quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Bridgend

"Bridgend" (2015) dirigido pelo dinamarquês Jeppe Rønde não é um grande filme, mas é curioso e carrega uma atmosfera misteriosa e uma tensão psicológica desconfortante. Uma das belezas do longa é a fotografia que joga com a falta de luz para criar uma aura fantasmagórica, são quadros belíssimos. A ambientação pesada surte efeito, chama a atenção, porém sem se aprofundar nas questões.
A história baseada em fatos reais retrata a chocante onda de suicídios cometida por adolescentes - que começou em 2007 e continua até hoje - na cidade de Bridgend, País de Gales. A causa é desconhecida e várias são as hipóteses, o fato é que nessa cidade o suicídio contagia esses jovens, que parecem ter na morte a solução para os seus problemas.
Sara (Hannah Murray) e seu pai, Dave (Steven Waddington), chegam a uma cidade assustada após uma série de suicídios de adolescentes. Quando ela se apaixona por James (Josh O'Connor), começa a sentir a depressão generalizada do lugar. Dave é policial e investiga os casos, enquanto Sara, inicialmente uma menina alegre, começa a conhecer os jovens desta cidade, ela sai em encontros estranhos, eles tem uma espécie de ritual em um lago, vários amigos já se mataram por enforcamento, ela sente o peso do lugar conforme adentra no universo desses habitantes, principalmente quando começam a tirar suas vidas, ela se apaixona por James, filho do sacerdote local que tenta passar ensinamentos religiosos ao grupo de amigos. Várias estranhezas ocorrem, são colocadas algumas alternativas do porquê dos suicídios, o mais perto da realidade seria um pacto feito através da Internet, uma decisão coletiva motivada por inúmeros fatores, como mídia, tédio, crise econômica, família disfuncional, etc. Há um elo entre eles em que não podem sair da cidade.
Sara vai sendo absorvida pela depressão, pela falta de perspectiva, é sugada pelas festas e programas esquisitos, como nadar com todos pelados em um lago gelado no meio da floresta, e entre rituais para os amigos que já se foram se transforma também, seu semblante se torna obscuro e obsessivo. O pai preocupado tenta tirar Sara de lá e colocá-la num colégio interno, o que só agrava as circunstâncias. 

O magnetismo do sentimento de niilismo é algo inexplicável, o diretor foi certeiro na ambientação depressiva e sombria, o tédio que permeia essa pequena cidade com clima chuvoso é sinistro; dentre tantas teorias a respeito, a relação conflituosa entre pais e filhos seria umas das causas do enforcamento de tantos jovens.
"Bridgend" é um filme que se sobressaí mais pela atmosfera criada e a fotografia, é um exemplar curioso e que gera discussões sobre essa afeição e culto pela morte.

Um comentário:

  1. A premissa é bem interessante. Não conhecia o filme e nem a história real.

    Abraço

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