terça-feira, 14 de agosto de 2018

A Próxima Pele (La Propera Pell)

"A Próxima Pele" (2016) dirigido pela dupla Isa Campo e Isaki Lacuesta é um filme envolto por um clima de mistério, instigante retrata conflitos de relação, questões psicológicas advindas de traumas, as pistas são dadas no decorrer da trama, mas no final não importa muito a revelação e sim todas as situações que envolvem o protagonista.
Por muitos anos, ninguém sabia o que havia acontecido com Gabriel (Àlex Monner), um garoto de nove anos que sofreu um acidente nas montanhas que deixou seu pai morto. Anna, a mãe (Emma Suárez) e outras pessoas suspeitavam que ele estivesse morto, porém, oito anos depois, ele retorna para casa alegando ter amnésia. Retendo apenas memórias básicas, ele busca restabelecer sua conexão perdida com a mãe, mas suspeitas de que ele seja apenas um impostor começam a surgir.
Gabriel foi reconhecido pela mãe após oito anos desaparecido, ele estava morando em um abrigo com o nome de Leo, todas as esperanças estavam praticamente anuladas devido a complexidade do acidente, os habitantes o recebem bem, mas ficam desconfiados, principalmente o tio Enric, que diz na cara dele que sabe que é um impostor, Anna não quer nem saber de exames para comprovar de fato se é seu filho, seu coração lhe dá a certeza, aos poucos ele se acostuma à rotina e o tédio do local, por ele ser diagnosticado com amnésia seletiva, lembrar de algumas coisas e outras não, as pessoas o olham com certo receio, quando vê seu amigo Joan (Igor Szpakowski) lembra dele, mas de outras mais próximas, como o tio não, o que será que acontece com Gabriel? Seria porque bloqueou momentos ruins envolvendo essas pessoas, ou simplesmente é um impostor, um garoto carente e sem perspectivas que encontra em Anna um porto seguro e amor? Essas perguntas ficam martelando o tempo todo e ora temos certeza que ele é Gabriel e ora temos absoluta certeza que não. E isso se deve a maravilhosa interpretação de Àlex Monner, multifacetado e sedutor, que sofre em muitos momentos ataques de ansiedade e outras sofre por se sentir perdido, ele é uma mistura de carência e fúria. Um jovem atraente que coleciona histórias de lugares por quais passou enquanto estava desaparecido, seu amigo Joan o admira e se mostra seguro sobre ele ser realmente Gabriel. Já o tio o quer fora dali, ele não admite que o garoto mude toda a rotina de Anna e, que principalmente, roube o amor, que antes não era dividido com ninguém, ao saber do caso de sua mãe com ele Gabriel se torna mais ríspido e diz que não contará nada se Enric não contar sobre ele, novamente a dúvida e questões sobre os conflitos de relação do passado se tornam mais pungentes, como sobre o pai de Gabriel não ser uma boa pessoa.

É um drama que proporciona refletir sobre relações familiares, traumas e suas consequências, o título "A Próxima Pele" já nos diz muito sobre o protagonista, Leo/Gabriel. Acompanhar o processo dele é doloroso e o final se torna ainda mais tenso, quando confrontado pelo seu tio ele parece relembrar do dia em que desapareceu e os motivos. Mas nada é claro, as respostas não são explícitas, para o espectador cabe pensar em tudo que viu, o comportamento dos personagens, nas situações que desencadearam, nos segredos, nas mentiras, e assim vamos montando um quebra-cabeça.

"A Próxima Pele" é um filme lento e fechado, é todo permeado por dúvidas e muitas coisas não são aprofundadas, mas segue cativante e instigante em todo o seu desenrolar, é um drama denso e que permite ao espectador tirar suas próprias conclusões. 
Está presente no catálogo da Netflix!

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