quarta-feira, 12 de março de 2014

Eu Sou Um Cyborg, Mas Tudo Bem (Ssa-i-bo-geu-ji-man-gwen-chan-a)

"Eu Sou um Cyborg, Mas Tudo Bem" (2006) de Park Chan-wook é uma comédia romântica incrivelmente original. É necessário ter um certo desprendimento para poder curti-lo. O longa conta a história de dois pacientes de um hospital psiquiátrico que se apaixonam. Cha Young-goon foi criada pela avó que sofria de esquizofrenia e que pensava ser um rato, a menina cresce apresentando algumas excentricidades, até que tenta o suicídio na fábrica onde trabalha, Young-goon segue uma voz que somente ela escuta, corta os punhos, coloca um fio em cada e liga na rede elétrica. Enquanto está caída no chão o restante continua trabalhando. Após esse fato é hospitalizada em uma clínica psiquiátrica e lá conhece outros internos tão peculiares quanto ela, um deles é Park Il-sun, campeão de ping pong que usa uma máscara de coelho e tem o hábito de roubar as habilidades dos outros pacientes.
Young-goon sofre por ser uma máquina sem manual de instruções e não conhecer o propósito de sua vida, ao contrário de outras máquinas com funções determinadas, como a de refrigerante, por exemplo. A garota não desgruda da dentadura da sua avó, e crê que lamber pilhas e baterias faz com que mantenha sua energia. Comer nem pensar, pois na mente dela isso a danificará. Young-goon não sabe qual o propósito de sua existência, ela acredita que sua avó tem a resposta e conversando com a luz que fica em cima de sua cama descobre que precisa matar todos os enfermeiros do hospital para poder fugir e devolver a dentadura de sua avó, e dessa forma descobrir a missão de sua vida.
A amizade entre Cha Young-goon e Park Il-sun acontece sutilmente, e logo ele se afeiçoa e tenta ajudá-la, principalmente tentando fazê-la comer. O jovem tem uma imaginação muito fértil e inventa uma cápsula (Megatron) que transforma arroz em energia, ele a convence que dará certo e instala em suas costas.
Ao mesmo tempo que o filme soa estranho, ele carrega uma doçura. O personagem Park Il-sun faz de tudo para ajudar Young-goon, e é aí que está todo o encanto do filme. Há cenas esquisitíssimas, como quando Young-goon se transforma numa metralhadora e sai matando todos os enfermeiros do sanatório. É para fugir mesmo dos clichês!
O romance que nasce entre os jovens acontece da forma mais pura e humana possível. O filme em todos os aspectos se torna interessante, desde a fotografia belíssima, os personagens excêntricos, a trilha sonora, os diálogos e as cenas que mesclam realidade e imaginação. Essa mistura criativa e peculiar faz desta obra algo para se ver com um carinho especial. Por detrás da bizarrice, há solidão, medos, traumas, conflitos internos, e sobretudo, amor. Todos têm sua loucura particular, mas há diversas maneiras de ajudar alguém, basta entender e com certeza teremos algo para compartilhar.

Park Chan-wook é cultuado pela "Trilogia da Vingança", mas é válido conhecer seus outros filmes, como "Sede de Sangue", que trata de um tema tão batido, como o vampirismo e o transforma numa obra original e reflexiva.
"Eu Sou um Cyborg, Mas Tudo Bem" é de uma delicadeza sem tamanho, chega a ter um tom lúdico, mas também é um romance leve e diferenciado com pitadas de um humor irônico.

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