quarta-feira, 8 de agosto de 2018
Custódia (Jusqu'à la Garde)
"Custódia" (2017) dirigido pelo estreante Xavier Legrand é um drama francês que aterroriza tamanha a sua crueza e momentos tensos, é uma história que infelizmente acontece e muito na realidade e é necessária para que se analise as leis que ao invés de dar voz à criança prefere escolher por pura sorte quem dos pais tem a razão.
O casal Besson se divorcia. Para proteger o filho de um pai que ela acusa de violências, Miriam (Léa Drucker) exige a guarda exclusiva. A juíza encarregada do caso decide pela guarda compartilhada, pois considera Antoine (Denis Ménochet), o pai, desrespeitado. Refém entre seus pais, Julien (Thomas Gioria) vai fazer de tudo para impedir que o pior aconteça.
Muito importante a temática abordada, com seriedade reflete todos os lados de uma separação, que por si só já desestabiliza os filhos, ainda mais quando os adultos não têm inteligência emocional e se há problemas maiores, como abuso e violência, piora. O início já começa impactando e nos colocando como júri, será que a mãe está querendo afastar o filho do pai? A alienação parental tem sido muito discutida e é um terreno perigoso de se passar, pois para se concluir isso, precisaria escutar a criança, coisa que não acontece, as autoridades nunca ouvem o que os filhos têm a dizer, não dispõem profissionais para isso, não levam em consideração, subestimam a criança, e assim julgam o que o pai e a mãe diz a seus advogados, estes que incrementam ou omitem fatos.
A prepotência da juíza em decidir isso ou aquilo com base em informações que cada um deles disponibiliza para seus advogados, mesmo com a criança dizendo que não quer mais ver o pai por medo, é uma enorme irresponsabilidade para com a vida do maior interessado. Observar Julien em meio ao terrorismo psicológico destrói, causa angústia no espectador, quantas e quantas histórias não conhecemos na realidade em que pais se separam e criam um inferno para a criança, que vai desde a alienação parental, a questões de pensão alimentícia, guarda compartilhada e tantas outras, aqui o que se sucede é mais terrível, o abuso e a violência que advém do pai, que é ignorada pela juíza. Vemos a advogada dele amenizar situações e borrar fatos, no que acaba resultando-o em vítima, então o veredito é a guarda compartilhada. Claro, nesse começo o filme nos confunde em relação as personalidades e o faz de propósito, porque não é algo simples de se resolver, como a autoridade o fez, com arrogância e descaso com Julien, que sim deveria ser ouvido.
A prepotência da juíza em decidir isso ou aquilo com base em informações que cada um deles disponibiliza para seus advogados, mesmo com a criança dizendo que não quer mais ver o pai por medo, é uma enorme irresponsabilidade para com a vida do maior interessado. Observar Julien em meio ao terrorismo psicológico destrói, causa angústia no espectador, quantas e quantas histórias não conhecemos na realidade em que pais se separam e criam um inferno para a criança, que vai desde a alienação parental, a questões de pensão alimentícia, guarda compartilhada e tantas outras, aqui o que se sucede é mais terrível, o abuso e a violência que advém do pai, que é ignorada pela juíza. Vemos a advogada dele amenizar situações e borrar fatos, no que acaba resultando-o em vítima, então o veredito é a guarda compartilhada. Claro, nesse começo o filme nos confunde em relação as personalidades e o faz de propósito, porque não é algo simples de se resolver, como a autoridade o fez, com arrogância e descaso com Julien, que sim deveria ser ouvido.
Antoine começa a buscar Julien nos finais de semana e de começo pouco a pouco se intrometer na vida pessoal de Miriam, faz perguntas ao filho sobre ela ter um namorado ou quando descobre que arranjou outra casa vira um monstro ao querer saber o endereço, a filha mais velha como vai completar dezoito anos em breve tem a opção de querer ou não vê-lo e por isso se afasta completamente. Antoine não consegue se segurar por muito tempo e logo se demonstra um homem violento, segue Miriam, invade o apartamento novo, esse que seria um refúgio para ela e os filhos, faz o filho dar o número de celular dela e aterroriza com seus jogos emocionais. O medo dessa mulher é tão evidente que transpassa a tela, quando ela é atormentada na festa de aniversário da filha e a irmã a protege é essa a sensação que temos, de atravessar a tela e também fazer alguma coisa, pois ela está psicologicamente destruída e diante das consequências não é capaz é agir.
A interpretação de Thomas Gioria é visceral, seus silêncios, sua expressão de pavor toda vez que Antoine vem pegá-lo, o desespero de que algo ruim possa acontecer e de sempre ficar mediando os acontecimentos para defender sua mãe, o que faz com que o pai desconte nele quando descobre algo, a ruína psicológica dele é clara e é impressionante o como esses casos são mais corriqueiros do que pensamos, o abusador se torna a vítima, a mulher encurralada por uma decisão judicial fica de mãos atadas e a criança ao invés de ser o centro fica à deriva e acumulando traumas.
"Custódia" é intenso e não é à toa que está sendo classificado como terror por quem o assiste, pois a sensação que causa é justamente essa, a tensão crescente anuncia seu final, é inegável o caminho que a história irá tomar, o caos, mas o roteiro inteligente e cru nos leva até o ápice com grande aflição e força, a sequência final é interminável, a agonia e o nó na garganta que produz não some depois de seu término seco, persiste e ficamos ali parados com os olhos arregalados e respiração ofegante. Uma obra necessária, uma forma eficaz de se pensar em como a lei é sórdida ao não dar importância ao testemunho da criança, em tomar decisões com base somente naquilo que os advogados contam, em não se levar em consideração relatos de violência. Uma potente história que retrata o terror real e que suscita discussões urgentes.
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Belo texto. É um filme sensacional que me provocou um choro engasgado,senti-me sem ar na sequência final.
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