quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Branca de Neve (Blancanieves)

Releitura espanhola numa versão muda e em preto e branco para o clássico da Disney e do conto dos irmãos Grimm, "Branca de Neve". Esta nova versão traz a heroína no mundo das touradas. No filme, o conto de fadas é transposto para Sevilha, num tempo de touradas, por volta dos anos 20. A trama começa com uma tripla tragédia: o toureiro superstar Antonio Villalta é atingido por um animal, fica tetraplégico e ainda perde sua mulher no parto. Dali nascem sua filha, Carmen, e também seu casamento com uma enfermeira que se aproveita da situação para seduzi-lo. A órfã de mãe, Carmen, claro, é a Branca de Neve, restando para Encarna o papel da maior vilã da cultura pop, a Madrasta.
A essência do conto é a mesma, mas o longa de Pablo Berger vai além, é criativo e muito original. Ele traz o conto em versão muda e em P&B, o universo das touradas seduz o espectador. Antonio Villalta é um famoso e rico toureiro, mas em uma apresentação comete um erro terrível do qual acaba sendo ferido, o deixando tetraplégico, ao mesmo tempo sua mulher desesperada entra em trabalho de parto e morre assim que a criança nasce, Carmencita fica aos cuidados da avó, pois o pai a rejeita. A enfermeira Encarna se aproveita da situação e Antonio por fim acaba se casando com ela. O tempo passa e a avó de Carmencita morre, a garota vai para a casa do pai, mas Encarna a coloca num lugar horrível para dormir e a faz de empregada da casa. A madrasta quer ver a menina longe e quando descobre que ela anda frequentando o quarto do pai começa articular seus planos malignos. Nestas visitas Carmencita aprende o ritual das touradas e vive momentos de muito carinho com seu pai.
Maribel Verdú faz uma madrasta muito má e cheia de fetiches, sua personagem passeia pelo sexy e o humor negro. A trilha sonora é fantástica, o flamenco dá um tom quente ao filme, assim como as danças que o permeiam. Até a "dança" feita com os touros na arena é estupenda.
A aparição dos anões toureiros é interessante, nem todos são bons e confiáveis, e nessa versão quem se apaixona por Branca de Neve é um anão. Na trama há muita maldade, vingança, e por fim, morte.

É um belo exemplar do quanto o cinema pode nos inebriar contando uma história tão conhecida sob um outro aspecto. "Blancanieves" tem uma fotografia belíssima, é envolvente, hipnótico e original.
Carmencita apelidada de Branca de Neve pelos anões depois de ser achada e ter perdido a memória é uma moça que esbanja inocência, continua sendo bela e com a pele alva, mas sem ares infantis. A madrasta tem um olhar cortante, é fissurada na ostentação e movida pela vaidade, ela passa por cima de todos para conseguir o que quer.
"Blancanieves" é até agora a melhor versão que vi do conto, a crítica rasgou elogios e o filme teve diversas premiações, incluindo o Goya, a maior premiação do cinema espanhol, levou 10 prêmios de 18 indicações. Por fim, é uma obra para se surpreender!

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