quarta-feira, 24 de junho de 2020

Desaparecimento (Napadid Shodan)

"Desaparecimento" (2017) dirigido por Ali Asgari é uma obra que exibe uma pulsante e tensa realidade, acompanhamos atordoados a jornada angustiante de um jovem casal em busca de socorro médico pela madrugada fria e vazia em Teerã, são diversos os questionamentos e as dúvidas que perpassam na mente deles, retrata a repressão e o medo ultrapassando os limites chegando ao ponto de colocar a própria vida em risco. É uma experiência desesperadora e segue-se dessa forma até o último segundo do filme.
Em uma noite fria de inverno em Teerã, dois jovens amantes se deparam com um problema sério, e eles têm apenas algumas horas para encontrar uma solução. Eles vão de hospital em hospital buscando ajuda, mas nenhuma das autoridades do hospital admitirá a jovem para lhe fornecer a atenção médica que ela precisa desesperadamente. Enquanto eles tentam encontrar uma maneira de parar a hemorragia da mulher, eles devem ocultar o que está acontecendo com seus pais. Além disso, seu relacionamento enfrenta uma crise.
Sara (Sadaf Asgari) e Hamed (Amirreza Ranjbaran), são um casal recentemente formado, porém já passam por uma crise agravante, ela sofre uma hemorragia após a relação sexual, os dois então vão em alguns hospitais em busca de assistência, mas se deparam com uma série de burocracias e em todos a ajuda é negada. Sara não quer envolver os pais porque sabe do pensamento conservador deles e seria uma vergonha avassaladora, o casal inventa vários meios para que sejam atendidos, dizem ser casados, só que lhe faltam documentos, são aconselhados a irem a um hospital particular, a procurar médicos em clínicas particulares e nem sequer a examinam direito, Sara a cada hora que passa se sente mais e mais fraca e só é medicada quando a amiga de uma amiga que estuda medicina lhe aplica um anticoagulante, seguindo de um lado para o outro esperam uma clínica indicada pela amiga abrir, sem qualquer burocracia o médico realiza o procedimento por uma quantia exorbitante e os jovens desesperados abrem mão de todo o dinheiro que possuem sem analisar que mais cedo ou mais tarde os pais descobrirão. Quando Sara sai da sala de cirurgia está diferente e extremamente calada, o alívio que buscava vem em forma de desalento.
O filme prende a atenção mesmo mantendo um ritmo lento e isso se deve a situação inquietante, os dois seguem percorrendo a cidade mesmo sem saber o que fazer, há momentos que rodam sem necessariamente um destino, somente esperando alguma ligação ou na esperança de encontrar um hospital.

"Desaparecimento" é um filme angustiante e possui uma estética realista primorosa, a atuação dos jovens não forçam dramaticidade e exibem o medo e a angústia de forma natural, além de que retrata por um lado a repressão que fez Sara agir impulsivamente, e por outro a liberdade, principalmente na personagem da amiga de faculdade que fala com a mãe ao telefone abertamente, o que reflete o conflito entre o antigo e o moderno no país. Sem dúvidas, uma obra que mexe com nossos sentimentos e incomoda até o último segundo. Maravilhoso!

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