segunda-feira, 22 de junho de 2015

Agorafobia (Phobidilia)

"Eu tive tudo no meu reino, tudo que uma pessoa precisa para ser feliz: boa comida, sexo, 24 horas de entretenimento, 250 canais de todo o mundo, era intocável. Então como tudo deu errado? Até hoje, quando tento entender minha história estranha, não chego a uma conclusão. Mas eu sei de uma coisa, de alguma forma o mundo perfeito que eu criei, começou a desmoronar." 

"Agorafobia" dirigido pelos israelenses Doron Paz e Yoav Paz reflete sobre solidão e fobia social em tempos de comodidades tecnológicas.
Depois de sofrer um colapso nervoso, um jovem decide abandonar a caótica vida urbana e nunca mais sair de seu apartamento. Ele logo descobre que no mundo atual tudo de que ele precisa pode ser facilmente conseguido: sexo pela internet, entrega de comida, entretenimento na televisão. Anos depois, essa existência idílica sofre um baque quando ele é informado que o apartamento está prestes a ser vendido.
O ator Ofer Shechter (Kalevet - 2010) permaneceu três semanas confinado no estúdio antes do filme ser rodado para dar realidade ao seu personagem. O mundo criado para si vai desmoronando aos poucos ao saber que precisa deixar o apartamento, mas ele arquiteta meios de driblar isso. O filme não explica os motivos de sua fobia, apenas a retrata, há muito desespero, agonia e alucinações, ele mesmo diz que quando se está por muito tempo sozinho nada mais parece real. Sua única companhia é Albert, o gato, e seu lazer é o jardim, que lhe dá o prazer de ver o pôr do sol.
O longa expõe muito fielmente o mundo moderno, o quanto estamos reféns das tecnologias e do conforto que nos proporciona, o que não é ruim de forma alguma, mas o que não pode é se tornar escravo. Facilmente podemos cair nessa armadilha, pois a rotina é estressante e o convívio com as pessoas está cada vez mais difícil, há meios para tudo via tecnologia, o protagonista faz compras e paga contas, faz sexo virtual e trabalha em casa. Cria-se um mundo e isso acaba bastando.
Ele também passa bastante tempo em frente a televisão vendo coisas banais, e é aí que entra Daniela (Efrat Boimold), que trabalha no telemarketing de uma emissora, um dia liga pra casa dele e oferece o aparelho que mede audiência, de um jeito invasivo ela entra na vida desse cara que não quer mais estar em meio a pessoas e fazer parte do todo. A relação deles vagarosamente vai tomando forma e mostra que para se sentir vivo é necessário ter pessoas ao lado.
A solidão é saudável, mas é necessário saber entrar e sair dela, a ilusão que toda essa tecnologia oferece e essa avalanche de tudo que nos ataca, leva-nos a vários distúrbios emocionais trazendo assim a insatisfação contínua.

"Agorafobia" é um filme que aborda um tema doloroso, real e que precisa ser debatido, os personagens são bem construídos e mesmo que seja desesperador e pareça um caminho sem saída, há esperança para esse transtorno do qual o personagem sofre, principalmente se houver o amor. 

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