terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Utøya 22 de Julho: Terrorismo na Noruega (Utøya 22. Juli)

"Utøya 22 de Julho: Terrorismo na Noruega" (2018) dirigido por Erik Poppe (The King's Choice - 2016) reconta o massacre em um acampamento da ala jovem do Partido Trabalhista, na ilha de Utoya, promovido pelo extremista de direita Anders Behring Breivik em 22 de Julho de 2011 após ter matado oito pessoas em um atentado a bomba em Oslo, o filme segue em uma única sequência, câmera na mão e recria intermináveis 72 minutos (tempo exato da carnificina) com extrema tensão, o tiroteio é sob o ponto de vista das vítimas, especialmente, Kaja, que em meio ao inferno busca por sua irmã. É um excelente trabalho em que a veracidade dos acontecimentos machuca o espectador, o desespero domina a cada som de tiro juntamente com o semblante apavorado dos jovens.
No pior dia da história norueguesa moderna, Kaja (Andrea Berntzen) ao mesmo tempo que se preocupa com o comportamento da sua irmã mais nova Emilie (Elli Rhiannon Müller Osbourne), tenta compreender e buscar nos noticiários sobre o que ocorreu em Oslo. Em menos de duas horas Breivik consegue fazer seu segundo ato terrorista entrando disfarçado na ilha e antes que alguém percebesse as suas intenções começou a disparar. Kaja representa o pânico, medo e desespero dos 500 jovens enquanto busca sua irmã na floresta. 
A notícia do atentado a Oslo chega à ilha e preocupa os jovens, não há muita informação, tudo acontece rápido e apenas algumas horas depois o atirador entra em Utoya e começa o massacre, completamente isolados e desprevenidos tentam sobreviver diante o terror de não saberem o que está acontecendo, pois o cara estava disfarçado de policial, alguns tentam pedir ajuda mas as chamadas eram rejeitadas devido o ocorrido em Oslo, a todo instante estamos junto de Kaja que ao mesmo tempo tenta se proteger e procura por sua irmã em meio ao caos, o atirador não é mostrado, somos guiados pelos sons dos tiros, ora perto, ora longe, e todo o pânico causado. O desespero é imenso, segue correria pelo bosque, tentativas de se esconder no camping, entre as árvores, entre as rochas, fugas a nado enquanto se deparam com inúmeras pessoas mortas pelo caminho e também ao enfrentar recusas de abrigo em prol da própria sobrevivência.

É um filme de horror, o horror real das consequências do ódio disseminado pelo mundo, a maneira que o diretor resolveu retratar esse ato cruel longe do viés político e mais próximo do humano foi um acerto e deixa-o forte, ao contrário de somente expor e fazer desse horrível episódio entretenimento preferiu dar ênfase no sofrimento humano como meio de compartilhar os sentimentos vividos pelos jovens.
Apesar da temática forte e traumática, existe um lado sensível por parte dos realizadores em respeito as vítimas, baseado em relatos dos sobreviventes ao ataque confere bastante autenticidade e nos faz imergir de forma intensa, são minutos inquietantes da mais pura agonia e o nó na garganta permanece mesmo após seu término.

"Utoya 22 de Julho" é um importante filme para se refletir na onda crescente de ódio e a problemática em que o continente europeu e o mundo está passando com movimentos de extrema direita ganhando cada vez mais adeptos, desse modo essa obra serve como um alerta e demonstra com propriedade o estrago desses ideais distorcidos, mais uma vez a escolha de focar no sofrimento, na tensão dos jovens e não no atirador só aumenta seu valor por expor exatamente o sentimento causado e não gerando publicidade em cima de sua figura, o que aconteceu e muito na época do massacre e como fez o filme "22 de Julho", disponível na Netflix, que trata o fato de forma mais didática.
É um longa necessário que trabalha nossa humanidade ao retratar o quão intolerante e violento o mundo está e que coisas desse tipo não podem se repetir, com certeza uma ferida que nunca será cicatrizada num país dito tão pacífico.

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