sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
Perfume: A História de um Assassino (Perfume: The Story of a Murderer)
Poucas adaptações de livros para o cinema ficam realmente completas, mas essa é uma delas, talvez a melhor na minha opinião. É incrível como o filme conseguiu captar a história do livro, quando vi o filme era como se aquele ator (Ben Whishaw) fosse realmente o Grenouille que imaginei lendo o livro.
O inicio nos leva a uma Paris repugnante do século XVIII, é onde nosso personagem nasce, em meio ao lixo e excrementos, ele nasce com um dom, seu olfato é apuradíssimo, e o primeiro cheiro que sente é o da morte.
Ele passa a memorizar os odores, conseguia distinguir um cheiro a distância. Já adolescente vendido a um mercado como escravo, começa a trabalhar num curtume e logo é designado para trabalhar na cidade junto a seu senhorio e lá ele conhece um perfumista do qual ele fica maravilhado e onde sua estranha obsessão aponta. Esporadicamente ele ia se encontrar com o perfumista decadente, este fica atônito ao ver como Grenouille tinha habilidade em criar. Assim ele se torna aprendiz de Baldini (Dustin Hoffman) aperfeiçoando seu dom, ele deseja criar um aroma perfeito, um jamais criado, esse desejo cresce quando por acidente ele sufoca uma mulher, ele quer guardar para si aquele aroma, ele tinha essa necessidade. Muitas mulheres virgens foram mortas para saciar sua loucura, mas finalmente ele conseguiu realizar seu intento, mas seus atos foram descobertos e logo foi preso. Mas seu perfume será usado e algo muito surpreendente acontecerá...
"Perfume, a História de um Assassino" é com certeza um filme desconcertante, a escolha do ator foi incrível, pois ele passa as sensações apenas com seus gestos e olhares, um anti-herói cativante.
Com certeza não é um filme comercial, ele traz a originalidade de um serial killer nada convencional.
Só digo uma coisa: Excepcional.
Obs: Recomendo que leiam o livro de Patrick Süskind antes, pois assim poderá sentir realmente todos os detalhes do filme. É muito mais gostoso observar as cenas que a nossa imaginação produziu ao ler o Best- Seller.
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
Tomboy
De uma maneira delicada e natural, o tema homossexualidade na infância é a história que esse filme nos conta, a garota Laurie (Zoé Héran) se muda com a família para uma nova casa, e se passa por um menino em meio as outras crianças.
Laurie se passa por Michael, e nos convence, pois ela usa cabelos curtos, roupas de menino e ainda como não passou pela fase crítica da adolescência, a farsa dá certo. Até que se envolve em uma briga para proteger sua irmãzinha menor, a mãe do garoto que apanhou vai até o apartamento reclamar com a mãe de Laurie, e esta descobre a mentira, como castigo faz com que diga para todos a verdade, incluindo Lisa, uma menina por quem Laurie se sente atraída.
Tomboy é uma palavra inglesa designada a uma menina que tem comportamentos masculinos. A mãe de Laurie não se importa que ela se vista como menino e brinque no meio deles, o que ela não quer é que ela minta, e essa é uma boa maneira de ensinar a se aceitar. Não é uma narrativa didática, ao contrário, é uma história simples que não se aprofunda tanto em emoções, apenas nos mostra uma realidade difícil de ser aceita pelos pais e a sociedade em geral, também retrata como o comportamento na infância diz muito de como seremos. De uma forma sensível e pura, o filme trata desse assunto tão falado e cheio de questionamentos de modo diferente.
Descobrir-se é uma tarefa difícil, criar sua própria identidade e dizer pro mundo: "Eu sou assim e ponto", é muito complicado.
O elenco formado por crianças se destaca pelas maravilhosas interpretações, os olhares seguidos por muitos silêncios nos dizem muito. É um filme de sutilezas, onde o assunto é tratado de uma forma natural e extremamente delicada.
Um drama francês dirigido por Céline Sciamma que nos mostra que "Despertar, às vezes é difícil."
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
Vermelho Como o Céu (Rosso Come Il Cielo)
Um filme italiano de Cristiano Bortone bem humano e passional, retrata a história real de Mirco (Luca Capriotti) que fica cego após um acidente brincando com uma arma de fogo e é obrigado a frequentar uma escola especial longe de todos que convive. Na Itália dos anos 70 os portadores de deficiência visual eram separados em uma escola especialmente para eles. Aí se destaca toda imaginação que esse menino possui, mas o diretor (cego também) não acredita no potencial dos meninos, inferioriza e não dá nenhum suporte psicológico positivo, mas a história nos conta uma vida de superação, mas não daquelas apelativas, mas simples e singela que nos faz querer chorar e se sentir feliz de estar visualizando uma história tão bonita. A forma como Mirco se adapta a escuridão e toda a sua transgressão.
Mirco como grande fã de cinema e inconsolável por não poder ir mais, ele arranja um gravador velho e escondido narra histórias, conta com a ajuda do professor Don Giulio e Francesca, sua amiga inseparável, filha de uma funcionária. Contando também com um elenco de garotos realmente cegos, o que gera várias cenas memoráveis, como quando Mirco explica para seu colega como são as cores primárias, entre tantas outras.
É inspirador e emocionante!
Suas criações através desse gravador velho e toda a comoção que causa aos alunos acaba sendo expulso da escola, mas move a cidade diante dos movimentos políticos da época.
Um filme que só o cinema italiano sabe fazer. Nos faz pensar que existem várias maneiras de se enxergar e os olhos é apenas uma delas.
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
Cópia Fiel (Copie Conforme)
"Copie Conforme" é o primeiro filme ocidental dirigido pelo iraniano Abba Kiarostami. James Miller (William Shimmel) está lançando um livro que diz exatamente o que intitula o filme, ele escreve que uma boa cópia vale tanto quanto um original e como uma se distingue da outra, Elle (Juliette Binoche) francesa, mas que vive na Itália há anos, é dona de uma galeria.
Em um passeio a região da Toscana James lança suas ideias e as defende, enquanto Elle sente um misto de admiração e repúdio as ideias dele. Após uma conversa com uma dona de uma cantina, Elle começa a discutir um relacionamento de 15 anos com James, o que nos deixa bem desconcertados, e em várias partes perguntamos se aquilo é verdadeiro ou não.
Julliete Binoche é a grande atração do filme, seu parceiro Shimmel mostra uma atuação bem antipática e morna, o que o faz ser ofuscado. Os olhares de Juliette diretos para câmera e suas discussões passando do inglês para o francês e italiano em segundos é arrebatador.
A discussão entre eles torna o filme cansativo para o espectador e confunde muito, as ideias são vastas e complexas, apesar dos diálogos simples. Uma história inteligente, sutil e cheias de camadas.
Não é um filme cativante, mas vale a pena assisti-lo pela bela e talentosa Juliette Binoche que ganhou o prêmio de melhor atriz em Cannes (2010) e também pelo cenário lindo, a deslumbrante Toscana.
Nos surpreende pelos questionamentos e por colocar a contradição nos diálogos dos personagens.
"O que importa é a simplicidade da vida!"
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
Onde Vivem os Monstros (Where The Wild Things Are)
"Existe algo de selvagem dentro de todos nós."
Baseado no livro infantil homônimo de Maurice Sendak, repleto de ilustrações, essa história nos mostra o poder da imaginação.
O filme de Spike Jonze retrata o aventureiro Max (Max Records) que após brigar com sua mãe, fica de castigo e corre para seu quarto, lá ele se perde em meio a uma floresta, onde cria um reino em que é líder. Na ilha, lá onde vivem os monstros, eles ficam todos juntos e se divertem, mostrando que quem manda é o garoto, só que isso acarreta problemas, como no mundo real. Cada monstro tem uma emoção que representa um sentimento que Max carrega consigo.
Apesar do teor fantasioso, é um filme para adultos, não subestimando a inteligência das crianças, mas quando se assiste esse filme causa uma sensação do quanto essa fase é complicada, e que é nessa época que nossa personalidade e caráter se constrói, em como o relacionamento entre as pessoas é difícil, fazer escolhas sem afetar os outros, e todo o processo de se entender em meio a tudo isso. Chega a ser nostálgico.
Nos encontramos em cada monstro, criando personalidades em cada um deles, representando uma emoção, no caso de Max, a raiva, a tristeza, e ao mesmo tempo a diversão de ser criança. Em meio a isso, tem a inveja e o egoísmo de sempre querer a atenção para si.
Todo o cenário compõe-se perfeitamente com os monstros assustadores, mas que passam a sensação de serem reais, juntando a trilha sonora que ajuda absorver os momentos essenciais da trama, mergulhamos no mundo imaginário de Max.
Uma delicada e inteligente história contada em tom sério, retrata os conflitos pessoais que uma criança passa em sua vida real e em seu refúgio imaginário.
Um filme para ser sentido, capaz de nos tornar crianças novamente, entender esse período de transição e compreender-se interiormente.
Infelizmente o filme não se tornou comercial, mesmo ajustando-se para ser, parece que o grande público não absorveu bem a ideia. É exageradamente bonito em toda sua complexidade.
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
Ilha do Medo (Shutter Island)
Um mistério envolvendo uma paciente assassina internada em Shutter Island (um manicômio judicial), dois agentes federais ao chegar no local se deparam com uma rede de intrigas, o que impedem de voltarem sem solucionar o caso.
Adaptado do livro Paciente 67 de Dennis Lehane, Scorsese dirige com maestria esse desafio da mente humana.
Leonardo DiCaprio como o detetive Teddy Danniels nos confunde do começo ao fim, no desenrolar da história descobrimos que ele não está lá apenas para solucionar o caso de Rachel Solando (Emily Mortimer). Teddy busca a mulher que iniciou o incêndio e matou sua esposa Dolores (Michelle Williams).
Teddy tem dores na cabeça e ilusões envolvendo sua mulher e o campo de concentração onde libertou nazistas. George um paciente do hospital conta que a culpa de tudo é de Teddy e diz sobre os experimentos da ala C (a sala mais perigosa do hospital). Passa a criar atrito com os médicos, quando ele e seu parceiro Chuck (Mark Rufallo) suspeitam terem caído em uma armadilha, cuja intenção é prendê-los no hospício, já que nenhuma pista seguida por eles faz sentido.
Um filme bem tenso e de suspense psicológico, às vezes óbvio de propósito, às vezes nos enganando. O roteiro parece não querer explicar os mistérios que envolve Shutter Island, mas com um bom final tudo é resolvido perfeitamente.
Com ótimos diálogos e muitas reviravoltas, a história tem um clima noir. A transformação de Teddy que passa de uma pessoa segura de si para um lunático paranoico é muito boa, sempre em busca de algo para trazer conforto a sua consciência que custa deixar o passado, sem distinção de realidade e alucinação.
Repleto de dúvidas mesmo que algumas coisas soem previsíveis, nunca se sabe ao certo o que irá acontecer, Scorsese consegue fazer essa proeza em a "Ilha do Medo".
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
As Confissões de Henry Fool (Henry Fool)
Simon Grim (James Urbaniak) é um lixeiro desprezado por todos e considerado retardado, tem uma vida sem graça, mora com a mãe depressiva e a irmã ninfomaníaca, tudo isso fez com que Simon crescesse sem ambições e perspectivas. Henry Fool (Thomas Jay Ryan) um quase alcoólatra, fumante compulsivo enxerga em Simon um possível escritor de poesias pornográficas, o incentiva e o ensina a ser menos retraído.
De inicio não é bem recebido pelo seu estilo de escrita, é rejeitado pelo editor que Henry dizia conhecer, mas ao ir até a editora Simon descobre que ele era apenas o zelador do local. Henry tem o sonho de ver seu livro publicado, ele é um homem decadente, ex-presidiário, e sempre deixa a dúvida se devemos confiar no seu caráter. Henry acaba se envolvendo com a irmã de Simon e a engravida.
O filme retrata o começo da internet e é por ela que Simon ganha notoriedade, consegue êxito financeiro e fama, chegando ganhar até o prêmio Nobel. Henry ao ver o sucesso do amigo sugere que ele use seu prestigio para ajudá-lo a publicar suas Confissões, quando Simon lê, não vê futuro naquela história, mesmo assim leva até a editora, porém não é aceita, pois é considerada de mau gosto. Simon passou enxergar seu amigo de outra maneira, mas sabe que deve tudo o que conseguiu a ele.
Henry já casado com a irmã de Simon precisa sustentar seu filho, agora ele é o lixeiro, certo dia é desperto por uma raiva ao ver seu vizinho bater na mulher e estuprar a enteada (ele também tem instintos de pedofilia), vai até a casa e mata-o, complicando-se. Com a ajuda de Simon ele some e deixa todos com uma misto de sentimentos, que nos agrada e desagrada em minutos.
Um filme longo, com ótimos diálogos, inteligente e as vezes engraçado, seus personagens são fortes, começando pelo de Urbaniak, ele convence muito o espectador com seu jeitinho esquisito, quanto a Thomas Jay Ryan na pele de Henry Fool é esplêndido, um personagem complicado, cheio de imperfeições e filosofias.
O diretor Hal Hartley é um gênio, deixa sua assinatura, sendo um filme independente de baixo orçamento teve um enorme sucesso de crítica. Há uma continuação, "Fay Grim"(2006), que conta a história de Fay, irmã de Simon, mãe solteira de um garoto de 14 anos, que enfrenta problemas domésticos e teme que seu filho seja igual ao pai.
"As Confissões de Henry Fool" é denso e pertinente, nos envolve num enredo de situações embaraçosas e desagradáveis. Rodeado de vícios e misérias não é um filme de entretenimento, e sim para pensar na condição humana de sempre sonhar.
sexta-feira, 13 de janeiro de 2012
Cavalo de Guerra (War Horse)
Baseado no romance War Horse do escritor britânico Michael Morpurgo, publicado em 1982, onde retrata a saga de um cavalo nascido em Devon, na Inglaterra, e vendido para lutar na primeira guerra mundial em 1914. Enviado a França contra à vontade de seu dono, um jovem inglês, fará de tudo para poder recuperá-lo novamente.
Um drama épico de um cavalo impetuoso, arrematado em um leilão por um homem simples, que reside em uma fazenda com sua esposa e filho. O garoto encantado pelo cavalo, propõem-se a domá-lo, e daí em diante nasce uma amizade leal, que seguirá até o final desta história.
O pai do garoto não tem como pagar a dívida e o aluguel da fazenda, então é obrigado a vender o cavalo às forças armadas inglesas, que está de partida para França.
O cavalo Joey nos emociona do inicio até o fim, e olha que são duas horas e meia de filme. A ideia de bravura que o cavalo passa durante o período da guerra, a inesquecível amizade que sente pelo seu carinhoso dono, e a vontade de retornar para sua casa, é o que torna tudo tão melodramático e extremamente bonito.
Amizade entre animais e humanos sempre nos comove, o final é tão bonito e singelo que é impossível não se emocionar.
Joey passa pelas mãos de diversas pessoas e ele encanta a maioria. Um dos episódios mais emotivos é quando ele sai correndo em busca de sua liberdade sem olhar para nada, na esperança de escapar do sofrimento da guerra sai arrastando os arames farpados contra o peito, e não suportando mais, se enrosca e cai. Os soldados veem algo se mexer no meio do nada, e identificam que é um cavalo, um homem corajoso levanta sua bandeira branca para poder ajudar, e quando chega lá, há um soldado rival que se propõe a ajudar também, colocando as diferenças de lado naquele momento os dois se unem pela compaixão por um animal.
Poderia citar outras partes, como quando o cavalo negro, que sempre esteve ao lado de Joey morre, e este não entendendo, coloca a pata em cima de seu amigo, por assim dizer, chamando-o. E quando seu dono cego pelo gás ouve que encontraram um cavalo, e o reencontro acontece, o reconhecimento de ambas as partes é de encher os olhos d'água.
Steven Spielberg é um mestre, e diferente de seus trabalhos anteriores, e já muito conhecidos, este não tem grandes efeitos especiais, se trata mais de uma produção que carrega em si uma grande carga emotiva.
Com um roteiro bem completo e desenvolvido, nos mostra que naquele cenário de guerra existiam pessoas que não partilhavam dos mesmos ideais, e através do animal os destinos daqueles homens se cruzaram, e a essência do ser humano veio à tona. Olhamos a história com os olhos do Joey, e vemos um belo conto de amizade e lealdade!
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
Desonra (Disgrace)
David Lurie (John Malkovich) é um professor universitário que segue a filosofia de que ser prudente não nos adianta de nada. Sua vida é sair com prostitutas esporadicamente, ler Lord Byron, escrever uma ópera e dar aulas, até que se envolve com uma aluna e isso gera uma reviravolta na sua vida. Ele foge para a casa da filha Lucy (Jéssica Haines), um lugar distante no campo, e a realidade de David começa a mudar radicalmente, ele tenta uma aproximação com a filha, até que três jovens negros atacam a propriedade e violentam Lucy. David é despertado para dura realidade da vida que agora é devastadora.
Esta história foi adaptada do grande romance de J.M.Coetzee, vencedor do Nobel de 2003, onde mostra uma África pós Apartheid com questões de disputa de terras, como a de Petrus, morador da propriedade de Lucy, que aos poucos vai tomando conta devido a situação dramática em que a personagem sofre, ele oferece proteção em troca das terras, já que ela é branca em terra de negros. Grávida de um dos jovens que a violentaram, Petrus propõe se casar e protegê-la com o acordo de que ganhe mais um pedaço da sua propriedade, ela não tem escolha, afinal é lá que quer ficar, e David recusa-se a acreditar na passividade e aceitação da filha.
A parte dessa história tem algumas cenas bem tocantes, como quando David ajuda Bev em um abrigo para animais sacrificando-os, pois não há espaço para eles nessa África tão disputada. Ele é designado a levar os animais mortos e no caminho David para e começa a chorar apoiado no volante, é uma cena muito comovente.
A atuação de John Malkovich nos desperta vários sentimentos no decorrer da história, as mudanças drásticas da vida ajudam a nos descobrir e assim tomar conhecimento do que fizemos, no caso de David a se arrepender do fato com a aluna e pedir perdão para a família da garota. A moral que o filme nos traz é a da aceitação, cada pessoa faz suas próprias escolhas e por mais próximas que somos, não temos o direito de interferir, elas agem conforme a vida que tem, no caso de Lucy, a vida simples e sem luxos, longe de tudo é onde quer ficar, mesmo grávida e morando no mesmo lugar que o garoto que a violentou.
Ao mesmo tempo que David perde a crença no mundo e nas pessoas, ele tenta ajudar a sua filha superar o ataque, já que a relação dos dois não é das melhores, ele revê seus conceitos sobre o mundo e simplesmente aceita a decisão de Lucy.
"Desonra" nos mostra como ser mais flexíveis com as pessoas e as situações, cada um reage de uma maneira e pensa de um jeito diverso, somos diferentes entre si e não devemos interferir nas atitudes que os outros tomam, por mais que amamos ou não a pessoa que está ao nosso lado.
É um filme que nos propõe uma rica experiência, e reavalia os nossos conceitos, afinal somos tão passíveis de mudanças.
terça-feira, 10 de janeiro de 2012
Uma Vida Iluminada (Everything Is Illuminated)
"Refleti muitas vezes sobre minha busca... ela me mostrou que tudo é iluminado pela luz do passado. Ela sempre está do nosso lado, do lado de dentro, olhando pra fora. Como você diz, do avesso."
Jonathan é um jovem judeu americano que vai até a Ucrânia, em busca da mulher que salvou a vida de seu avô na segunda guerra mundial, junto com ele, vai Alex Perchov (Eugene Hultz, vocalista da banda Gogol Bordello), um tradutor que mais atrapalha do que ajuda, e o avô de Alex (Boris Leskin), um motorista mau humorado que sempre está ao lado de seu cachorro batizado de Sammy Davis Jr.
O drama tem pitadas de comédia e agrada pela mania que Jonathan tem de colecionar cada coisa que acha importante pra ele, um jeito de guardar as boas ou as más lembranças.
As características dos personagens nos encanta, Jonathan após perder sua avó, vê a foto antiga de seu avô com uma mulher ao lado, de algum modo ele quer reviver o período mais crítico da história e guardar para si aquele momento. Alex é obcecado por qualquer coisa relacionada a América e é um personagem bem cômico, seu avô é um homem amargurado, que no decorrer da história, acaba desenterrando seu passado. Todos extremamente muito bem interpretados, capazes de emocionar e tirar de nós vários sorrisos.
É uma beleza de encher os olhos, a Ucrânia tem paisagens lindas, e as cores vibrantes predominam naquele ambiente bucólico. De uma forma natural é mostrado o choque de culturas entre as pessoas, mas no fundo todos querem apenas uma coisa: sentir-se em paz consigo mesmo.
A viagem pela busca da mulher que salvou a vida do avô de Jonathan, revela segredos, recordações, o peso do Holocausto, e o mais importante, a amizade e o amor.
Baseado no livro de Jonathan Safran Foer, o filme foi adaptado pelo ator Liev Schreiber, em seu primeiro trabalho como cineasta.
Um outro modo de viajar pelo holocausto sem ser convencional, é um filme cativante e de muita sensibilidade, de primeira vista causa estranheza, mas acaba nos conduzindo à uma história belíssima. É incrível como é simples e ao mesmo tempo complexo.
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
Mártires (Martyrs)
Mártires, ou seja, testemunhas na tradução, nos revela uma história chocante e difícil de esquecer. Com muitas cenas de tortura e sofrimento, torna-se um filme pesado e de difícil absorção, para quem tem estômago e a mente frágil não é recomendado.
A história se passa na França dos anos 70, Lucie (Mylène Jamponoï) uma garota de dez anos foge de um cativeiro e é resgatada e levada a um abrigo, onde conhece Ana (Morjana Alaoui), que se torna sua melhor amiga. Quinze anos depois, Lucie atormentada pelas lembranças do passado só pensa em se vingar das pessoas que a fizeram sofrer, e envolve Ana nessa sua obsessão.
O filme mostra o quão longe o homem é capaz de ir para obter as respostas que deseja e que busca em toda a sua existência. Sem medo de mostrar o que é mais aterrador, as cenas são cruas e bem realistas, lidando com a vida e a morte, Lucie é atormentada pelo espírito da mulher que não conseguiu salvar, deixando ela cada vez mais perturbada.
Enquanto os vilões anseiam conhecer o segredo que vem após a morte, Ana tenta sobreviver as insanidades de seres humanos sem qualquer escrúpulos. A principal, mais conhecida por Mademoiselle (Catherine Bégin), acredita que atos sistemáticos de tortura, infligidos em mulheres jovens, ajudam a obter uma visão transcendental do que está por vir, o final abrupto surpreende e nos deixa em silêncio por vários minutos.
É um filmaço, gostei muito, diferente de tudo que já vi em questão de horror e perturbação, para quem gosta do gênero inspirado nos filmes japoneses de horror, é uma boa dica!
Perturbador e aterrador, "Mártires" tem todos os quesitos para quem curte um bom terror psicológico. É um filme surpreendente!
sábado, 7 de janeiro de 2012
Enigmas de um Crime (The Oxford Murders)
Martin (Elijah Wood) é um estudante que vai para Oxford ter aulas com seu ídolo, o famoso professor de lógica Seldom (John Hurt). Um dia a proprietária da casa onde Martin mora é assassinada, e dentre os suspeitos, ele é o mais provável. Mas várias mortes começam a acontecer no bairro onde mora, desencadeando uma rede de símbolos dos quais o professor e Martin estão dispostos a desvendar, e quanto mais perto Martin está de solucionar o caso, mais estranho fica e a insegurança aumenta.
Uma trama bastante complexa, temos que prestar muito a atenção para entender os detalhes e os diálogos, o roteiro é muito bem escrito e coerente no desfecho de todo o mistério.
Para quem gosta de uma história cheia de intrigas e casos para ser solucionados à la Sherlock Holmes, esse é o filme certo.
Elijah Wood surpreende, ao contrário da crítica que sempre prende ele ao personagem dos Senhor dos Anéis (Frodo), ele cativa com seu personagem juntamente com John Hurt. A trilha instrumental de Roque Bãnos (O Operário), faz do filme um ótimo thriller policial, e outro ponto positivo é a fotografia que capta os mínimos detalhes. É um filme complexo, inteligente, mas que agrada pelo enredo e a atuação de John Hurt e Elijah Wood.
Um filme bem inteligente que mexe com nossos neurônios!
quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
Confiar (Trust)
"Confiar" dirigido por David Schwimmer contém uma história atual e constante em nossos dias. Annie (Liana Liberato) uma menina de 14 anos tem uma família que a ama e a protege, mas mesmo assim se sente sozinha e incompreendida dentro de sua casa, após ganhar um computador de seus pais ela passa a frequentar um chat e acaba conhecendo Charlie, um garoto que diz ter 16 anos, mas ao passar de várias conversas e conseguir a confiança da menina ele revela ter 20, ela fica espantada com a revelação, mas continua a se comunicar com Charlie. Seus pais Will (Clive Owen) e Lynn (Catherine Keener) sabem de sua "amizade" virtual e não se preocupam, pois eles confiam em Annie e dão espaço a ela.
Passado algum tempo conversando resolvem marcar um encontro às escondidas num shopping, porém ela descobre que Charlie não é um garoto de 20 anos e sim um homem de 35 anos ou mais, e nesse momento Annie poderia ter gritado, fugido, só que o poder de sedução daquele homem é envolvente e atrai a garota, ele consegue levá-la ao motel e faz com que se entregue a ele, de modo que ela se apaixona pelo agressor, tamanho é o poder de atração que produz nela.
Após o ocorrido a família de Annie desmorona, seu pai fica obcecado ao tentar encontrar o criminoso, e até o FBI entra na história, mas não consegue encontrar pistas, sua mãe se concentra mais na filha que recusa em ajudar a encontrar o agressor.
Enfim esse filme deveria ser visto por todos os pais e adolescentes que pensam que conhecem as pessoas com quem mantém contato por internet, Liana demonstra muito bem em seu papel como uma garota de 14 anos pode ser inteligente e também ingênua, delicada e cheia de complexos.
A história se torna um pouco maçante depois do meio do filme e o criminoso é totalmente esquecido na trama, colocando foco apenas na família da menina, o que não foi de todo mal.
O abuso sexual de menores é muito comum, sem ser classificado como estupro ou violência sexual, mas sim o ato de seduzir e deixar-se levar por curiosidade e excesso de confiança.
David Schwimmer não tem muito sucesso em sua trajetória como diretor, apenas como ator na série Friends, mas com esse trabalho acredito que obteve bastante acerto, porém há muitas críticas negativas.
Eu gostei da trama, seu desenrolar ficou um pouco cansativo e o final foi bom, nada muito surpreendente, mas vale a pena assistir e tirar suas próprias conclusões.
Em nenhum momento o filme faz julgamentos, mas sim traz os fatos para que pensemos sobre o assunto.
quarta-feira, 4 de janeiro de 2012
O Menino do Pijama Listrado (The Boy In The Striped Pyjamas)
"A infância é medida por sons, aromas e visões, antes que o tempo obscuro da razão se expanda."
Bruno (Asa Butterfield) é um menino de oito anos que vive com sua família, seu pai é um oficial do Reich alemão que é transferido para uma tarefa em um campo de concentração. Ele leva sua família para morar naquele lugar onde o quintal é um matadouro de judeus. Bruno sente-se só, e curioso ele nota umas pessoas que usam um tal pijama listrado, vai andando até a "fazenda" e conhece Shmuel (Jack Scanlon) um menino da mesma idade que vive do outro lado da cerca. O estreitamento da amizade faz com que Bruno ultrapasse as barreiras e a tragédia prevista no final acontece.
O tema Holocausto é muito usado, já estamos saturados de filmes apelativos, mostrando as atrocidades que os judeus passaram, mas nesse filme o enfoque é outro, o laço de amizade, o ultrapassar a barreira, transpassar um preconceito, que nas crianças é inexistente em toda sua inocência e fragilidade. Aquele mundo horrendo é visto por olhos de crianças puras e olhos que não sabiam, ou talvez não quisessem saber o que acontecia além daquela cerca. O filme apenas sugere que algo ruim está acontecendo, como a fumaça saindo das chaminés, cria-se uma atmosfera bem emotiva.
O filme é emocionante e fiel ao livro, dá vida àquele personagem tão inocente que chega a dar raiva, principalmente em alguns momentos da sua amizade com Shmuel, que sempre está disposto a perdoar Bruno, este por muitas vezes sente inveja, pois pensa que Shmuel está mais feliz porque tem com quem brincar do outro lado da cerca.
Uma boa adaptação que traz a pureza e o horror da guerra andando lado a lado.
segunda-feira, 2 de janeiro de 2012
Os Sonhadores (The Dreamers)
Mathew (Michel Pitt) vai à Paris para estudar e não ir a guerra do Vietnã, chegando lá em meio a uma revolta envolvendo a Cinemathèque parisiense, ele conhece os irmãos gêmeos Theo (Louis Garrel) e Isabelle (Eva Green) e desenvolvem uma amizade muito íntima. Os três tem em comum a paixão pelo cinema e em várias partes revivem cenas de alguns filmes famosos, Mathew é convidado a morar por um tempo com os irmãos, enquanto os pais deles estavam viajando, aí ele começa a perceber o comportamento estranho que os gêmeos têm. Com o tempo forma-se um triângulo amoroso, mas não da forma comum, Mathew gosta de conversar com Théo que é um revolucionário passivo e com Isabelle ele mantém uma relação mais íntima, ela se faz passar por uma moça segura e muito culta, quando na verdade está apenas representando.
A medida que o relacionamento de Mathew e Isabelle aumenta, Theo com ciúmes disputa a atenção dela e até chega se distanciar deles, mas Isabelle ama seu irmão e é ele que quer por perto, e Mathew está tão inserido nesse contexto que não percebe o absurdo daquilo tudo.
Essa história toda acontece na véspera da revolução de 68, eles praticamente nem saem de dentro da casa, os dias se passam regado a bebidas, cigarros e sexo, e quando a revolução explode, eles saem as ruas exaltados e cada um segue seu rumo.
Não se pode ter pudor para assistir esse filme, tem muitas cenas de nudez e sexo, Bertolucci consegue fazer de tudo isso uma poesia, é impossível não se encantar com os personagens, e ficar hipnotizado pelos seus diálogos.
Um filme sensual, ousado, erótico, político (sem ser chato), e é nada mais que um poema ardente.
A trilha sonora é impecável, Janis Joplin, The Doors, Hendrix, é um filme feito para os cinéfilos, pois são muitos os filmes citados, é sensacional.
O filme não foi bem aceito pela crítica e várias cenas foram cortadas, como um ménage à trois que Bertolucci achou de bom senso ser tirada já que continha cenas explícitas gays.
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