quarta-feira, 20 de abril de 2016

A Ovelha Negra (Hrútar)

"A Ovelha Negra" (2015) dirigido pelo islandês Grímur Hákonarson é um conto pastoril fascinante sobre a relação homem/natureza e os laços familiares que a vida às vezes afrouxa, mas que termina unindo repentinamente.
Gummi (Sigurður Sigurjónsson) e Kiddi (Theodór Júlíusson) são irmãos e não se falam há aproximadamente 40 anos. Eles moram em propriedades vizinhas e são obrigados a conviver. A vida é simples e pautada pela criação de ovelhas e as competições destes animais, onde é analisado o porte. Gummi é esperto e observador e é ele que descobre uma doença infecciosa, a scrapie, nos rebanhos de Kiddi. E, infelizmente, todos da região precisarão abater seus animais para que a doença seja exterminada. Os criadores se preocupam, pois o inverno está chegando e o único sustento deles são as ovelhas. Kiddi fica com raiva de Gummi, este que sempre invejou o irmão por ter os animais mais fortes e bonitos. As desavenças são marcadas por um sutil humor, soa como duas crianças brigando. Não se sabe bem onde a rivalidade começou, o fato é que Kiddi é um homem rabugento e alcoólatra e Gummi vivaz e compenetrado, mas ambos solitários e aficionados por seus animais.
A criação de ovelhas na Islândia é super importante e é um dos principais meios de subsistência, nesse lugar tão gélido e pacato observamos a vida de fazendeiros, de pessoas que se preocupam como vão ultrapassar a próxima estação do ano. O inverno é rigoroso e sem as ovelhas fica impossível. Outros criadores optam por sair do local, mas Gummi resiste e antes que venham abater os seus animais, ele mesmo dá um jeito em tudo. Só que em dado momento precisará de ajuda e aí vai pedir a seu irmão, que não pensa duas vezes e o socorre. O relacionamento com os animais é de puro afeto, Gummi e Kiddi se orgulham de ter ovinos de linhagens campeãs, algo que vem de família e que a todo custo tentarão manter.
Apesar do clima melancólico, frio e solitário, há pitadas de humor, por vezes peculiar, mas que envolve e deixa a narrativa interessante. É um filme muito bonito, a paisagem da Islândia é deslumbrante, um deserto gelado, natureza bruta, o ser humano ali precisa se adaptar e aproveitar tudo que ela lhe traz. A natureza é majestosa e por muitas vezes cruel. No fim de tudo percebemos o quanto o ser humano se apega a sentimentos pequenos, desperdiçando vida e amor ao próximo, quando na verdade, o que mais queremos é um abraço que aconchega e aqueça nossa alma.

É uma experiência contemplativa que nos faz pensar nas relações familiares, na sensação de pertencimento, e também no como somos pequenos diante à natureza, mas, principalmente, como as nossas atitudes mesquinhas se tornam ridículas e completamente desnecessárias em uma situação de desespero. Ao final os irmãos se unem numa belíssima cena que transborda fraternidade e amor.

Além das ovelhas, um outro animal se faz importante na Islândia, o cavalo, "Cavalos e Homens" (2013), dirigido por Benedikt Erlingsson é um filme que retrata essa realidade, é um outro conto bem típico vindo desta terra tão curiosa chamada Islândia. 

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