quinta-feira, 20 de julho de 2017
Belos Sonhos (Fai Bei Sogni)
"Belos Sonhos" dirigido por Marco Bellocchio (Sangue do Meu Sangue - 2015) é um emocionante filme que disserta sobre a bela relação de mãe e filho e a dificuldade de se lidar com a perda desta protetora tão precocemente, as dores vividas na infância serão refletidas na vida adulta, fazendo de Massimo um homem introspectivo que não consegue se relacionar. Em sua vida sobram perguntas e ausência.
Baseado no romance autobiográfico homônimo de Massimo Gramellini, o vice-diretor do jornal italiano "La Stampa", a história conta sobre Massimo (Nicolò Cabras), um menino de nove anos de idade que perde sua mãe (Barbara Ronchi) e que precisa administrar sozinho a falta, a dor e as inúmeras dúvidas. Seu pai vivido por Guido Caprino não lhe conta o que de fato aconteceu e assim seguem os anos, quando Massimo já adulto - protagonizado por Valerio Mastandrea - retorna à casa para se desfazer dos pertences vêm à tona toda as suas angústias.
O filme possui uma grande carga dramática e acerta em cheio nosso coração, a cena inicial, especialmente, possui delicadeza mostrando a relação de mãe e filho e é sutil ao retratar a angústia da mãe. Mas, o filme todo tem essa característica e nos faz sentir de verdade todas as emoções sentidas por Massimo, a saudade chega a ser palpável. Nicolò Cabras impressiona a cada minuto em cena, uma criança que não entende a perda e que sozinho vai juntando o que percebe, ninguém da família chega e lhe conta o que aconteceu, não existe uma conversa, apenas o vazio.
A narrativa vai e volta no tempo, ora mostrando Massimo na infância nos anos 60, ora Massimo adulto nos anos 90, somos conduzidos pelos sentimentos vividos por ele, quando criança a confusão diante da perda é sofrida, seus familiares o isolam do acontecido, na adolescência, Massimo é vivido por Dario Dal Pero e muitas das perguntas que o corroem são feitas ao professor/padre, um interessante momento da trama em que questões religiosas são discutidas, além de que o filme explora bastante os valores familiares, o como a figura materna é de extrema importância na formação da criança e o como essa quebra gera traumas e perturbações interiores que seguem por toda a vida, Massimo adulto quando confrontado pelas lembranças tem ataques de pânico e entrando ainda mais nessas lembranças começa a viver o horror, na infância para aliviar o desespero que sentia criou conversas com Belfagor, criatura de uma série que assistia com sua mãe, em dado momento ele busca auxílio médico pensando estar infartando, mas a doce médica Elise (Bérénice Bejo) lhe acalma e o sentimento de conforto que ela passa é tanto, algo que remete a mãe, que Massimo deseja ficar perto dela, o único elo afetivo que o vemos ter desde a perda.
A narrativa vai e volta no tempo, ora mostrando Massimo na infância nos anos 60, ora Massimo adulto nos anos 90, somos conduzidos pelos sentimentos vividos por ele, quando criança a confusão diante da perda é sofrida, seus familiares o isolam do acontecido, na adolescência, Massimo é vivido por Dario Dal Pero e muitas das perguntas que o corroem são feitas ao professor/padre, um interessante momento da trama em que questões religiosas são discutidas, além de que o filme explora bastante os valores familiares, o como a figura materna é de extrema importância na formação da criança e o como essa quebra gera traumas e perturbações interiores que seguem por toda a vida, Massimo adulto quando confrontado pelas lembranças tem ataques de pânico e entrando ainda mais nessas lembranças começa a viver o horror, na infância para aliviar o desespero que sentia criou conversas com Belfagor, criatura de uma série que assistia com sua mãe, em dado momento ele busca auxílio médico pensando estar infartando, mas a doce médica Elise (Bérénice Bejo) lhe acalma e o sentimento de conforto que ela passa é tanto, algo que remete a mãe, que Massimo deseja ficar perto dela, o único elo afetivo que o vemos ter desde a perda.
O filme possui elementos simbólicos que ajudam a nos conectar com o sentimento de Massimo e a sua própria interpretação do que aconteceu com a mãe, a dúvida é uma ferida, um tormento, uma agonia, o que transformou sua vida num luto interminável.
"Belos Sonhos" tem uma introdução belíssima, a dança com a mãe, um momento sensível de intimidade, tão significante e que marca o pequeno, e é através da repetição desse gesto junto de Elise, que Massimo começa a se libertar. Com lindas e tocantes sequências, apesar de todo o peso que envolve o tema há também uma certa suavidade nas imagens, que inevitavelmente nos leva à reflexão sobre nossos próprios traumas e aprendizados.
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Desde os anos, o italiano Marco Bellochio é elogiado pela crítica que gosta de filmes fora do circuito comercial.
ResponderExcluirEu ainda não assisti filme algum do diretor. Uma falha.
Abraço