quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Joe

"Joe" (2013) de David Gordon Green (Prince Avalanche - 2013) é um filme bastante interessante que traz personagens sombrios e violentos em uma região que é marcada por regras locais. Não tem como não mencionar Nicolas Cage, que volta a sua velha forma e mostra que ainda existe talento dentro de si, o ator que sofre uma decadência em sua carreira devido a escolha de papéis nada favoráveis tem sido alvo constante de piadas. Cage faz um sujeito de poucas palavras e aparentemente nada sensível, mas no decorrer da história vamos nos afeiçoando a Joe e percebemos que apesar de tudo, é um homem bom. Uma atuação surpreendente!
Baseado no livro homônimo de Larry Brown, a história segue Joe Ransom (Nicolas Cage), um ex-presidiário que vive preso ao passado. Afundado na bebida e amargurado com a vida, ele começa a trabalhar em uma madeireira durante o dia, procurando uma vida simples. Durante seu período de trabalho, ele encontra com Gary (Tye Sheridan), um jovem de 15 anos, que procura trabalho desesperadamente para conseguir sustentar sua família, e cujo pai é alcoólatra. Joe decide proteger e cuidar do menino, oferecendo-o um trabalho. O filme é seco, já no início percebemos que a história não vai ser amena. O diálogo entre pai bêbado e filho gera um certo desconforto. Aliás, o personagem do pai é facilmente odiado por nós, suas atitudes são tão mesquinhas e ordinárias que causam náuseas. Tye Sheridan nos presenteia com uma atuação segura e digna de prêmios, mais uma vez mostra que tem personalidade e um longo caminho a trilhar.
Joe dá emprego a Gary e fica impressionado com a vontade dele de trabalhar, aos poucos descobre a turbulenta relação que existe entre o garoto e o pai, Joe até dá emprego pro velho bêbado, mas este está mais interessado em passar os outros para trás, fingir que trabalha e roubar. Gary acaba sustentando o vício de seu pai, além de conviver com a mãe e a irmã com sérios problemas psicológicos. O vínculo entre os dois vai se estreitando e o solitário Joe vai demonstrando a sua personalidade mais doce. O personagem é carregado de nuances, ele se mantém quieto para não explodir diante a erros que vê, evita brigas, mas as pessoas não desistem de perturbá-lo, principalmente a polícia que o persegue constantemente.

Há vários pontos interessantes neste longa, a verossimilhança em retratar a região sul dos EUA, a dificuldade, a pobreza e os meios nem tão regulares de se trabalhar, vide a madeireira que Joe lidera, cujo intuito é injetar veneno em árvores sadias. Curioso o fato de terem colocado um alcoólatra de verdade para viver o pai de Gary, e que infelizmente faleceu pouco depois das gravações. Não há um instante sequer em que esse velho não dê nos nervos, uma real atuação, a cena que destaco é quando segue um mendigo fazendo perguntas, mas de olho na bebida o mata. Vale salientar também a rica trilha sonora, a música country só ressalta a atmosfera do local.

"Joe" pode até ser um pouco estereotipado, mas é um excelente filme com personagens fortes. É duro e ao mesmo tempo sensível, pois explora-se muito bem as dores e as complexidades de seus personagens, e o silêncio muitas vezes predomina dando um tom sombrio. É uma ótima oportunidade de ver Nicolas Cage em um bom personagem novamente e se encantar pelo jovem Tye Sheridan.  

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