sexta-feira, 25 de maio de 2018

Vingança (Revenge)

"Vingança" (2017) dirigido e roteirizado pela estreante Coralie Fargeat é um thriller sangrento que evoca o clássico "A Vingança de Jennifer" (1978), o renascimento e o acerto de contas da protagonista é estonteante e imensamente satisfatório, traz com muito pulso firme a discussão da cultura do estupro, só que abordado pelo viés exploitation, o que é algo arriscado e subversivo, mas acaba acertando em cheio e é impossível não se conectar com o rumo que a história toma, a tensão e a vibração seguem por todo o desenvolvimento e o espectador se deleita com a enxurrada de sangue exibida. 
Jen (Matilda Lutz) chega de helicóptero com seu amante bem-sucedido Richard (Kevin Janssens) em uma região desértica para um final de semana, a sensual Jen é o desejo de qualquer hétero, corpo escultural e imensamente provocante, ela está ali para curtir e se esbaldar, no dia seguinte chega dois amigos de caça de Richard, Stan (Vincent Colombe) e Dimitri (Guillaume Bouchede), logo de cara começam a comer a garota com os olhos, o pensamento que ela seja uma puta pela situação em que se encontra é nítido, a noite todos bebem e se divertem, Jen dança com Stan e isso dá impulso para ele chegar nela sem nenhum escrúpulo, na manhã enquanto Richard vai resolver problemas dos passaportes, Stan chega nela e investe, quando a moça o repele fica nervoso e termina a estuprando, Dimitri chega no quarto e consente e simplesmente aumenta o volume da TV para abafar os gritos e vai nadar. Quando Richard volta eles contam o acontecido e Jen está devastada, só que aí Richard preocupado que Jen conte algo e desmanche sua imagem e casamento decide se livrar dela, Jen desesperada começa a correr pelo deserto e para diante de um penhasco, Richard tenta convencê-la de que tudo se ajeitará e quando chega próximo a empurra e ela cai espetada em um galho, antes deles chegarem no local para se desfazer do corpo, Jen consegue escapar, se rasteja deixando um grande rastro de sangue, é aflitivo acompanhar o seu renascimento, mas vai ficando maravilhoso à medida que ela ganha forças para se vingar de seus agressores. 

Jen é vista apenas como um objeto sexual, é caracterizada como uma puta que com certeza está a mercê de qualquer um, para Stan é incompreensível ela não querê-lo, é inadmissível uma mulher linda e exuberante recusar um homem, uma mulher não pode querer se divertir com seu amante do mesmo modo que ele se diverte com ela, pois é considerada vadia ao modo que o homem é considerado pegador. Ela é tão descartável que depois que a violentam a jogam penhasco abaixo, mas eles não contavam que ela sobreviveria e que muito menos ainda provocasse a morte deles de maneira tão brutal. Jen renasce e adquire instinto de sobrevivência, por conta do estilo do filme joga-se qualquer tipo de explicação ou se seria possível isso ou aquilo, o interessante aqui é a inversão que ocorre quando Jen começa a persegui-los, de predadores se tornam presas, os machões se desfazem e expelem medo por todos os poros, e como é gratificante vê-los nesta situação. O sangue é jorrado em demasia e a dor no rosto é sempre evidenciada, a cena em que Jen se recupera numa caverna é altamente alucinante e tantas outras causam desassossego, como a do vidro sendo retirado do pé de um deles.

"Vingança" é um filme estilizado e promove um acerto de contas catártico, Matilda Lutz está impecável em sua transformação, o foco do filme está em colocar os homens numa posição de fragilidade e objetificação, inverte-se os papéis quando Jen os persegue e os expõe de maneira constrangedora, a violência e o sangue é o que impera. Um ótimo exemplar de cinema exploitation moderno!

Um comentário:

  1. Interessante, apesar de vários filmes menores copiarem a mesma trama de "A Vingança de Jennifer", fiquei curioso com este filme francês.

    Abraço

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