quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Chevalier

"Chevalier" (2015) dirigido por Athina Rachel Tsangari (Attenberg - 2010) é uma sátira eficaz ao desconstruir a masculinidade, a trama envolvida num universo totalmente permeado pelo ego viril é ainda mais interessante por ser dirigido e escrito - em parceria com Efthymis Filippou - por uma mulher, o ridículo é exposto, o jogo que se faz para mostrar quem é o melhor transforma esses homens em animais vaidosos cheios de convicção e desperta o pior em cada um deles. 
No meio do Mar Egeu, seis homens viajando num iate luxuoso decidem jogar um jogo. Durante este jogo, coisas serão comparadas. Coisas serão medidas. Canções serão destruídas e sangues serão testados. Amigos se tornarão rivais e rivais ficarão furiosos. Mas no fim da jornada, quando o jogo acabar, o homem que ganhar será o melhor homem. E ele colocará no seu dedinho o anel da vitória: o Chevalier.
A história é envolta por um humor seco, é preciso compreender a profundidade, pois existe uma sensibilidade peculiar ao retratar todo esse cenário masculino, seis homens ricos pescam e mergulham num iate luxuoso, o tédio os assola e logo vem a ideia de um jogo que consiste em fazer comparações para saber quem é o melhor, comparar tudo mesmo, qualquer bobagem, desde o modo como dorme, executa tarefas, a relações familiares e o como se comporta com os adversários, analisam-se e marcam em seus cadernos os erros e pontos.
Claro que ninguém vai ser sincero neste jogo, não demora a aparecer hipocrisias, falsidades e artimanhas para ganharem pontos , ninguém mais se relaciona, apenas joga, aliás, antes mesmo de começarem a jogar pode-se notar o jogo. É uma ironia pungente sobre as disputas entre homens, é o machismo puro, veja que os momentos de mais tensão são quando surgem perguntas envolvendo o âmbito sexual. Tem um personagem que fica obcecado em ter uma ereção matutina para desmenti-los ao dizerem que ele é impotente. Porém, existe um personagem que destoa, Dimitris, talvez, seja o único nesse ambiente que seja sincero, e, por conseguinte, o mais distante de ganhar o Chevalier.

O filme escarnece ao colocar em evidência a questão de se sentir macho, ainda mais por serem homens ricos e que vivem numa bolha longe da realidade.
"Chevalier" tem características particulares que conferem estranheza, é subjetivo e com um humor bastante duro, mas é criativo e proporciona um olhar a este aspecto da masculinidade e o quão patética é.  

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