sexta-feira, 23 de março de 2012
Tiranossauro (Tyrannosaur)
O diretor Paddy Considini é mais um ator que se arrisca na direção de longas, e consegue fazer de seu "Tiranossauro" algo bem poderoso.
Peter Mullan interpreta Joseph, um viúvo aposentado e amargurado, ele desconta a sua raiva e seu fracasso como ser humano nos outros. Afogando suas mágoas na bebida, o que é só mais um motivo para se meter em confusões e arranjar brigas.
Joseph é um homem sem fé, seja em Deus ou em qualquer outro aspecto da vida, ele encontra em Hannah (Olivia Colman) um suporte para manter sua alma anestesiada. Ela é uma mulher que tem um casamento falido e que apanha constantemente de seu marido. De início Joseph julga Hannah uma mulher burguesa, mas logo chega uma situação em que ela não admite ser mais surrada e busca apoio na casa de seu amigo. Juntos encontram um meio de sobreviver, um meio termo, na religiosidade de Hannah ou na vida prática de Joseph.
A violência retratada no personagem de Peter Mullan é caracterizada pelos erros do passado, erros dos quais pessoas próximas a ele sofreram também, ele não é capaz de se perdoar e isso o perturba, o sufoca dia após dia. Apesar de tudo Joseph é um homem bom, mas as circunstâncias da vida o fizeram ser frio e medíocre.
A vida de Hannah é um tapa na cara da sociedade vivida por aparências, pois é casada com um homem bem-sucedido, que jamais seria visto como um estuprador e espancador de mulheres, e ela uma mulher de convicções religiosas luta para poder seguir em frente, até que o desespero a toma, e assim conhece seu lado violento.
Ainda em luto pela sua mulher (morte pela qual ele se culpa), Joseph conhece Hannah, e ela entra em sua vida e mostra que existem vidas mais complexas do que a dele, e dessa forma um tenta ajudar o outro à sua própria maneira.
"Tiranossauro" é um filme tenso e bem real, que mostra o quão somos tortos, e a vida realmente não dá colher de chá pra ninguém, os problemas aparecem para todos, só muda o como lidamos, pois cada um recebe e absorve a vida de um jeito. Todos temos dois lados, somos anjos e demônios.
A trilha sonora é maravilhosa e compõe perfeitamente com os silêncios de Joseph, pois é neles que vemos o quanto aquele homem sofre. É impressionante!
O filme já começa sem respiro, é seco, tenso e não é à toa que foi eleito o melhor filme britânico do ano de 2011. Um drama devastador que une duas pessoas pelas suas desolações, um romance atípico. Todos nós temos que enfrentar nossos "dinossauros", seja como for.
Uma bela história de redenção pelo altruísmo. A escolha do título foi uma ótima sacada. Vale a pena assistir!
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