quarta-feira, 25 de outubro de 2017
O Monstro no Armário (Closet Monster)
"O Monstro no Armário" (2015) escrito e dirigido por Stephen Dunn é um belo filme com uma história realista e que traz momentos vividos na infância do protagonista que ficam marcados e que mais tarde pesarão na personalidade e nas escolhas.
Oscar Madly (Connor Jessup) é um adolescente emocionalmente instável e traumatizado, porém muito criativo que deseja fugir das memórias de sua infância complicada e dolorosa. Certo dia, sua vida muda por completo quando um hamster falante (Isabella Rossellini) o ajuda a descobrir sua identidade.
Quando pequeno Oscar (Jack Fulton) vivenciou a separação dos pais, a mãe foi embora de casa por estar sufocada pela possessividade e descontrole do marido e o garoto sofreu as consequências, o pai (Aaron Abrams) supriu de maneira carinhosa a ausência da mãe mesmo com todos os seus defeitos, inclusive o preconceito, mas observamos cenas de afeto entre eles, outro trauma importante foi a agressão cometida contra um garoto num cemitério perto de sua escola por um grupo de homofóbicos, a imagem que ele viu marcou sua trajetória de se descobrir e se aceitar. Ainda na infância ele ganha um hamster do qual será um grande companheiro e conselheiro, pois esse hamster fala na imaginação dele, na adolescência vemos um jovem solitário que se expressa através de sua arte com maquiagem e fotografia, seu sonho é estudar numa prestigiada escola de arte cinematográfica em NY, Gemma (Sofia Banzhaf) é sua única e presente amiga, o pai de Oscar pensa que ela é sua namorada, pois não quer pensar que seu filho possa ser de fato gay. Oscar é reprimido e vive angustiado pelos traumas passados, sua mente sempre volta ao abandono da mãe e a violência presenciada.
Oscar precisa enfrentar o monstro que habita em si quando se apaixona por Wilder (Aliocha Schneider), um colega de trabalho descolado que vai abrindo as portas para que ele se liberte, não é um processo fácil, a sua jornada é angustiante, sofre decepções, experimenta momentos de fúria e uma enxurrada de sentimentos. A aceitação de sua sexualidade é dolorida, toda uma gama de lembranças ruins voltam e o ataca, as imagens da violência, as palavras do pai sobre cortar o cabelo para não aparentar ser gay, as meninas da escola fazendo o teste das unhas e o abandono da mãe. São sensações conflituosas que Oscar sente, as brigas com o pai sobre ele ser um derrotado e ainda sentir mágoa pela esposa tê-lo abandonado, as roupas que ele se recusa a devolver e que são guardadas no armário no quarto de Oscar. Essas coisas atingem ele de forma monstruosa, esmagando tudo o que ele é.
Nos aproximamos bastante do personagem e criamos um vínculo emocional com a história, Oscar interpretado por Jack Fulton na infância é brilhante e consegue passar com sua postura toda a dificuldade de uma criança para lidar com o abandono da mãe e presenciar uma agressão brutal. Outra coisa é o comportamento instável do pai, que passa de zeloso e gentil para ignorante e frouxo. Bastante perturbador para Oscar ter crescido nestas circunstâncias e vemos na interpretação de Connor Jessup as consequências, totalmente angustiante, o jovem não experimentou quase nada a vida e pouco sabe de si mesmo, claro que sabe que é diferente, mas não sabe lidar com o que está aflorando dentro de si. Uma poética e sensível interpretação.
O filme é lindo em todos os quesitos, fotografia de encher os olhos e que estimula sentimentos, trilha sonora que brinca com as nuances da música eletrônica, enquadramentos certeiros, ângulos asfixiantes e também o uso da câmera lenta, tudo evidenciado as emoções, criando uma atmosfera tensa e provocando ansiedade no espectador.
O filme é lindo em todos os quesitos, fotografia de encher os olhos e que estimula sentimentos, trilha sonora que brinca com as nuances da música eletrônica, enquadramentos certeiros, ângulos asfixiantes e também o uso da câmera lenta, tudo evidenciado as emoções, criando uma atmosfera tensa e provocando ansiedade no espectador.
"O Monstro no Armário" reflete o quanto situações traumáticas vividas na infância podem moldar mais a frente a personalidade e definir escolhas, reprimindo e estragando várias experiências, desmotivando a autoaceitação e gerando mágoa e solidão. Um filme delicado, minucioso, esteticamente notável e que demonstra de forma real os conflitos de relação com a família e consigo mesmo.
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