terça-feira, 6 de março de 2012

Apenas Uma Vez (Once)

Gravado em Dublin em cerca de duas semanas, o filme traz uma trama de amor simplória, "essencialmente um diálogo" - como o próprio Carney definiu. Hansard vive um talentoso músico que ganha a vida com seu violão nas ruas de Dublin e ajuda o pai em uma loja de aspiradores de pó. Markéta Irglová (outra cantora e multi-instrumentista profissional a entrar no projeto) interpreta uma tcheca que anda pelas mesmas ruas, vendendo rosas para sustentar sua família, e tem como hobby tocar piano. O acaso fez com eles se encontrassem, e a paixão pela música fará com que vivam uma experiência intensa e inesquecível.
John Carney sempre pensou em um filme que, apesar de não ser um musical tradicional, que empregassem canções para contar uma história de amor. A química entre os dois personagens, que não possuem nomes na história, é muito boa e toda a trama é complementada por essas belíssimas canções que não queremos mais parar de ouvir. Carney queria achar um cenário e um cordão de história simples que pudessem utilizar canções de forma que os espectadores atuais aceitassem bem essa proposta. Dessa forma, ele pediu a Glen Hansard (vocalista da banda The Frames) para escrever algumas canções. Após meses trocando ideias, Carney e Hansard criaram dez canções. O resultado disso tudo foi um filme original, com uma história de amor realista e moderna.
Diferentemente dos musicais vindos de Hollywood, nos quais predominam músicas espalhafatosas com personagens um tanto caricatos, as melodias aqui são bem mais intimistas, verdadeiras, passando sentimentos e contando uma história bacana em figuras reais e carismáticas. Assim, além de fazer parte do filme como principal elo entre os protagonistas, principalmente no que concerne à amizade crível, que aos poucos vai desenvolvendo-se e conquistando o espectador, as letras, com sua devida carga poética, funcionam quase como um ser vivo. Por ser a ação propriamente dita, as canções ditam como aquele singelo romance envolve os personagens e, consequentemente, o público.
A vida é carregada de escolhas, onde muitas vezes a razão sobrepõe a emoção, o que pode soar óbvio em um filme clichê de comédia romântica, neste é mais realista e os fatores da vida interferem nas grandes esperanças e nos caminhos a seguir. Algumas curiosidades tornam “Apenas uma Vez” ainda mais interessante.
É uma obra independente, talvez isso tenha ajudado a ser tão desprendida dos padrões do gênero. Mais genial do que a forma como o filme é apresentado, é saber que os dois protagonistas nem são atores, na verdade eles são cantores/músicos de verdade. O diretor do filme, John Carney, também é músico, e Markéta Irglová já trabalhou junto com Hansard no álbum The Swell Season. O cineasta e o diretor de fotografia Tim Fleming apenas acompanham de perto os atores, sem excessos, sutilmente evidenciando, câmera no ombro, detalhes da crescente conexão entre os dois. Fora tudo isso ele foi indicado a 18 prêmios, tendo vencido 14 (dentre eles o Oscar).

"Apenas uma Vez" resulta não em um longa que usa a música apenas como linguagem, mas um que a emprega também como tema. E há poucas coisas que se tornam tão românticas e verdadeiras quanto este filme. Ele com seu violão delirante, ela dedilhando um lírico piano, faz com que nos inebriemos diante as apaixonantes canções.
Como descrever o elemento que faz com que você se apaixone por algo ou alguém?

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