terça-feira, 13 de março de 2018
Adeus, Christopher Robin (Goodbye Christopher Robin)
"Adeus, Christopher Robin" (2017) dirigido por Simon Curtis (A Dama Dourada - 2015) é um filme agridoce que nos introduz ao processo de criação do escritor A.A. Milne para o ursinho Pooh, a sensibilidade permeia toda a trama apesar das tristezas que a envolvem, provoca nostalgia, emoção e também mostra os traumas causados por conta da fama. Conhecemos a origem, antes da Disney obter os direitos, as inspirações e o desenrolar pesado desse universo mágico.
Traumatizado pelas batalhas vivenciadas na 1ª Guerra Mundial, o escritor e autor de peças teatrais Alan Milne (Domnhall Gleeson) retorna a Londres, onde tenta retomar a vida cotidiana ao lado da esposa, Daphne (Margot Robbie). Eles têm um filho, o pequeno Christopher Robin (Will Tilston), que basicamente é criado pela babá da família, Olive (Kelly Macdonald), devido à distância estabelecida pelo próprio pai. Disposto a escrever um livro que irá ajudar o mundo a evitar uma nova guerra, Milne leva a família para morar no campo. Lá ele se aproxima do filho, que serve de inspiração para criar seu personagem mais conhecido: o ursinho Pooh. Pooh (Puff) foi nomeado por causa do ursinho de Robin, outros brinquedos verdadeiros de Robin também emprestaram seus nomes para outros personagens, como Tigrão, Bisonho e Leitão.
Alan Milne deseja escrever um livro anti-guerra e sofre as consequências de ter a vivenciado, completamente traumatizado leva sua família para o campo, onde acaba não tendo nenhuma vontade de continuar seu livro, sua esposa Daphne exibe uma faceta manipuladora e egoísta e não demonstra afeto pelo filho, ela sai da casa e diz que só voltará quando o marido terminar o livro, o pequeno Christopher Robin apelidado de Billy Moon é cuidado o tempo todo por sua amada babá Olive, uma mulher triste e solitária e a única pessoa a se importar realmente com os sentimentos da criança. Porém, ela precisa se afastar para cuidar de sua mãe doente, algumas semanas se passam apenas entre pai e filho, Alan percebe com curiosidade a imaginação fértil de seu filho, sempre com um sorriso no rosto e pronto para inventar histórias com seus bichos de pelúcia, a partir desse convívio Alan começa a escrever poemas, Billy Moon até pede para que o pai escreva um livro para ele, mas o que se sucede é um imenso boom após a publicação de todo o universo imaginado pela criança, de repente seu ursinho é amado por outras crianças, que num mundo onde a dor da guerra prevalece encontram no livro motivos para sorrir.
O garoto é extremamente criativo e no espaço de tempo em que convive apenas com o pai, que anseia por inspiração, mostra suas brincadeiras e aí ele vê nisso a oportunidade de criar algo, são momentos mágicos em que Billy Moon pensa estar se divertindo, pois a mãe sempre dizia que enquanto o pai estiver escrevendo não era para incomodar, as coisas se misturaram e a partir disso os traumas foram sendo desenhados, a carência não era vista pelo pai, a mãe era distante e fria, e a única que lhe dava afeto foi embora devido divergências, pois Olive não tinha vida e não aguentava mais ser humilhada. O filme possui diálogos marcantes e a melancolia permeia toda a trama, as interpretações são emocionais e cativantes, e a fotografia é um primor, enche os olhos com todo o visual bucólico.
"Adeus, Christopher Robin" conta as razões do escritor ter criado o universo do ursinho Pooh, tendo como pano de fundo a guerra, que era considerada a última, as decepções e a sensação de impotência deixaram Milne completamente traumatizado, então vai para o campo com a família e lá sem nenhum tipo de criatividade de repente vê no convívio com seu filho a fonte que necessitava, diante da crueldade pela qual o mundo passava o ursinho Pooh trouxe novamente a alegria e a vontade de sonhar, Christopher quando adolescente sentiu que precisava fugir daquilo tudo, da imagem que o pai criou de si e foi para a guerra, uma forma de eliminar suas dores e sentir que estava vivo. Uma história triste, mas muito interessante e que merece ser conhecida pelos adoradores do ursinho Pooh, é um retrato curioso e que vai além da fantasia. Para quem conhece apenas a versão da Disney é mais que obrigatório assisti-lo.
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Interessante. Mais uma boa dica.
ResponderExcluirAbraço