sexta-feira, 29 de junho de 2012
Hanami - Cerejeiras em Flor (Kirschblüten - Hanami)
"Hanami" (2008) dirigido por Doris Dörrie é um filme que trata em sua essência da cultura japonesa, com uma trama simples, delicada e emocionante, nos traz um leque de simbolismos.
Rudi Angermeier (Elmar Wepper) e Trudi Angermeier (Hanellore Elsner) é um lindo casal da terceira idade que leva uma vida rotineira e tranquila. Porém, ao receber a notícia de que seu marido está com uma doença que lhe dá poucos meses de vida, os médicos aconselham a Trudi que tenha cuidado ao contar sobre a enfermidade e sugere que o casal aproveite os últimos momentos para viajar ou realizar alguns de seus sonhos. Sem contar ao marido da doença, Trudi o convence a saírem do interior da Alemanha e irem a Berlim visitarem os filhos. Sem tempo para os pais, o casal vê o quanto eles se transformaram a ponto de considerar a breve visita um verdadeiro incômodo. A situação se agrava quando, ironicamente, Trudi morre, deixando seu marido sozinho em meio ao desprezo dos filhos. Ao voltar para sua cidade, Rudi decide se aprofundar nos pertences de sua mulher, e assim descobre que a vida toda ela alimentou o sonho de conhecer o Monte Fuji, no Japão.
Na capital, Tóquio vive um dos filhos do casal, Karl Angermeier (Maximilian Bruckner). Da mesma forma que os seus irmãos, Karl também não tem tempo e muito menos disposição para tomar conta do seu pai. Como forma de compensar os sonhos da esposa que não pôde realizar, Rudi parte em uma jornada em busca da essência de uma das formas de expressão que sua mulher mais admirava: o butô, uma dança típica oriental.
O butô busca uma forma de expressão que não seja necessariamente coreografada, nem a movimentos estereotipados que remetam a uma técnica específica, preocupa-se em expressar a individualidade, sem máscaras e véus.
A época de sua visita coincide com o período do Hanami, o festival das cerejeiras. Suas flores simbolizam a beleza, as mudanças e um novo começo.
Os laços familiares muitas vezes não significam absolutamente nada, com o tempo os filhos se distanciam tanto de seus pais que a mínima presença se torna incômoda, Rudi sentiu na pele o desprezo de seus filhos, por isso termina transmitindo todo o seu carinho para Yu (Aya Irizuki), uma garota que conhece na praça, uma dançarina de butô, e por meio dela concretiza o sonho de sua mulher, através de uma desconhecida realiza uma transformação interior.
Trudi queria dar alguma aventura à vida de seu marido antes dele morrer, mas ele não queria fazer nada, apenas seguir como de costume, e de repente a vida toma as rédeas e coloca-o de frente a uma busca, um algo que fizesse ele viver, foi por meio da morte inesperada da esposa, que sem querer, Rudi se abre para a vida e descobre a si mesmo.
Com uma bela fotografia, explora o contraste da correria do dia a dia dos japoneses, e ao mesmo tempo a busca da tranquilidade, onde Rudi encontrará respostas das quais nunca imaginou. A angústia do tempo que passou, pelo fato de Trudi não ter realizado o sonho, de se tornar dançarina de butô cai sobre ele de forma pesada, mas como o festival Hanami (o desabrochar das flores), há sempre tempo enquanto há vida, então ele vai em busca da transformação e realização.
O filme nos mostra de um modo singelo o quão é importante nos conhecer para que o outro possa entrar na nossa vida, o valor de uma amizade no sentido mais puro baseada no amor sem querer nada em troca, pode ser o momento mais magnífico que o ser humano pode atingir. Assim como as flores da cerejeira, é a nossa vida, breve. A qualquer momento se desprende da árvore, voa para longe, e desaparece.
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