quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Skin

"Skin" (2018) roteirizado e dirigido por Guy Nattiv, também criador do curta de mesmo nome lançado no mesmo ano, Skin - 2018, cuja violência é a grande protagonista, traz neste a biografia de Bryon Widner, um neo-nazista que decide mudar de vida depois que experimenta o amor verdadeiro.
Bryon Widner (Jamie Bell) é um jovem homem que foi criado por skinheads notórios na comunidade de supremacia branca. Decidido em mudar sua vida, ele vira as costas para todo o ódio e a violência que foi ensinado, com a ajuda de um ativista de direitos negros.
Acompanhamos Bryon e sua violenta gangue que considera sua família, pois o líder o tirou da sarjeta e lhe deu casa e comida, há uma hierarquia rígida e todos obedecem Fred (Bill Camp) e todos têm a proteção e o amor distorcido da mãe, Shareen (Vera Farmiga). É angustiante assistir os diversos ataques brutais contra as mais diversas etnias, a violência escorre pelos poros do personagem e suas tatuagens faciais simbolizam o ódio e a cada novo ataque vai ganhando mais e mais desenhos, ele mesmo é um excelente tatuador, porém só exerce entre os seus, a montanha-russa de sentimentos destrutivos o atravessa dia após dia e desconta nas drogas, no sexo e através da violência, as cenas não poupam em retratar com crueza atos cruéis e exemplificam com intensidade a maneira de pensar e agir dessas pessoas que não suportam o diferente, as ideias distorcidas e a lavagem cerebral que os mais velhos fazem para agregar os mais novos, geralmente são adolescentes abandonados com famílias disfuncionais que passam fome e perambulam pelas ruas, eles oferecem casa, comida, proteção e os transformam em extremistas intolerantes capazes das mais diversas atrocidades.
As coisas começam a mudar quando Bryon conhece Julie (Danielle Macdonald), uma mãe solteira que também já fez parte desse mundo violento, mas por conta de suas três filhas mudou, sua maneira espontânea e corajosa desperta em Bryon algo inédito, principalmente também após ele pensar no último ato cometido contra um adolescente negro, com o passar dos dias ele se corrói e entra numa crise de consciência, a convivência com as crianças de Julie o desperta para o amor e sua postura naturalmente vai mudando, só que a sua "família" não permite que saia de casa e a cada novo ataque Bryon começa a ficar de lado e não promove mais a violência, o que o caracteriza em um traidor. Ele é ameaçado e tanto Julie como suas filhas sofrem as consequências. Nessa parte a aflição aumenta graças a intensa performance de Jamie Bell que incorpora com potência o personagem e nos fornece uma história de redenção consistente e envolvente.

Bryon conta com a ajuda de um ativista negro (Mike Colter), ele acredita na mudança dessas pessoas e se dedica de coração nessa missão já que ele próprio fez parte de uma gangue e teve a oportunidade de mudar. Decidido a realmente largar tudo Bryon auxilia a polícia a encontrar os membros e pelo ato de bondade de uma anônima começa a remoção de suas tatuagens, um dolorido processo, mas que simboliza que é possível mudar e se livrar de pensamentos e sentimentos que destroem.

"Skin" é um filme intenso tanto na exposição da violência como na sensibilidade que floresce, impacta e gera esperanças na mudança, é tanto ódio e intolerância sendo semeados que realmente cega quem sempre viveu dentro desse sistema, quando Bryon enxerga além de seu meio e percebe que aquilo não era família sente necessidade de mudar e essa transformação acontece de forma lenta com um penoso processo de autoconhecimento.

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