terça-feira, 25 de setembro de 2018

Maktub

"Maktub" (2017) dirigido por Oded Raz é uma comédia israelense que mescla momentos afetuosos e violentos, é um olhar leve sobre os costumes e brinca com estereótipos, como religião e terrorismo, a dupla de protagonistas esbanja carisma e é impossível não se encantar com o desenrolar da história, que apesar de ter ações violentas e maneiras de se agir duvidosas o que prevalece ao fim é o sentimento de amizade e lealdade.
A palavra título dá alma ao filme, Maktub, que significa "já estava escrito", toda vez que um contratempo aparece tem significação de que tudo já estava predeterminado pelo destino, e daí por diante as escolhas precisam ser mais cuidadas. O peixe que cai de uma janela que é considerado má sorte é seguido logo após por um ato terrorista no restaurante, que é encarado como um aviso de que precisam mudar suas vidas. Steve (Hanan Savyon) e Chuma (Guy Amir), dois criminosos, são os únicos sobreviventes de um ataque terrorista em um restaurante em Jerusalém. Esse acontecimento inspirou neles uma mudança de vida, decidindo ajudar o próximo. Eles passam a realizar os pedidos deixados entre as pedras do Muro das Lamentações.
Steve e Chuma são capangas de um mafioso em Jerusalém, que cobram dívidas dos comerciantes de restaurante enquanto degustam e opinam sobre o cardápio, são praticamente especialistas nas mais diversas receitas e dizem com o quê e como devem ser servidos os pratos, um dia uma bomba explode destruindo o restaurante onde almoçavam, apenas os dois sobrevivem porquê estavam no banheiro no momento, quando saem se chocam e fogem com a mala cheia de dinheiro destinada ao chefe. Claro que falam que o dinheiro não estava com eles e sim com o estrangeiro que presta serviço também ao mafioso, Steve diz que não querem mais trabalhar devido o trauma, mas o chefe apenas diz para tirarem umas férias, ao mesmo tempo em que o chefe procura o estrangeiro com a mala de dinheiro, Steve e Chuma decidem mudar de vida e vão até o Muro das Lamentações, local sagrado em que as pessoas depositam seus pedidos, por um acaso Steve retira um papel do muro para escrever algo para Chuma, que ficou surdo após o ataque e, de repente, se veem ajudando as pessoas, retirando os papeizinhos do muro e realizando seus desejos a fim de agradecer o milagre de sobreviverem.

Os personagens são imensamente cativantes, principalmente Chuma que possui afeto pelo filho de Steve, este que não quer nem que fale sobre o assunto, o menino deseja que o pai se aproxime, mas quem é que se preocupa de fato é Chuma, Steve é mulherengo e irresponsável, mas mesmo assim consegue fazer com que gostemos dele. A química entre a dupla é o que faz com que a história se desenrole de forma agradável e engraçada. É até ingênua e por vezes brega, mas traz traços interessantes da cultura e costumes do país, além de usar os estereótipos a seu favor, a mistura de gêneros também é um ponto a favor, vai desde o drama do filho que quer ter um pai e o pai que rejeita o filho, da ação que envolve mafiosos e seus esquemas e a comédia que permeia a mudança que aos poucos ocorre nos personagens, após o ataque terrorista Chuma principalmente, sente necessidade de fazer ações boas para que de certa forma compense a sorte que teve, Steve por amizade vai na onda. São cenas hilárias e recheadas de diálogos incríveis, a fotografia enche os olhos com a Jerusalém retratada com seus subúrbios e o Muro das Lamentações, que não é nada fora da realidade.

"Maktub" é um longa que preenche o coração com sentimentos bons, traz a amizade e a lealdade, a empatia e o amor pelo outro, além das questões paternais que afloram, ao fim o choro e o riso vêm junto com a certeza de que o que emanamos para o universo uma hora volta para nós mesmos. 
Disponível no catálogo da Netflix!

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