quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Born To Be Blue

"Born To Be Blue" (2015) dirigido por Robert Budreau retrata um dos mais marcantes trompetistas e vocalistas de jazz, Chet Baker. 
O filme narra a vida de Chet Baker no final dos anos 1960, depois de muitos anos abusando das drogas e de passar por severos problemas financeiros. Na tentativa do músico retornar à sua carreira gravando sua vida no cinema, acontecimentos imprevistos continuam a representar uma ameaça para o sucesso de sua recuperação.
A aura do filme é nostálgica, segue em tom elegante e é coroada por uma impressionante atuação de Ethan Hawke na pele de Chet Baker, além da estonteante trilha sonora exalando emoção. 
Na trama acompanhamos um período da vida de Chet, um gênio e uma espécie de James Dean do trompete, amado pelas mulheres e respeitado pelos músicos de jazz, ele conseguiu seu espaço em um cenário dominado por negros. No auge de sua carreira se envolveu em inúmeras confusões e desenvolveu um forte vício em heroína, Chet mergulha fundo nas dores de sua existência e sua estrela vai se apagando, o filme foca exatamente na fase em que ele tenta se reerguer, um diretor de cinema aposta nele e em sua história, no set de filmagem conhece a atriz Jane (Carmen Ejogo) que fará com que Chet se mantenha longe das drogas e empenhado a reestruturar sua carreira.
Chet é uma figura excêntrica, ele já tinha perdido um dente quando mais novo e era tipo o seu charme, mas após ser espancado por traficantes a quem devia perde todos os dentes, o que o deixa incapacitado de tocar, Jane dá muita força a Chet, ele volta para o local da infância, mas seus pais parecem distantes, trabalha um pouco num posto de gasolina, se trata usando metadona e nesse meio tempo tenta encontrar uma nova embocadura a fim de voltar a ser quem era. São momentos tristes, pois Chet se machuca, sua boca sangra e parece que não conseguirá. Tocar é toda a vida dele, a única coisa que faz sentido para si. Histórias que demonstram o amor que artistas tem pela sua arte é sempre prazeroso assistir, mesmo que isso os aproximem da loucura. 
Jane é centrada e apaixonada por ele, a todo instante o incentiva, principalmente a ficar longe das drogas. Em dado momento, Chet volta para os estúdios e mostra que sua genialidade musical não se perdeu, então começa a traçar um novo capítulo de sua história, em uma sessão para convidados no estúdio de um antigo amigo emociona a todos com seu romantismo e sua destreza com o trompete.
Interessante as passagens em que mostra o passado, sua rivalidade com Miles Davis e a admiração pelo seu mestre Charlie Parker. Notória a interpretação de Ethan Hawke, carregada de angústia, diálogos certeiros, olhares intensos. Hawke dá vida a canções tristes, românticas e profundamente lindas, fez jus a voz de anjo de Chet. Impossível não se encantar com "My Funny Valentine", "I've Never Been In Love Before" e a canção que dá título ao filme.

A vida de Chet Baker foi marcada por muitas confusões, deixou-se vencer pela serenidade que a heroína o proporcionava. Chet teve duas fases como músico, antes do episódio de perder os dentes, que era conhecido como um jazzista cool, cheio de swing e quando reaprendeu a tocar, cuja sensibilidade tornou-se sua principal característica. Toda a sua dor e seus tormentos são expostos com suavidade, tanto na voz quase sussurrando quanto no seu jeito único de tocar.
"Born To Be Blue" é um filme honesto que retrata um músico genial que se destruiu por não conseguir suportar ficar longe da heroína, a cena final é intensa, dolorida e demonstra um ser humano controverso, magnífico e autodestrutivo, e assim foi até o último dia de sua vida. 

Um comentário:

  1. Mais um filme para minha lista.

    Sobre imortais do Jazz, ainda preciso assistir também "Bird" e "Miles Ahead".

    Abraço

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