sexta-feira, 5 de julho de 2019
Khadak
"Khadak" (2006) dirigido por Jessica Hope Woodworth e Peter Brosens (A Quinta Estação - 2012, O Rei dos Belgas - 2016) é um filme singular, um drama místico hipnotizante e que possui uma boa dose de crítica, esplêndido em suas imagens, magnânimo em sua estrutura, ambientado nas estepes da Mongólia a história gira em torno do conflito do mundo globalizado versus a cultura ancestral, a beleza de repente dá lugar a um cenário devastador e observamos a paisagem sendo agredida e os nômades sendo iludidos e engolidos pelo sistema. Em meio a isso ainda há espaço para tomadas de sonhos e delírios que se misturam a uma revolução juvenil.
Esta é a mística história de Bagi(Batzul Khayankhyarvaa), um jovem de 17 anos que cuida de um rebanho na Mongólia. Ele possui um dom, e seu destino é ser um sacerdote. Quando uma praga ataca sua região, todos os animais são mortos, e os nômades são obrigados a viver em pequenas escavações. Mas Bagi descobre que a praga é uma mentira para erradicar os nômades. Com a ajuda de Zotzaya (Tsetsegee Byamba), uma bonita ladra de carvão, ele provoca uma revolução.
O filme é poético e detalhista em suas imagens, deslumbrante o cenário desértico e o mistério que carrega, acompanhamos Bagi, um jovem que possui seu destino traçado, um dia será um xamã, ele tem ataques que o deixam desacordado e por isso acreditam que tem um dom, num dia chegam dizendo que existe uma praga que está matando as ovelhas e por isso precisam deixar o local, os animais são confiscados e eles levados para uma vila operária, onde funciona uma terrível mina de carvão. Todos são usados como peões e quem se mete a roubar é castigado, entre visões que dão lucidez ao garoto ele conhece Zotzaya, uma ladra que sabe que a história da praga é mentira e que planejam exterminar os nômades, junto dela Bagi tenta alertar as pessoas, mas ninguém lhe dá ouvidos e é internado em um espaço para loucos, lá a médica diz que tem epilepsia.
Com uma aura enigmática e fascinante vemos tanto a beleza do vasto cenário das estepes com um ou outro objeto solto, como o lenço azul, e por outro lado a destruidora mina de carvão agredindo a paisagem e escravizando os nômades que acreditaram na história da praga e um possível apocalipse, há diálogos que refletem o passado e que premeditam um futuro, reflexões interessantes que acontecem em sonhos e que se misturam à realidade.
Com uma aura enigmática e fascinante vemos tanto a beleza do vasto cenário das estepes com um ou outro objeto solto, como o lenço azul, e por outro lado a destruidora mina de carvão agredindo a paisagem e escravizando os nômades que acreditaram na história da praga e um possível apocalipse, há diálogos que refletem o passado e que premeditam um futuro, reflexões interessantes que acontecem em sonhos e que se misturam à realidade.
"Houve uma época, quando o homem queria demais, o deserto se moveu e extinguiu a vida. O deserto sempre irá vencer."
A peculiaridade do longa é chamativa e em nenhum momento perde-se o interesse, o mistério envolto e sua narrativa instiga, nos leva para um universo diferente. Impressiona pela poesia das cenas e destaque também para a trilha sonora que denota a cultura, há uma lindíssima cena lá pelo final onde acontece um número musical, uma espécie de manifestação poderosa que antecede a revolução.
"Khadak" é um drama étnico, retrata os nômades da Mongólia e os conflitos entre mundo moderno e cultura ancestral, o despojamento de suas raízes e então o retorno ao espírito impetuoso, a conexão com a terra é realmente algo intenso. O filme abraça questões socioambientais importantes em uma trama carregada de espiritualidade.
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