terça-feira, 20 de dezembro de 2016
Amor, Plástico e Barulho
"Amor, Plástico e Barulho" (2013) dirigido por Renata Pinheiro (Estradeiros - 2011) é um filme pernambucano que traça um recorte cultural do efervescente e descartável cenário musical, especificamente, o brega. É também uma ótima amostra do quão difícil é percorrer esse caminho artístico com tanta competição e variedade, onde hoje é sucesso e amanhã já está velho, os sonhos e a esperança pelo glamour conduzem duas mulheres a diversos sentimentos.
Shelly (Nash Laila), uma jovem que sonha em se tornar cantora de brega, inicia sua carreira como dançarina de uma banda se apresentando em casas noturnas e programas de TV locais do Recife. Jaqueline (Maeve Jinkings), a cantora veterana da banda Amor com Veneno, é a sua inspiração e um possível espelho do seu destino. Inseridas em um mundo onde tudo é descartável, como o sucesso, o amor e a própria cidade na qual habitam, elas vivem a difícil trajetória em busca da sobrevivência pela arte que parece ser seu último recurso na vida.
Shelly (Nash Laila), uma jovem que sonha em se tornar cantora de brega, inicia sua carreira como dançarina de uma banda se apresentando em casas noturnas e programas de TV locais do Recife. Jaqueline (Maeve Jinkings), a cantora veterana da banda Amor com Veneno, é a sua inspiração e um possível espelho do seu destino. Inseridas em um mundo onde tudo é descartável, como o sucesso, o amor e a própria cidade na qual habitam, elas vivem a difícil trajetória em busca da sobrevivência pela arte que parece ser seu último recurso na vida.
O relacionamento entre Shelly e Jaqueline vai da admiração à rivalidade, pois a carreira de Jaqueline está em decadência, como ela própria diz: "O sucesso é um copinho de plástico bem vagabundo", e o dela está todo rasgado e prestes a ser jogado fora, já Shelly vislumbra um futuro promissor, empolgada tenta mostrar o seu talento em toda e qualquer oportunidade, o que irrita Jaqueline e a afasta da menina. Ela descolore o cabelo, se insinua mais nos shows e ao achar que é musa de um cantor em ascensão cria a ilusão que seu momento pode estar próximo, mas existem tantos empecilhos que as dificuldades aparecem logo no começo. Jaqueline é sensual, intensa e sofre com o seu declínio, ela vive dizendo que faz o que bem quer e que é louca mesmo, isso é porque preferiu seguir seu sonho e deixou a filha aos cuidados da mãe. O mercado fonográfico quer rostos novos e para ela resta apenas se apresentar em lugares deprimentes. A cena em que testa o som cantando "Chupa que é de uva" é extremamente melancólica e uma das melhores do filme. Ela se afoga na bebida e dificilmente a vemos sem um copinho na mão.
O longa é realista, insere um cotidiano comum e a simplicidade de artistas que tentam se manter na ativa com hits grudentos e danças envolventes. O cenário brega é mostrado com naturalidade, é verdadeiro e sem pudor, mas o roteiro não deixa de fazer crítica à obsessão pela fama e a conquista de um espaço por mais mínimo que seja, também ao mercado que promete mundos num dia e os descarta no outro, e assim promovendo o mesmo ciclo.
O longa é realista, insere um cotidiano comum e a simplicidade de artistas que tentam se manter na ativa com hits grudentos e danças envolventes. O cenário brega é mostrado com naturalidade, é verdadeiro e sem pudor, mas o roteiro não deixa de fazer crítica à obsessão pela fama e a conquista de um espaço por mais mínimo que seja, também ao mercado que promete mundos num dia e os descarta no outro, e assim promovendo o mesmo ciclo.
A entrega das atrizes a suas personagens impressiona, Maeve Jinkings brilha, traz garra, personalidade e ao mesmo tempo desgosto por saber que perderá seu lugar, já Nash Laila é sonhadora e apesar dos percalços certamente persistirá por ser jovem, a cena final retrata essa questão. As cores excessivas, o figurino, a linguagem, tudo é bem trabalhado e conquista por capturar exatamente essa realidade. É um filme com identidade, a sua alma é brega.
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Nos dias atuais, mais do que nunca o sucesso se tornou descartável. A velocidade com que "celebridades" e "modismos" surgem e desaparecem é cada mais rápida.
ResponderExcluirO filme parece explorar com esperteza esta situação.
Abraço