sábado, 23 de maio de 2015
A Pequena Morte (The Little Death)
"A Pequena Morte" (2014) dirigido por Josh Lawson é um filme muito bem elaborado e retrata com bom humor as estranhezas da vida sexual de vários casais que moram em Sydney. Pequena Morte é um termo que significa orgasmo, essa é uma ótima definição para traduzir o que acontece nesse instante inexplicável e transcendental. É um filme que exibe fetiches esquisitos e até difíceis de acreditar que existam, mas o ser humano é realmente uma caixinha de surpresas e quando envolve o sexo pode ser ainda mais surpreendente.
O longa dá início quando Maeve (Bojana Novakovic) diz a seu namorado Paul (Josh Lawson) que quer ser estuprada, uma fantasia que o pega desprevenido, mas como é um cara legal e amoroso começa a elaborar meios de que o estupro aconteça como ela deseja, só que isso tudo vai ganhando contornos estranhos e Paul começa a não enxergar limites. A segunda história traz Daniel (Daniel Malcolm) e Evie (Kate Mulvani), que estão passando por um momento complicado no relacionamento e buscam na terapia alguma solução, o terapeuta sugere que eles saiam da rotina e tentem ousar mais na hora do sexo, como por exemplo, interpretar personagens, no começo tudo vai bem, mas no fim das contas nada mais tem a ver com sexo.
Em seguida vem a mais bizarra, Richard (Patrick Brammall) e Rowena (Kate Box) estão tentando ter um filho há muito tempo, em uma consulta à médica lhe pergunta se ela está tendo prazer, pois assim as chances de engravidar aumentam, a questão é que após descobrir uma tara (dracofilia) em que consiste em se excitar ao ver seu marido chorando, ela entra numa teia de mentiras para poder vê-lo triste e assim usufruir da pequena morte
A quarta segue o casal Phil (Alan Dukes) e Maureen (Lisa McCune), que vivem um casamento aos pedaços, ela nem sequer olha para o marido e ele acaba tendo que se satisfazer a seu modo, aproveitando os momentos noturnos enquanto a esposa dorme para poder ficar mais perto e acariciá-la, mas por causa disso sempre dorme no trabalho, o chefe lhe dá um remédio para que ele durma tranquilo, mas sem querer quem o toma é a sua esposa, e então toda noite Phil oferece um chá contendo o tal remédio e completamente desmaiada a curte romanticamente.
E a última e mais interessante é sobre Monica (Erin James), que trabalha sendo a intermediária de ligações de pessoas surdas através do Skype. Em uma noite Sam (T.J. Power), um solitário, pede para que ela faça uma ligação para o telessexo e que traduza a conversa, mas o que de início parecia estranho vai se transformando num agradável momento, esta é a história mais singela. Também há um personagem que passeia pela trama, recém-saído da cadeia por abuso sexual ele tenta conquistar esses casais através de um doce que os remete à infância.
Apesar de toda a ironia que faz com que a abordagem seja engraçada, não deixa de discutir seriamente sobre o sexo e o quanto ele significa e varia de casal pra casal, além de expor o quão único e individual é a sensação de se ter um orgasmo.
É preciso salientar que este é um trabalho como poucos, pois saber dosar a comédia e o drama com o tema sexo é algo que não vemos muito por aí. De forma inteligente e irônica retrata que quando o fetiche se torna o único meio para se ter prazer há alguma coisa errada, na verdade já não importa o parceiro, mas sim apenas a realização do fetiche, o caso de Daniel é bem explícito neste ponto.
As histórias vão se entrecruzando ao longo e o desfecho se dá de forma inesperada, uma boa sacada e que foge de todas as nossas especulações em torno de alguns personagens. Vale destacar a trilha sonora que conta com "Mr. Sandman", de The Chordettes, "Beautiful Dreamer", de Roy Orbison, "Nagasaki", de Mills Brothers, "The Air That I Breathe", de The Hollies, etc...
"A Pequena Morte" é um filme diferenciado e que garante boas risadas e uma reflexão sobre as estranhezas sexuais que existem e o como elas podem colaborar ou destruir relacionamentos.
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