sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

No Espaço Não Existem Sentimentos (I Rymden Finns Inga Känslor)

"No Espaço Não Existem Sentimentos" (2010) é um filme sueco bem leve do diretor Andreas Öhman. É daqueles filmes que inevitavelmente nos fazem sorrir e do qual guardamos com carinho na memória. Não havia me deparado com um filme sueco de comédia até então, mas foi uma grande surpresa. Bill Skarsgard (Hemlock Grove), filho do fantástico Stellan Skarsgard, faz um personagem apaixonante, sua vida é complicada pois sofre da Síndrome de Asperger, que faz com que não se aproxime das pessoas, não crie laços, porque sentimentos geram o caos dentro de sua cabeça. Mas quando a namorada de seu irmão Sam, rompe o relacionamento, ele fica absolutamente deprimido. Para animá-lo e fazer com que volte à sua vida normal, Simon decide ajudar a encontrar uma nova e perfeita namorada. Porém, a busca é muito mais complicada do que poderia imaginar e fica em dúvida se realmente poderá ajudar Sam. O único que consegue se comunicar com Simon é seu irmão, por isso ele o leva para morar em sua casa juntamente com sua namorada, as coisas inicialmente se estabelecem, criam uma rotina perfeita, mas tudo muda quando Frida não consegue suportar as manias e os ciclos repetitivos de Simon.
Sam é um irmão muito paciente e carinhoso, toda vez que algo se quebra dentro da rotina de Simon, e este se esconde na sua "nave espacial", ele é o único capaz de se comunicar com o garoto. Inicialmente a busca por uma namorada para Sam é simplesmente para completar o ciclo quebrado de sua vida certinha, ele não entende que para isso necessita se apaixonar, criar laços. Sua cabeça pensa em círculos e quando algo se rompe, não consegue processar uma saída, é o caos realmente. Há cenas muito criativas e divertidas por Simon interpretar tudo literalmente, não diferenciar emoções e tão pouco demonstrá-las, mas as coisas vão mudando quando Jennifer, uma excêntrica garota entra na vida dele. O momento do encontro é sensacional, como sua rotina é sempre a mesma, passa pelos lugares no mesmo horário, então esbarra em Jennifer e seus livros caem todos no chão, ela querendo ajudar e se desculpar toca nele, o que o faz bater nela. É nesse momento que começa a acontecer algo interessante, pois quando vai procurar uma namorada para seu irmão ele tenta encontrá-la da mesma maneira, com um esbarrão cronometrado.
É um filme de comédia muito inteligente e criativo, ele se livra de todas aquelas balelas que circulam quando se fala de personagens com algum tipo de dificuldade. O romance que acontece é de uma sensibilidade única. Tudo isso graças as interpretações de Bill Skarsgard, Martin Wallström e Cecilia Forss.

Jennifer é uma garota encantadora que aos poucos consegue conquistar Simon, mesmo ele não percebendo, pois há essa dificuldade em entender emoções. Ao tentar arranjar uma namorada para seu irmão, ele na verdade se ajuda, e enfrenta vários obstáculos. A cena em que entrevista as meninas na rua para buscar o par ideal, e as perguntas diretas ditas de forma tão natural por Simon é hilário. Jennifer vai inserindo aos poucos um outro mundo a Simon, como quando coloca o fone nos ouvidos dele passando assim a enxergar as cenas cotidianas conforme a música tocada. É um despertar simples, mas imenso.
Sou a favor de que todo mundo tenha uma "Jennifer" em sua vida, mas infelizmente esse tipo de pessoa é rara, é daquelas que nos transformam e nos mostram o valor de coisas pequenas, porém as que mais fazem sentido. Vendo o filme me veio o pensamento de que dificilmente vejo pessoas se gostarem realmente, sem reparar ou colocar defeito, de algum modo as pessoas não sabem mais lidar com sentimentos. Nada mais me parece ser natural.

"No Espaço Não Existem Sentimentos" é um filme que faz bem para o coração, para dar leveza diante a tanta automaticidade da vida, onde tudo é cronometrado e o tempo para se relacionar verdadeiramente é praticamente nulo.
A fotografia muito colorida enche nossos olhos, e a trilha sonora deliciosa compõe perfeitamente. É uma pena que filmes assim não entrem no circuito comercial, e poucas pessoas tomem conhecimento. É um tipo de cinema para quem deseja se deslumbrar com uma história divertida, inteligente e criativa. A sensação que o filme nos causa é a mesma de quando estamos apaixonados, e ao final até o sorriso bobo aparece.

3 comentários:

  1. Assisti o filme várias e vária vezes. Parece que não canso! Tão leve e cativante;triste saber que um filme tão bom não tenha o reconhecimento merecido

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