terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Culpa/The Guilty (Den Skyldige)

"Culpa" (2018) dirigido pelo estreante Gustav Mölle é um suspense policial dinamarquês de forte tensão, os nervos ficam à flor da pele e perdemos o fôlego juntamente com o protagonista, que é filmado com a câmera grudada em seu rosto por quase todo o filme, um excepcional trabalho de Jakob Cedergren.
O policial Asger Holm (Jakob Cedergren) está acostumado a trabalhar nas ruas de Copenhague, mas devido a um conflito ético no trabalho, é confinado à mesa de emergências. Encarregado de receber ligações e transmitir às delegacias responsáveis, ele é surpreendido pela chamada de uma mulher desesperada, tentando comunicar o seu sequestro sem chamar a atenção do sequestrador. Infelizmente, ela precisa desligar antes de ser descoberta, de modo que Asger dispõe de poucas informações para encontrá-la. Começa a corrida contra o relógio para descobrir onde ela está, para mobilizar os policiais mais próximos e salvar a vítima antes que uma tragédia aconteça.
Asger não gosta de apenas atender os telefonemas, mas devido seu comportamento foi colocado nesta posição, todos o olham com desconfiança e já de início percebemos ser impulsivo, ele tem uma certa ânsia em agir e quando recebe a ligação de uma mulher que finge estar falando com a filha, logo se dá conta que é um sequestro e articula meios para que sua vida seja poupada, ele passa a informação, mas não tem paciência com os protocolos e cada vez mais imerge no caso burlando regras e tomando a frente com decisões arriscadas. Tudo indica que ela está sendo sequestrada pelo ex-marido, as crianças estão sozinhas em casa, ele está levando a mulher para algum lugar em uma van e assim vamos construindo as imagens segundo o ponto de vista de Asger. Os planos são extremamente fechados, a maior parte do tempo a câmera está no rosto de Asger, nos colocando bem próximos de seus sentimentos e sua personalidade no trabalho, fixado neste caso não consegue atender mais ninguém e somente quer fazer justiça e libertar essa mulher, só que conforme o tempo passa vai tomando decisões equivocadas e autoritárias, ele passa por cima dos colegas e de todo o procedimento para tentar ao final se tornar um herói. As reviravoltas marcam a história, sentimentos como desespero, angústia, senso de justiça e culpa dão várias nuances e elevam o gênero suspense dando muito para o espectador refletir, outro ponto que faz o filme ser incrível é o como consegue nos levar junto de seu personagem, pois tudo que temos são os diálogos dos telefonemas.

Jakob Cedergren (Submarino - 2010, Faro - 2013) carrega o filme nas costas, é realmente brilhante, um personagem complexo, um homem que quer fazer a coisa certa, mas que por impulso acaba estragando tudo, cruza os limites éticos, não tem paciência com o sistema burocrático e lerdo da polícia. Sua teimosia em querer fazer do seu jeito e interferir sem saber exatamente o que se passa o prejudica, assim como o caso do qual está sendo julgado e é o motivo de estar atendendo os telefonemas na delegacia.

"Culpa" é um filme que mescla o drama e o suspense com impressionante rigor, surpreende por sua narrativa e seus desdobramentos, o clima claustrofóbico e tenso predomina e ainda trabalha bastante nossa imaginação, além de fazer refletir sobre as camadas e os dilemas que envolvem o sentimento de culpa e o de fazer justiça.

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