dar mais chances a obras sutis como esta.
ResponderExcluirLindo filme, com inúmeras e inúmeras alusões à filmes, alguns que eu nunca ouvi falar. Recomendo!
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