terça-feira, 13 de agosto de 2019
Minha Filha (Figlia Mia)
"Minha Filha" (2018) escrito e dirigido por Laura Bispuri (Virgem Juramentada - 2015) é um filme de mulheres fortes, aborda de maneira realista e cru uma situação complexa em que uma menina de 10 anos se vê dividida entre suas duas mães, a construção das personagens é seu maior triunfo e sua sensibilidade em torno do crescimento de cada uma é emocionante.
A guarda de uma menina está sob disputa de duas mães, a de criação Tina (Valeria Golino) e a biológica Angelica (Alba Rohrwacher) que almeja tê-la de volta. No centro do conflito, Vittoria (Sara Casu) se vê obrigada a lidar com questões existenciais muito acima do seu nível de maturidade, prestes a fazer uma escolha que a afetará a sua vida para sempre.
Acompanhamos Vittoria, uma garota retraída e excluída pelos colegas da escola, ela vive com Tina, sua mãe de criação e não lhe falta afeto e cuidados, Tina prometeu a Angelica que a ajudaria em qualquer situação, as duas são amigas de infância e vizinhas desde sempre, acontece que Angelica está sendo despejada e pretende ir embora, então Tina decide junto ao marido que Vittoria deveria vê-la, porém antes desse encontro a garota já tinha se deparado com essa mulher num rodeio em uma situação constrangedora, quando fica cara a cara com Angelica a menina percebe as semelhanças e a partir daí uma transformação se inicia. Vittoria todos os dias caminha até o sítio de Angelica e juntas conversam e passeiam pelos arredores, conhecemos um pouco mais dessa mulher tão perdida, alcoólatra vive no único bar do local se prostituindo e repleta de dívidas necessita vender seus animais e talvez ir para bem longe, só que as constantes visitas de Vittoria adia essa partida e algo nela também começa a mudar. A relação é descoberta por Tina que fica irritada e com medo de perder sua filha, a disputa é complexa, pois cada uma é de um jeito e Vittoria se sente mais solta com Angelica, se diverte e aprende coisas novas, Tina fica com os nervos à flor da pele, entra numa espiral de angústia e não sabe mais o que fazer para recuperar a atenção da menina.
O maior ponto do filme é retratar o triângulo sem apelar para melodramas, a construção das personagens e o modo fluído que se entrelaçam dão seriedade à história e comove, é forte na exaltação das mulheres, nas suas diferenças e que apesar delas ninguém precisa sair perdendo, o amor acolhe a todas. Gravado na ilha de Sardenha, a paisagem arenosa e desolada com suas ruínas em pedra e as diversas trilhas em meio as montanhas só intensifica os sentimentos evidenciados.
O maior ponto do filme é retratar o triângulo sem apelar para melodramas, a construção das personagens e o modo fluído que se entrelaçam dão seriedade à história e comove, é forte na exaltação das mulheres, nas suas diferenças e que apesar delas ninguém precisa sair perdendo, o amor acolhe a todas. Gravado na ilha de Sardenha, a paisagem arenosa e desolada com suas ruínas em pedra e as diversas trilhas em meio as montanhas só intensifica os sentimentos evidenciados.
É interessante observar o amadurecimento de Vittoria, sua jornada para o autoconhecimento e entender que tanto Tina como Angelica são importantes para si, Tina a protege e supre suas necessidades, já Angelica com seu jeito expansivo a motiva, essa combinação complementa uma à outra e mais adiante fortalecerá ainda mais a personalidade da menina, a cena final exemplifica que sem dúvidas Vittoria não é mais a mesma.
"Minha Filha" é um filme que quebra alguns pensamentos sobre o amor materno e mostra que padrões e fórmulas não existem, a visão de que não há necessidade de escolher entre uma ou outra é bela e sensível, a convivência entre elas mesmo sendo frágil e complexa certamente será um alicerce para Vittoria.
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Mais uma boa dica. Não conhecia este filme.
ResponderExcluirAbraço