terça-feira, 10 de outubro de 2017
O Bar (El Bar)
"O Bar" (2017) dirigido por Álex de la Iglesia (Balada do Amor e do Ódio - 2010) segue nos estranhos moldes do diretor com muito humor negro e situações bizarras passando por vários gêneros. Em um café no centro de Madrid, pessoas tomam o seu café da manhã tranquilamente, como de costume. Mas, quando um dos clientes leva um tiro na cabeça ao colocar os pés fora da loja, o clima de tensão invade o local. Agora, eles estão presos, e temem sair do local e acabar terminando com o mesmo destino do homem. O problema é que a convivência com estranhos pode ser tão perigosa quanto sair dali.
O filme foca em alguns personagens que estão dentro do bar e que são obrigados a conviver depois que um homem é morto ao sair dali, é criado um microcosmo social, onde o medo do desconhecido vai ditando as regras, estereótipos, conflitos e suposições dominam o cenário. Não se sabe o que está acontecendo, são deduções e a cada nova informação cresce o clima de tensão e dúvidas. São personagens comuns e que são obrigados a estabelecer convivência, cada um exibe personalidades diferentes e que vão se transformando diante o medo e a sede pela sobrevivência. Dentre os personagens estão uma bela mulher, Elena (Blanca Suárez), que entrou por puro acaso no bar quando ia a um encontro, um ex-policial (Joaquín Climent), a dona do bar Amparo (Teréle Pávez) e o atendente Sátur (Secun de la Rosa), o nerd Nacho (Mario Casas), a viciada em jogos Trini (Carmen Machi) e o mendigo louco, Israel (Jaime Ordóñez). Estes se engalfinham o tempo todo, inicialmente se xingando e colocando a culpa em um ou outro por puro preconceito, seria um ataque terrorista e o terrorista estaria ali entre eles? Nacho por ter barba grande é apontado, logo outros são o alvo e assim prossegue até que um barulho no banheiro lhes dão uma direção para o que estaria acontecendo. Lá fora pneus estão sendo queimados e a mídia noticia o incêndio, mas nada revela sobre o assassinato. As coisas se tornam ainda mais confusas quando uma doença infecciosa pode ser o motivo.
Na segunda fase do filme o horror e a violência tomam conta, são cenas de pura loucura, decisões bizarras e para permanecerem vivos o instinto vence a razão não sobrando nada de civilidade, só resta a estupidez, a ignorância, a crueldade; a selvageria. O cenário vai acompanhando a degradação, de início o bar, em seguinte o porão, e para completar o esgoto. E é aí que os atos mais insanos são tomados, aliás, nem se sabe mais porquê brigam, a cada minuto surge algo novo, e as suposições não param...
O filme tem diálogos ágeis e certeiros, utiliza inteligentemente estereótipos ao colocar esses personagens em situação extrema, um dos melhores certamente é o mendigo que ao longo cita trechos da bíblia e de louco fica são e de são fica mais doido ainda. Cria-se uma paródia do social em que sentimentos e emoções como egoísmo, preconceitos, medo e instinto dominam. O humor ácido evidencia ainda mais o bizarro das situações nos colocando na pele dos personagens. E aí, para sobreviver o que faria? Igual ou pior? Também coloca o como o ser humano supõe e cria teorias para formular regras. O medo é a mola propulsora e ele certamente revela o que se tem verdadeiramente por dentro.
"O Bar" é um filme que passeia por vários gêneros e retrata que não há limites para os seres humanos quando o medo predomina, se for preciso se afundar na lama ou excrementos, que seja, além de que o clima de suspense permeia boa parte da trama e a podridão praticamente transpassa a tela. Álex de la Iglesia nos dá uma história já contada inúmeras vezes, mas que graças as suas peculiaridades se torna original e surpreendente!
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Humor negro é um gênero complicado. Poucos filmes deste estilo me agradam.
ResponderExcluirDe Alex de La Iglesia eu assisti e não gostei de "Perdita Durango".
Abraço