quinta-feira, 13 de setembro de 2012
O Substituto (Detachment)
"E nunca me senti tão profundo e ao mesmo tempo tão alheio de mim e tão presente no mundo." (Camus)
Henry Barthes é um professor brilhante com um verdadeiro talento para se conectar com os seus alunos. Em outro mundo, ele seria um herói para sua comunidade. Mas assombrado por um passado conturbado, ele escolhe ser professor substituto, nunca na mesma escola por mais que algumas semanas, nunca permanecendo tempo suficiente para formar qualquer relação com os alunos ou colegas. Uma profissão perfeita para alguém que busca se esconder. Quando uma nova missão o coloca numa decadente escola pública, o isolado mundo de Henry é exposto por três mulheres que mudam a sua visão sobre a vida: uma estudante, uma professora e uma adolescente fugitiva. O professor chega a essa escola pública que está um verdadeiro caos, lá ele tenta criar uma conexão com os alunos que estão indiferentes a tudo. Logo vemos o protagonista ajudando uma prostituta, uma garota que está perdida no mundo, vemos o sofrimento de Henry em tentar colocar algo na cabeça daqueles alunos, e o relacionamento dele com a prostituta cresce rapidamente, apresentando uma figura quase paterna. Um ato de proteção. Mas Henry não serve para cuidar de ninguém, ele é solitário, repleto de angústias.
O desinteresse dos alunos é enorme, o sistema educacional é precário e a vontade é completamente nula, quando perguntado o que eles querem da vida, respondem: Nada! Que tipo de pessoas se tornarão se decidirem entrar para a faculdade, que tipo de profissionais serão? Ou se não, o que será desses adolescentes? A indiferença e o desapego das pessoas só cresce, a solidão aumenta e todos escondem suas tristezas causando em si medos e mágoas. No filme fica claro que os problemas são mais dos alunos do que do ensino, mas isso varia muito. Em tempos de bullying, onde qualquer ponto é exposto em forma de sarcasmo, colocando os pontos fracos em evidência, não há um breque, um modo de fazê-los parar, são adolescentes sem propósitos, mimados, revoltados, egoístas e prepotentes. Os professores, por sua vez se tornam indiferentes a tudo isso para poderem suportar esse caos, ou ficam doentes tentando.
"Todos nós temos problemas e os nossos assuntos para cuidar. Alguns dias são melhores que outros, outros já não são tão bons, e tem dias que temos nosso espaço limitado por outras pessoas”.
A conformidade de estar vivendo o caos gera a desesperança e não há nada tão pessimista do que isso, o clima do filme produz um desconforto dentro da gente, é como se apertassem-nos e depois chacoalhassem-nos dizendo: "Esse é o mundo em que você vive". É a realidade cuspindo na nossa cara, assim como a atitude daqueles adolescentes que não respeitam nem a si próprios.
No meio disso tudo há um resquício de humanidade, principalmente em como Henry trata a prostituta, com respeito, cuidado, e piedade. Ali é a ponta que resta de sua esperança, mas sem grandes resultados. Adrien Brody atua de forma comovente, brilhante, é dono de cenas profundas e diálogos marcantes, inclusive um desabafo que faz em sala de aula.
"O Substituto" é um filme triste diante da impossibilidade e da impotência do ser humano em querer fazer algo, é de uma beleza dolorosa. Dói porque é real!
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