terça-feira, 26 de setembro de 2017

Florestas em Filmes (Forest Movies)

Segue uma lista para apaixonados por natureza, em especial, as florestas, selecionei 31 filmes (questão de ordem e não preferência) que exploram em seus mais diversos gêneros e abordagens a imensidão, a solidão, a espiritualidade, a sobrevivência, a diversão, o amor, a busca; há a bela junção de poder, magia e também medo e obscuridade, as florestas compõem o cenário e protagonizam histórias marcantes. 

31- "Capitão Fantástico" (Captain Fantastic - 2016) EUA
Ben é o pai de seis crianças, que decide fugir da civilização e criar os filhos nas florestas selvagens do Pacífico Norte. Ele passa os seus dias dando lições às crianças, ensinando-os a praticar esportes e a combater inimigos. Um dia, no entanto, Ben é forçado a deixar o local e retornar à vida na cidade. Começa o aprendizado do pai, que deve se acostumar à vida moderna. Um belo filme que traz reflexões acerca da vida, o que realmente tem importância e agrega, questiona as regras da sociedade, o modus operandi, e também a criação dos filhos sem qualquer vínculo com o meio. Saiba+

30- "Vida Selvagem" (Vie Sauvage - 2014) França
Philippe Fournier vive com seus dois filhos pequenos, um de seis e outro de sete anos. A mãe deles, ex-esposa de Paco, como Philippe é conhecido, havia ganhado a guarda das crianças após a separação, mas ele as tirou da mãe, contra a decisão da justiça. As crianças, depois adolescentes, Okyesa e Tsali Fournier, viveram escondidas com o pai, sob identidades falsas, caçados pela polícia, mas com uma vida nômade e livre. Eles experimentam a clandestinidade, o perigo, o medo, mas também uma total comunhão com a natureza e os animais. Eles se solidarizam com as pessoas que encontram na estrada e alimentam a felicidade de viver "fora do sistema". Por 11 anos percorrendo todo o sul da França, suas jornadas forjam suas identidades, até que a justiça os alcance...

29- "Na Floresta" (Dans la Forêt - 2016) França/Suécia
Tom e seu irmão mais velho Benjamin não têm visto seu pai por um longo tempo. Para as férias, eles vão à Suécia, onde ele vive. Tom capta o reencontro com este homem estranho e solitário. O pai o convenceu de que Tom tem o dom de ver coisas que os outros não veem.

28- "Sanctuary" (Faro - 2013) Suécia


A polícia está perseguindo um homem procurado por homicídio. Se for preso, a sua filha vai ser colocada em um orfanato. Para ficarem livres, eles fogem para uma selva. Faro refere-se a uma cidade portuguesa que o pai visitou uma vez.
Retrata a monotonia junto de sentimentos de culpa, a angústia de um pai por tentar salvar a si e a filha e ter momentos de paz, a floresta é a morada escolhida, mas as circunstâncias, os tormentos rondam o protagonista, por causa do ato cometido no passado sua vida seguirá outros rumos. Saiba+ 

27- "Inverno da Alma" (Winter's Bone - 2010) EUA
Aos 17 anos de idade Ree Dolly (Jennifer Lawrence) embarca em uma missão para encontrar seu pai depois que ele usa a casa de sua família como forma de garantir sua liberdade condicional e desaparece sem deixar vestígios. Confrontada com a possibilidade de perder a casa onde mora com seus irmãos pequenos e precisar voltar para a floresta de Ozark, Ree desafia os códigos e a lei do silêncio arriscando sua vida para salvar sua família. Ela desafia as mentiras, fugas e ameaças oferecidas por seus parentes e dessa forma começa a juntar a verdade sobre seu pai.

26- "O Sobrevivente" (The Survivalist - 2016) Reino Unido
Neste drama pós-apocalíptico em que a única forma de conseguir alimento é com plantações, um homem é ameaçado por duas mulheres que estão com fome e que querem morar com ele.

25- "Vovó Está Dançando Na Mesa" (Granny's Dancing on the Table - 2015) Suécia
Eini tem 13 anos e vive isolada da sociedade em uma cabana na floresta junto com seu pai controlador e abusivo. Histórias sobre a sua avó, além de sua própria imaginação, permitem que a garota crie um mundo interior e encontre força para sobreviver. Saiba+

24- "Antiga Alegria" (Old Joy - 2006) EUA
Kurt (Will Oldham) e Mark (Daniel London) são dois amigos de longa data que se reúnem para acampar nas montanhas durante o fim de semana. Se para Mark a ocasião é um escape das responsabilidades da vida adulta, para Kurt trata-se apenas de mais uma aventura.

23- "Os Reis do Verão" (The Kings of Summer - 2013) EUA
Joe Toy é um adolescente que não aguenta mais viver com o pai autoritário. Quando seu amigo Patrick também briga com os pais, os dois decidem se mudar para a floresta, junto de um garoto estranho que os segue, e viverem sozinhos, longe da presença de adultos. Logo, eles aprendem como cuidar da própria comida e como construir uma casa para os três.

22- "Tudo o Que Importa é o Passado" (Uskyld - 2012) Noruega
"Tudo o Que Importa é o Passado" é a história de como Janne reencontra William após muitos anos de separação. Ela deixa sua família para viver com ele em uma cabana à beira do rio. Eles recriam o sentimento de amor e luxúria que tinham quando crianças. Mas um dia uma menina chinesa é encontrada boiando no rio, e eles percebem que estão sendo perseguidos pelo irmão de William. Correm, então, ainda mais para dentro da floresta, tentando escapar de seu inimigo.

21-  "Vic+Flo Viram Um Urso" (Vic+Flo Ont Vu Un Ours - 2013) Canadá
Victoria acaba de deixar a prisão. Ela tem 61 anos e quer começar uma vida nova. Vai para a casa de um tio, já doente e inválido, em uma típica "Cabane à Sucre" desativada no meio da floresta canadense. Vic espera viver ali com sua amante mais jovem Florence, sua ex-companheira de cela com quem dividiu anos de intimidade na prisão. Sob a supervisão atenta e sistemática de Guillaume, o jovem oficial de condicional, Vic quer fazer a coisa certa e ficar em paz. Mas o passado volta para assombrar Flo. Sinais de ameaça iminente começam a surgir e a floresta parece ter armadilhas traiçoeiras.

20- "Tio Boonmee, Que Pode Recordar Suas Vidas Passadas" (Loong Boonmee Raleuk Chat - 2010) Tailândia
Sofrendo de insuficiência renal, Tio Boonmee resolveu passar os últimos dias de sua vida recolhido em uma casa perto da floresta e ao lado de entes queridos. Durante um jantar com a família, o espírito de sua esposa falecida aparece para ajudá-lo em sua jornada final. A eles se junta Boonsong, filho de Boonmee que retorna após muito tempo metamorfoseado em outra forma de existência. Juntos, eles percorrerão o interior de uma caverna misteriosa, onde Boonmee nasceu em sua primeira vida. Saiba+

19- "Um Doce Olhar" (Bal - 2010) Turquia
"Um Doce Olhar" mostra a jornada de Yusuf, um garoto turco que está aprendendo a ler e a escrever, e que nas horas vagas ajuda o seu pai, um simples apicultor que guarda as colmeias nos galhos mais altos das maiores árvores de uma misteriosa floresta. Mas quando seu pai parte em busca de descobrir porque as abelhas estão sumindo, Yusuf se prepara para viver a sua maior aventura, tentando dar algum sentido à sua vida. Saiba+

18- "Jungle Child" (Dschungelkind - 2011) Alemanha
A pequena Sabine chega à ilha da indonésia, na Papua Ocidental, juntamente com seus pais e dois irmãos. Uma missão de investigação linguística trouxe sua família para a selva e eles passam a morar e a se socializar com a tribo indígena local, os Fayu. Longe da civilização ocidental, ela cresce como uma criança da selva, mas o deserto intocado detém seus próprios perigos. A estreita amizade entre Sabine e Auri, um garoto de uma tribo inimiga, quase coloca ela e sua família entre as duas facções Waring. A amizade prevalece e se transforma em uma ligação muito intensa ao longo dos anos, assim como a cultura e os ritos que permanecem no coração da criança, mesmo na vida adulta.

17- "O Ornitólogo" (2016) Portugal
Fernando, um ornitólogo solitário, que está à procura de cegonhas negras ameaçadas à extinção ao longo de um remoto rio no norte de Portugal. Ele decide viajar pelo curso do rio a bordo de um caiaque, mas quando uma correnteza forte derruba sua pequena embarcação, ele inicia uma jornada sem volta.

16- "Hansel and Gretel" (Henjel gwa Geuretel - 2007) Coreia do Sul
No caminho para encontrar sua mãe doente, que o abandonou quando era pequeno, Eun-Soo, sofre um acidente de carro e acaba perdido numa floresta inconsciente. Ao acordar, ele encontra bem a sua frente uma menina que se dispõe a ajudá-lo. Ferido e sem ter para onde ir, Eun-Soo, segue a menina até "O Lar das Crianças Felizes", onde vivem mais duas crianças com seus pais. Como se tivesse saído de um conto de fadas, a casa é um paraíso para as crianças, cheia de brinquedos e doces. Porém, o único telefone da casa não está funcionando e quando Eun-Soo, tenta achar o caminho de volta pela floresta, não acha a saída. Mesmo sem ninguém sair da casa, a mesa está sempre cheia de comida, ruídos estranhos são ouvidos pela casa e os pais sentem medo das crianças. Presenciando todos esses acontecimentos inexplicáveis, Eun-Soo, começa a desconfiar que as crianças guardam um segredo.

15- "The Forest" (2016) Tailândia
A floresta ao redor de uma aldeia na zona rural da Tailândia abriga um espírito maligno. A escola na aldeia abriga uma menina muda. Perseguida por agressores, a menina encontra refúgio na floresta. Apesar das advertências de sua professora, ela abraça a floresta e encontra alegria na amizade com um menino selvagem. Mas de onde esse menino vem? Os rumores sobre a floresta são verdadeiros?

14- "O Mar de Árvores" (The Sea of Trees - 2015) EUA/Japão
A floresta Aokigahara, conhecida também como "Sea of Trees", localizada aos pés do Monte Fuji, é famosa por ter um alto índice de suicídios. Dois homens, o americano Arthur Brennan (Matthew McConaughey) e o japonês Takumi Nakamura (Ken Watanabe), vão até lá com este pensamento, mas acabam iniciando uma jornada de reflexão e sobrevivência na tentativa de responder suas questões existenciais.

13- "Things of the Aimless Wanderer" (2015) Reino Unido/Ruanda
Final do século XIX, um explorador branco está perdido na selva. Ele sai, tentando localizar a si mesmo. Na espessa floresta tropical, ele encontra uma jovem mulher... Início do século XXI, um correspondente de notícias estrangeiras conhece uma prostituta em uma boate. Eles passam a noite juntos, mas a garota desaparece no dia seguinte misteriosamente. O correspondente tenta descobrir o que aconteceu com ela e, eventualmente, terminar seu livro de viagens.

12- "O Abraço da Serpente" (El Abrazo de la Serpiente - 2015) Argentina/Venezuela/Colômbia
Karamakate, outrora um poderoso xamã da Amazônia, é o último sobrevivente de seu povo, e agora vive em isolamento voluntário nas profundezas da selva. Os anos de solidão absoluta o tornam vazio, privado de emoções e memórias. Sua vida sofre uma reviravolta quando chega ao seu esconderijo remoto Evan, um etnobotânico alemão em busca da Yakruna, uma poderosa planta capaz de ensinar a sonhar. O xamã decide acompanhar o estrangeiro em sua busca, e juntos embarcam em uma viagem ao coração da selva, onde passado, presente e futuro se confundem, fazendo-o aos poucos recuperar suas memórias. Essas lembranças trazem uma dor profunda que não libertará Karamakate até que ele transmita o conhecimento ancestral que antes parecia destinado a perder-se para sempre. Uma viagem antropológica, histórica e mística. Um olhar espiritual sobre a vida e também sobre a perda de costumes e identidade. Saiba+

11- "No Bosque" (Mesa sto Dasos - 2010) Grécia
Três jovens – uma mulher e dois homens – perambulam pela natureza arrebatadora, através da floresta e dos verdejantes montes íngremes. O trio estuda as suas múltiplas relações e predileções sexuais, encorajados pela onipresença dos elementos.

10- "Floresta" (Rengeteg - 2003) Hungria
Composto somente de closes, a estréia de Benedek Fliegauf em longas é um interessante estudo sobre a sociedade húngara. Sete histórias aparentemente normais ganham um toque absurdo e se intercalam diante do espectador. Um homem que deixa um cachorro na casa de uma estranha, um pai estranhamente obcecado por sua filha pequena e dois jovens que recebem uma encomenda misteriosa, são alguns dos pequenos contos que compõem o universo de Floresta.

09- "Across The River" (Oltre il Guado - 2014) Itália
A história gira em torno de um etólogo que trabalha numa floresta remota, capturando animais e instalado câmeras neles para que possa monitorar o seu comportamento. As gravações o levam a uma aldeia remota, o local de uma antiga maldição, onde ele fica preso devido a pesada chuva que cai e o aumento do nível do rio...

08- "Hamaca Paraguaya" (2006) Paraguai/Argentina
Em 1935, num lugar remoto do Paraguai, o casal de idosos Cândida e Ramón espera pelo filho que foi lutar na Guerra do Chaco. Faz muito calor, e eles também anseiam por chuva, que foi anunciada, mas nunca chega, assim como também o vento, que nunca sopra. Ele corta cana, ela cuida da casa, e o cachorro nunca para de latir. Eles continuam esperando por tempos melhores. Ramón é otimista, Cândida acredita que o filho já esteja morto. As cenas repetem-se monotonamente a cada dia. O filme disserta sobre o tempo, a velhice, o amor. Uma obra impressionante e poética. Amargo e doce ao mesmo tempo, assim como a vida. Saiba+

07- "Floresta dos Espíritos Dançarinos" (De Dansande Andarnas Skog - 2013) Suécia
Akaya, Kengole, Dibota e seus amigos e família são caçadores-coletores (e também grandes contadores de histórias), que nos guiam através do seu mundo na floresta tropical da bacia do Congo. Eles explicam suas origens, mitos e o sentido bastante espiritual que dão à vida. O filme acompanha a singular vida comunitária do grupo ao longo de muitos anos. Nós testemunhamos a prática de sua espiritualidade nas situações mais difíceis. Sua religião é lúdica e muito criativa para lidar com as questões profundamente sérias da vida e da morte, e pode ser a mais antiga religião praticada hoje.

06- "Aconteceu na Floresta" (Il Était une Forêt - 2013) França
No interior de uma densa mata e em meio as maravilhas naturais, o documentário revela o florescimento e o crescimento de uma floresta tropical. O público é convocado a observar e se maravilhar com as belezas naturais, além de refletir sobre a necessidade de preservação.

05- "A Parede" (Die Wand - 2012) Alemanha
Uma mulher faz um passeio com um casal até uma cabana de caça nas montanhas. Pela noite, os amigos ainda vão visitar o bar situado numa aldeia do vale, mas a mulher fica em casa com o cão. Na manhã seguinte, o casal ainda não chegou à casa e a mulher põe-se a caminho da aldeia, se deparando com algo inimaginável. Existe uma parede invisível que a separa do resto do mundo e atrás da qual parece não existir vida. Agora a mulher é obrigada a sobreviver na floresta, sozinha com um cão, um gato e uma vaca. Escreve os seus pensamentos, preocupações e necessidades num caderno, que talvez ninguém voltará a ler. Pouco a pouco a integração com a natureza acontece, começa a entender os ciclos e como tudo funciona, não mais se preocupa com calendário, mas apenas com as estações do ano e como passar por elas da melhor maneira. Saiba+

04- In Natura/Out of Nature (Mot Naturen - 2014) Noruega
Uma jornada dentro da cabeça de Martin. Ele sai em viagem às montanhas e acabamos conhecendo seus pensamentos. Um filme essencial, existencial e pueril sobre sentimentos e fantasias. Sobre ser humano e como nós pensamos. O longa tem cenas lindíssimas, a câmera busca sempre detalhar não só o personagem como tudo que o circunda. Seus pensamentos entram em harmonia com a natureza. Saiba+

03- "A Floresta dos Lamentos" (Mogari no Mori - 2007) Japão
Shigeki vive feliz num pequeno asilo nas montanhas. Machiko, uma das funcionárias do local, cuida especialmente dele. Ela, por sua vez, carrega em segredo, a angústia da perda de um filho. No aniversário de Shigeki, Machiko decide levá-lo para um passeio. Quando o carro em que viajam fica preso num atoleiro, Shigeki se mete no meio da floresta e Machiko é obrigada a segui-lo. O filme nos permite adentrar juntamente com os personagens, a água, a lama, as flores, as árvores e a música. Trata-se de um instante sublime, em que nos libertamos do realismo para embarcarmos num ritual pagão, no qual Kawase celebra a eternidade. O perambular pela floresta retrata um processo de elaboração do luto, de catarse, travessia de um terreno cheio de obstáculos, solidão, confronto de medos externos e internos. Saiba+

02- "A Cabana" (Die Summe Meiner Einzelnen Teile - 2011) Alemanha
Martin era um talentoso matemático com uma carreira promissora que, após um período internado em uma clínica psiquiátrica, é visto como doente mental, perde o emprego, e acaba nas ruas. Viktor é um garoto ucraniano que se tornou órfão depois que sua mãe sofreu uma overdose. Quando os dois se conhecem, resolvem fugir da cidade e construir uma cabana na floresta. Eles se tornam bons amigos e Martin conhece Lena, que é encorajada por eles a viver também de forma idílica. Até que um dia a cabana onde moram é destruída e Martin é preso como principal suspeito. A "loucura" de Martin é libertadora e em meio a natureza consegue acalmar sua mente, percebe-se que quando andava pelas ruas da cidade ele era inquieto e contava sem parar, as cenas em que começa a se integrar no local, subindo em árvores, respirando ar fresco é as das mais bonitas, é como se estivesse se encontrando, é a naturalidade de ser. Saiba+

01- "Jîn" (2013) Turquia
No sopé dos territórios curdos da Turquia, Jin (Deniz Hasgüler), uma jovem rebelde de 17 anos, foge de seu grupo de guerrilha para tentar voltar à sua família e à vida normal. Se escondendo de seus companheiros, a quem ela é agora uma traidora, e o exército turco, que a vê como uma terrorista, Jin, uma espécie de Chapeuzinho Vermelho, se refugia com os animais da floresta, que estão lutando a sua própria maneira na brutalidade da guerra. É um retrato bem interessante sobre o impacto da guerra na natureza, são filmados diversos animais em situações de medo e desespero. Nossa protagonista após deixar seu grupo de guerrilha se esconde na floresta, ela passa por muitos desafios e a sua única saída sempre é voltar para a floresta, e nesses momentos observamos os animais, como o urso que compartilha com Jîn o mesmo esconderijo. Saiba+

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Vovó Está Dançando na Mesa (Granny's Dancing on the Table)

"Vovó Está Dançando na Mesa" (2015) dirigido pela sueca Hanna Sköld (Velhos Asquerosos- 2009, primeiro filme livre, produzido sob a licença Creative Commons, sua estreia ocorreu no The Pirate Bay) é um filme que mescla live-action e o stop-motion, uma junção bastante interessante e ousada dentro do contexto pesado e doloroso do longa, que foi produzido por uma campanha no Kickstarter. O stop-motion é utilizado para contar o passado, ele é todo narrado pela protagonista que não articula nenhuma palavra em seu cotidiano, nem um mínimo som, apavorante acompanhar seu monótono dia a dia. Eini (Blanka Engström) é uma jovem garota de 13 anos que vive nas profundezas das florestas suecas com seu pai (Lennart Jähkel). Porém, a morada na natureza não é um refúgio, mas sim um pesadelo, já que o pai de Eini é um feroz maníaco controlador e um fanático religioso que regularmente conta os poucos bens da casa para descobrir as infrações de Eini. Em meio a esse caos, a garota encontra na remota figura da avó, além de sua própria imaginação uma importância quase mítica, tanto como símbolo de liberdade, quanto razão para o seu atual sofrimento e que permitem que ela crie um mundo interior e encontre força para sobreviver.
Eini segue uma série de regras rígidas, o pai é violento e o menor deslize seja ele de qualquer natureza gera punição à menina, são cenas tensas, por exemplo, na contagem dos utensílios da cozinha, onde o silêncio sufoca e deixa-nos esperando pelo pior. O clima de opressão pesa, só quando o pai sai para buscar alimentos, Eini tem lampejos de vida, ao encontrar um rádio, ao passear pela floresta, vestir outras roupas e ao recorrer a sua imaginação para relembrar a sua infância ao lado da avó. A história de sua avó e de sua mãe é contada por Eini, os únicos momentos em que escutamos sua voz, a técnica do stop-motion nos conduz para uma fábula rude e perturbadora, que retrata um histórico de violência e submissão. São retratados duas figuras femininas opostas, a avó de Eini junto à irmã que precisa se mudar para a casa de um homem rico, este que se mostra abusivo e opressor, a avó de Eini vai embora depois de dar à luz e segue sua vida na cidade grande. O pai de Eini então é criado por esse homem violento, o menino presencia agressões e acredita que não há outro modo de vida, ele perpetua esse gesto na criação de sua filha, a afastando do mundo civilizado e sob muita opressão e abuso. 

O desconforto na interação entre pai e filha é extremo, é triste toda a situação, a menina não tem vida nos olhos, nos perguntamos porquê não foge, mas com o desenrolar percebemos que aquela é a única vida que conhece até então, e sim, ela quer sair desse ambiente claustrofóbico, mas, infelizmente, não sabe como, em outros momentos adentramos em seus desejos profundos, onde ela sonha em arrancar a própria mão, um sinal de que ela quer uma mudança. Isso tudo acontece aliado a sua transição, o despertar sexual, o que lhe dá mais impulso para deixar e acabar com essa vida.
O filme vai alternando entre o cotidiano de Eini com as passagens em stop-motion retratando a história da avó e de sua mãe e, que inclusive, são muito perturbadoras, desde o estilo dos bonecos à carga da história, de toda a violência e visão estreita que o jovem presenciou e então reproduz mais tarde com Eini. Há algumas cenas contrastantes com o ritmo do filme, o que causa agonia e revolta, a violência e o silêncio incomoda e esperamos demais que esse ciclo se rompa.

Triste e incômodo, mas extremamente necessário, "Vovó Está Dançando na Mesa" toca num assunto importante, o abuso e violência passada de geração em geração. A perspectiva dura do filme serve para provocar, pois só com elucidação, conhecimento que esse tipo de mentalidade pode ser rompida e eliminada da sociedade.

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Ao Cair da Noite (It Comes at Night)

"Ao Cair da Noite" (2017) dirigido por Trey Edward Shults (Krisha - 2015) é um filme que explora de maneira eficaz a desconfiança, o medo, a paranoia; um exemplar que usa de poucos artifícios para gerar desconforto e muita tensão. Paul (Joel Edgerton) mora com sua esposa Sarah (Carmen Ejogo) e o filho Travis (Kelvin Harrison Jr.) numa casa solitária e misteriosa, mas segura, até que chega uma família desesperada procurando refúgio. Aos poucos a paranoia e desconfiança vão aumentando e Paul vai fazer de tudo para proteger sua família contra algo que vem aterrorizando todos.
Adentramos em um mundo pós-apocalíptico supostamente destruído por um vírus, uma família tenta sobreviver em uma casa isolada na floresta, o medo de contágio é grande e qualquer ameaça é aniquilada, como a presença do sogro de Paul, que está muito enfermo. Não há informações sobre o que teria acontecido ao mundo, tudo é sugerido sutilmente e o interessante é justamente isso, não sabemos de nada, provavelmente porque até os personagens não saibam. A rotina monótona dessa família muda quando um estranho (Christopher Abbott) surge tentando entrar na casa, Paul o amarra e tenta tirar o máximo de informações do sujeito, que diz se chamar Will e estar procurando água para sua família, a dúvida em acreditar ou não nas palavras desse desconhecido atormenta por dias Paul e sua esposa, enquanto isso vemos Travis com uma expressão de estar sufocando naquele ambiente contaminado pela paranoia e desconfiança, ele sofre de pesadelos e alucinações, nestes episódios a tela reduz, comprime dando sensação de asfixiamento. Após pensarem muito se deveriam acreditar em Will, decidem receber ele e sua família na própria casa, então vão buscar a esposa e o filho de Will, mas no meio do caminho encontram outras pessoas, o que faz Paul duvidar de Will, que disse não ter encontrado ninguém, esse clima de desconfiança é amplamente explorado na história, tudo é motivo e o medo em nenhum momento desaparece. O comportamento humano diante ao desespero pela sobrevivência é assustador e o filme acerta na atmosfera criada. O horror está dentro da cabeça de cada um e as atitudes que se desencadeiam são terríveis. Há um quadro que é demoradamente filmado no início na casa de Paul, se trata de "O Triunfo da Morte", de Pieter Bruegel, este é um símbolo importante e que traduz muito da trama. O caos, o desespero, a morte.
Dentro da casa as duas famílias precisam conviver, Paul e sua mulher tem características insanas e Will vai levando por não ter outras possibilidades, mas não demora para aparecer ainda mais situações-limite, não se sabe o que está havendo, é uma doença contagiosa de que eles têm medo? O que há na floresta que ao cair da noite é proibido sair? Esse aprisionamento vai gerando entre eles hostilidade e entre uma conversa ou outra o medo do que um possa fazer com o outro vai aumentando.

Travis é introspectivo, observador e parece adoecer com a loucura dos pais, suas alucinações são um ponto de luz para o espectador, ele vai sofrendo traumas durante a história, no início precisa se livrar do avô, depois do seu querido cão, além do estranho desabrochar de seu lado sexual com a presença da esposa de Will e o culminar da tragédia final. Nunca fica claro como a doença é transmitida, se é pelo ar ou água, o que importa na trama é do que o ser humano é capaz para se proteger diante de algo desconhecido e amedrontador, é um filme que trabalha muito com a nossa imaginação e nos inquieta pela reflexão, de que independente do fator externo, o perigo está dentro da mente do ser humano, que consome-se ao lidar com a desconfiança, desespero e medo. A paranoia é crescente, são planos belíssimos juntamente a uma trilha sonora pontual que ao desenrolar vai produzindo cada vez mais desconforto.

"Ao Cair da Noite" é um thriller psicológico atmosférico impecável, não dá nada mastigado, respostas pouco importam, o pós-apocalíptico do filme é explorado de uma maneira real, em que as pessoas tentando sobreviver eliminam qualquer traço de moralidade, onde as ameaças acabam vindo de si próprios perante o medo do desconhecido. É melancólico e sutil, mas não nos poupa de momentos graves e tristes. O final é uma cacetada que fica doendo por muito tempo. 

Trey Edward Shults é um grande talento, em "Krisha", seu impressionante primeiro trabalho, um filme totalmente independente - disponível na Netflix - explora também a paranoia, porém em outro contexto. Sua destreza técnica é admirável!

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Harmonium (Fuchi ni Tatsu)

"Harmonium" (2016) dirigido por Kôji Fukada (Adeus Verão - 2013) é um filme enigmático e que perturba, até pode ser encaixado no gênero horror devido o desencadeamento das relações e suas coincidências, de ritmo lento dando ênfase nos olhares e pequenos movimentos, observamos o ruir de uma família japonesa chegando ao ápice com a tragédia.
Toshio (Kanji Furutachi) está empenhado em trabalhar na sua pequena oficina metalúrgica na aldeia em que mora. Este trabalho que mistura sabedoria e dedicação está ameaçado com a chegada de Yasaka (Tadanobu Asano), velho amigo de Toshio, um ex-membro Yakuza recém-saído da prisão, que começa a se misturar à vida familiar de Toshio.
É um filme estimulante apesar de sua cadência vagarosa, nos faz pensar no que escondem esses personagens, o silêncio que emana também provoca e interrogações surgem a cada cena. O início nos é apresentado Hotaru (Momone Shinokawa), a filha do casal Toshio e Akié (Mariko Tsutsui), treinando harmônio, pois logo irá se apresentar na escola, o pai é totalmente taciturno e desfaz da esposa e filha, há um diálogo muito interessante entre mãe e filha nesse começo sobre uma espécie de aranha, que se sacrifica e vira alimento para sua própria ninhada. A rotina apática dessa família muda quando um amigo de Toshio chega e lhe pede emprego e moradia, um favor como ele próprio diz, Toshio não titubeia e o emprega, a oficina fica na garagem da casa e o acomoda sem nem dar explicações à esposa, Yasaka saiu recentemente da prisão e é repleto de modos que incomodam a dona da casa, ela é reticente de princípio, mas aos poucos e, principalmente, ao ensinar Hotaru a tocar harmônio muda sua visão sobre, criam um vínculo de amizade e Yasaka acaba confessando sobre seu passado, neste momento Akié já está encantada por ele e também por causa de sua religião, o protestantismo, acredita que essas pessoas possam ter uma segunda chance, e Yasaka ganha ainda mais a atenção dela. Assim como ela somos absorvidos por sua personalidade, ora duvidamos, ora pensamos ser ele alguém arrependido, e esse clima perdura até de fato ocorrer uma das primeiras tragédias do filme.
As mudanças que esse estranho promove no seio familiar são silenciosas, ele chega como um fantasma para cobrar algo do passado, Toshio esconde um segredo e Yasaka se aproveita disso para se aproximar de Akié e Hotaru. A rotina fria e distante da família é totalmente reformulada, o clima aparentemente ameno do início é abalado, sentimentos adormecidos e desejos são aflorados, Yasaka causa bastante impacto, a harmonia é quebrada.

O diretor Fukada conduziu com maestria e ao final a sensação de angústia é o que resta. Mariko Tsutsui como Akié é vulnerável e demonstra muita complexidade com o decorrer, suas aflições e suas reações diante ao caos, a mudança que ocorre em seu semblante na segunda parte do filme impressiona. O esplêndido Tadanobu Asano - eterno Kakihara de "Ichi The Killer" - faz aqui um homem com uma postura impassível e estranhamente sedutora, Yasaka chega de mansinho, infiltra-se e sutilmente vai intoxicando o tradicional ambiente familiar. Kanji Furutachi como o pacato Toshio por honra se submete, está sendo cobrado pelo silêncio do amigo no passado, e assim os segredos vão emergindo e abrindo feridas.

A cadência do filme contrasta com seus acontecimentos, esse desarranjo causa mal-estar, as viradas da vida deste casal, as consequências, as coincidências inquieta-nos. 
"Harmonium" é intrigante, devastador, um thriller meticuloso que trabalha a tensão de forma única, que dá a conta-gotas as informações e amargamente se desenvolve revelando as fissuras. 

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Perdidos em Paris (Paris Pieds Nus)

"Perdidos em Paris" (2016) dirigido pelo casal Dominique Abel e Fiona Gordon (La Fée - 2011) é um filme que se inspira nos filmes mudos para compor um humor puro e suave que nos deixa embriagados de felicidade, impossível não se encantar com a delicadeza das cenas, personagens e situações surreais, acredito que este tipo de cinema seja essencial para que possamos dar asas à nossa imaginação que com o dia a dia acaba sendo eliminada. 
Fiona (Fiona Gordon) é uma bibliotecária de uma pequena cidade canadense estranhamente sedutora, e Dom (Dominique Abel) um vagabundo estranhamente egoísta. Quaando a vida certinha da bibliotecária é interrompida por uma carta de socorro, vinda de Paris de sua tia de 93 anos (Emmanuelle Riva) - ela pega o primeiro avião para Paris e descobre que a tia desapareceu. Ela encontra um vagabundo afável, mas chato, que não vai mais deixá-la sozinha.
O filme é dirigido, roteirizado e protagonizado pelo talentoso casal de clowns Fiona e Dominique, que tem como característica resgatar um tipo de humor que já não é mais usado, que é basicamente físico e evoca os mestres Jacques Tati, Buster Keaton, Harold Lloyd e Charles Chaplin, são cenas hilárias em que expressões exageradas substituem diálogos promovendo assim momentos sinceros de muito humor, de uma aparente bobagem surge uma cena memorável. "Perdidos em Paris" marca também por ter a última aparição de Emmanuelle Rivas, que imprimiu sua personalidade à personagem, sem dúvidas, uma despedida mágica.
As cores são extremamente vivas e vibrantes, caminhamos pelos famosos pontos de Paris, mas esses lugares são mostrados sob peculiares perspectivas, por exemplo, focando na Estátua da Liberdade que fica numa ilhota no Sena. Enquanto Fiona tenta encontrar sua querida tia Martha, Dom, o mendigo, a segue e a guia pelas ruas, inclusive, o encontro deles é incrível, Fiona acaba perdendo sua mala ao cair no Rio Senna tentando tirar uma foto, Dom a encontra, pega as suas roupas, as veste e resolve gastar o dinheiro com um bom jantar, lá a convida para dançar e pronto, se apaixona, e então decide devolver as coisas para ela, o mais engraçado são os espaços entre esses acontecimentos, o desenvolvimento dos personagens com suas singularidades e situações surreais que os rodeiam. A cena de Dom tentando comer numa mesinha no canto do restaurante, ele convidando as mulheres do local para dançar, e tudo isso vai se entrelaçando com a fuga da tia Martha. 

Fiona acostumada a sua pacata e gelada cidade do Canadá chega na cidade luz cheia de expectativas, mas logo se vê nos mais diversos e bizarros obstáculos, o primeiro é que não sabe falar muito bem francês e estando perdida sem absolutamente nada e não sabendo aonde sua tia foi parar, vai vagando pela cidade junto ao mendigo Dom se metendo nas mais descabidas peripécias, enquanto isso tia Martha também anda pela cidade, pois não admite ir para uma casa de repouso, não aceita que sua vida seja descartada assim.
A narrativa mostra Fiona, Dom, Martha e depois une-os, tudo ritmicamente perfeito, e por vezes dando ar de improviso, o que faz a diferença e não faz dos clichês tão clichês. Difícil escolher uma cena especial, são muitas que de maneira simples encantam, elas vêm sem esperarmos com elementos sutis e nos arrancam sorrisos, como é o caso da dancinha com os pés de Martha e Norman (Pierre Richard), um antigo amigo dela. Esbanja delicadeza!

Emmanuelle Rivas se despede desse mundo com magia e nos deixa como lembrança uma última e vigorosa atuação, que é ela mesma, e esse elo entre si mesma e a personagem é algo poético, transcendental.
Resgatando o humor gestual, essa comédia francesa merece todos os elogios, os parceiros Fiona e Dominique tanto na vida profissional como na amorosa nos presenteia com gags divertidíssimas, Dominique Abel consegue nos fazer rir só de olhar para ele, seus olhos, forma de se mexer, e apesar de ser exagerado não soa forçado, é um humor sincero feito com carinho. 

"Perdidos em Paris" nos captura pela beleza do simples, da ingenuidade e proporciona emoções deliciosas, lembramos do como é bom rir de algo espontâneo e toda a sensibilidade exposta faz com que nossa imaginação seja liberta. É daqueles filmes que aquecem nosso coração, que nos preenchem no final da sessão, assisti-lo é um chamego que fazemos a nós mesmos. 

terça-feira, 5 de setembro de 2017

O Mestre dos Gênios (Genius)

"O Mestre dos Gênios" (2016) dirigido por Michael Grandage é um filme interessante que retrata com maestria o amor à literatura, disseca a relação escritor/editor e o quão precioso e estafante era lidar tanto com o trabalho de edição, como os vínculos de amizade que se formavam entre eles, porém, impecáveis obras surgiram dessa época de ouro em que Max Perkins, um dos editores literários mais famosos do mundo apostando em jovens talentos, descobriu nomes fundamentais da literatura, como F. Scott Fitzgerald, Ernest Hemingway e Thomas Wolfe. O filme acompanha a vida pessoal de Perkins e sua relação complicada com os escritores, cujas obras foram fortemente influenciadas pelo trabalho do editor.
A editora Charles Scribner’s Sons era uma empresa muito interessada em publicar novos talentos, Max (Colin Firth) muito reconhecido por suas primorosas edições e sucessos, como Fitzgerald, dá vida aos escritos de Thomas Wolfe (Jude Law), um jovem de personalidade irriquieta, cheia de ideias e que escrevia sem cessar, eram páginas e mais páginas que pacientemente Max lia e relia, e claro, deslumbrado por sua escrita impactante que misturava prosa poética com a autobiografia, assim decidiu publicá-lo, daí inicia-se uma amizade bastante intensa, mas que com o que passar dos anos sofre algumas rupturas, devido ao jeito impaciente de Wolfe e pelo receio de Max em sempre se culpar pelos cortes feitos nas obras. Essa relação é exposta em detalhes, a gratidão de Wolfe, a admiração de Max, tudo regado a muitas conversas produtivas, elucubrações e citações, Wolfe era analítico e não parava nunca de escrever, sempre acrescentava páginas e mais páginas, quando chega com o seu "Of Time and the River" com mais de cinco mil páginas, Max tem o monumental trabalho de retirar 60 mil palavras de sua obra, a redução levou anos e foi um trabalho extenuante tanto para Max quanto para Wolfe, a sensibilidade de ambas as partes são delineadas minuciosamente, cada um com seu jeito dotados de uma genialidade ímpar. 
Colin Firth dá vida a um homem contido e muito centrado que dedica o seu tempo a ler, a mergulhar nas histórias de escritores imensamente talentosos e emergir tendo que lapidar tais obras, um trabalho prazeroso ao mesmo tempo que cruel, já que ele teme por ser reconhecido como o homem por trás dos cortes destes livros tão aclamados, a importância de seu trabalho se mistura com a culpa. Jude Law esplendoroso como Wolfe, ansioso e perdido, transforma a suas dores em grandiosos livros, literalmente. É muito curioso observar a amizade entre ele e Perkins, totalmente distintos, mas que se nutriam de palavras, completamente absortos pela magia e sensações.

O filme centra-se nestes dois personagens, na relação profissional, de amizade e o como Wolfe adentra na vida de Perkins, frequentando a casa da família, o que causa ciúme na namorada controladora Aline (Nicole Kidman), um caso bem conturbado entre duas pessoas problemáticas, ele um tanto egoísta, que mantém as pessoas enquanto precisa e depois as deixa de lado sem mais nem menos, essa concepção de Aline não está errada, mas ela também não deixa por menos, sendo excessivamente dramática, pois ela abandonou marido e filhos para morar com Thomas, inclusive o ajudando financeiramente em seu início de carreira. Há uma cena que Aline despeja verdades e diz que Thomas precisa pensar e ficar sozinho para entender a sua vida, ele brinca com as pessoas como se fossem personagens de seus livros e isso ela não poderia mais suportar. "Seres humanos não são ficção". Nicole ganha a cena nesse momento.
Outros que tem pequenas aparições são Fitzgerald (Guy Pearce), que mesmo com todo o sucesso de suas obras estava em decadência tendo que escrever roteiros para Hollywood, além de que era alcoólatra e lidava com a loucura de sua mulher Zelda, e Hemingway (Dominic West), pescando, claro, alertando Perkins sobre a instabilidade de Wolfe. 

"Não somos os personagens que queremos ser. Somos os personagens que somos."

"O Mestre dos Gênios" tem uma ambientação detalhista, desde trajes, objetos e locais, uma volta ao início do século XX em tom melancólico, e é eficaz em demonstrar as emoções de seus personagens, a humanidade por trás dessas mentes brilhantes, os defeitos, as turbulências emocionais, todo o processo antes da publicação, a difícil decisão dos cortes, Perkins sabia identificar a qualidade em novos escritores e tinha experiência e sensibilidade para cortar o demasiado, como na cena em que ele sintetiza o momento do despertar de uma paixão, o simples, o poético; o essencial. Essa sua habilidade lhe rendeu ótima reputação e consagrou escritores que permanecem até hoje imprescindíveis.