quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Sparrows (Þrestir)

"Sparrows" (2015) dirigido pelo islandês Rúnar Rúnarsson (Vulcão - 2011) é sutil ao explorar as possibilidades da vida e suas descobertas, a história acompanha um garoto islandês de 16 anos de idade, Ari (Atli Oskar Fjalarsson), que vive com sua mãe em Reykjavík. Por causa de um novo emprego, ela tem de deixar o país, então, ele é mandando de volta para a cidade onde passou sua infância. O filme abre com Ari cantando junto a um coral, ele não está numa posição em que se destaque dos demais, o que representa que todos ali possuem as suas próprias histórias, as vozes se harmonizam e a cena se faz extremamente emocional. Ari é enviado para morar com o pai (Ingvar Eggert Sigurðsson), pois a mãe precisa se mudar por causa do trabalho, pelos diálogos percebe-se que ela tem um espírito livre. O pai o recebe friamente, claramente a relação deles é distante e o único elo afetivo é a sua simpática avó. Ari volta a Vestfirðir, sua cidade natal, lá não se sente em casa, tudo está diferente, o pai que é alcoólatra o coloca para trabalhar e pouco conversa, não são poucas as vezes em que enche a casa com seus amigos e fica bêbado, o refúgio de Ari é a avó.
Retratando a adolescência e suas descobertas em um lugar estranho, Ari reencontra uma antiga amiga, começa a sair com colegas, mas ele não se ajusta, tudo é visto sob seu ponto de vista e sensações, ele tem todos os problemas da idade, mas tem anseios diferentes da maioria dos meninos, é sensível e sereno, uma bela interpretação de Atli Oskar Fjalarsson, que demonstra perfeitamente suas nuances e sentimentos pelas expressões de seu rosto, seu olhar sempre suave e vulnerável, uma atuação natural, visceral e emocionante. Lindo de assistir, compreendemos a história pelas suas experiências e seu jeito particular de lidar com tudo o que lhe acontece, Ari nos leva pela mão e consequentemente nos tornamos cúmplices.
O filme é recheado de belíssimas cenas, o clima gélido intensifica, a paisagem também diz muito, resplandece. Não há nada extraordinário, apesar de conter acontecimentos complexos, a cadência narrativa é certeira, melancólica, poética, e termina com uma sensação de incertezas, assim como a vida.
"Sparrows" parte da mesma premissa do curta realizado em 2008 por Rúnar Rúnarsson, "Dois Pássaros", que tem como protagonista o mesmo ator, é um filme que suscita sentimentos diversos, uma pequena pérola que merece ser conhecida, assim como essa obra que ao mesmo tempo é linda e angustiante. A transição da adolescência para a vida adulta é sempre fascinante, por mais que existam inúmeros filmes sobre o tema, o diretor conseguiu expôr as emoções com sensibilidade, é um retrato sincero e por isso tem a sua originalidade.

"Sparrows" trata do amadurecimento e das relações familiares, da difícil interação entre pai e filho, por mais que o personagem do pai queira modificar a situação não dá seguimento, pois é frágil e imaturo, não consegue reverter seus defeitos. Portanto, Ari em meio a tantas dificuldades exteriores e interiores é obrigado a enxergar a vida sem o véu da pureza, da qual a primeira cena do filme enfatiza. Agora ele tem que tomar decisões não só para si, mas também para os outros, uma espécie de sacrifício.

São nos momentos difíceis em que podemos contemplar a beleza, é exatamente neste ponto também que se concentra as maiores virtudes do personagem, as sutilezas imperam, cria-se empatia. 
"Sparrows" é um longa precioso, partindo das experiências particulares de um adolescente que amadurece e percebe que a vida pode ser cruel e que decisões são cruciais.

Um comentário:

  1. Filme totalmente produzido na Islândia, eu assisti apenas "Ikingut - Na Terra do Gelo". Preciso escrever sobre ele no blog.

    Abraço

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