quarta-feira, 5 de setembro de 2012

A Costa Perdida (Humboldt County)

Muito se discute sobre a legalização da maconha, há muito o que se desmistificar, é um assunto que gera polêmicas e quase sempre nunca se chega a um lugar comum. Não há dúvidas de seu benefício para a saúde, principalmente no tratamento do câncer, e que também a sua proibição só estimula o uso. "Humboldt County" é o nome do filme, mas também dá nome a um lugar que fica no norte da Califórnia, mais conhecido como a "Costa Perdida", e é lá que acontece a história que vai muito além de usar ou não usar a bendita Cannabis.
Peter Hadley (Jeremy Strong), um promissor mas desiludido estudante de medicina desacreditado pelo seu professor e pelo seu pai, acaba certa noite conhecendo uma garota que o faz viajar com ela até o distrito chamado Humboldt County, uma comunidade de fazendeiros plantadores de maconha e uma hospitaleira, porém excêntrica família. Peter é um jovem que foi criado todo certinho por um pai que só pensa em trabalho, dessa maneira apenas seguiu o caminho que seu pai escolheu pra ele, mas algo mudará em sua vida a partir do momento que ele começa a conviver com essa família, e então percebe que lá se sente em casa, estranhamente em casa. Não se engane, não é uma comédia como tantas outras que tratam o assunto sempre de forma escrachada, mas sim traz o tema com seriedade, nos faz refletir sobre escolhas e vontades, e como deixamos as oportunidades verdadeiras passarem na nossa frente sem nem ao menos perceber, mas felizmente, podemos mudar os rumos de nossas vidas.
Max (Chris Messina) é um dos personagens que nos pegam de jeito, seu modo de ver a vida já diz muito, ele planta para poder garantir o sustento de sua filha postiça, uma menina que cria com carinho. A comunidade tem o direito de cultivar, mas se plantar em demasia e a polícia federal descobrir, eles acabam com tudo. Max é um homem bom, ele diz para Peter não levar a vida tão a sério, ele simplesmente mostra que a vida pode ser muito mais do que a enxergamos, e Peter diante daquele lugar majestoso entende que o que tinha antes não era uma vida, era uma rotina mecanizada, e nunca tinha se perguntado o que queria para si realmente. Lá perto da natureza e daquelas pessoas que também tem seus problemas, mas que mesmo assim nutrem carinho uns pelos outros, se importam pelo bem-estar, coisa que ele nunca teve com seu pai, Peter sem querer encontrou-se e conseguiu achar seu lugar.

O filme está muito além do assunto fumar ou não fumar maconha, é mostrado como um hábito e uma cultura definida pelo local, que causa estranheza para as pessoas que veem isso como algo ruim. Por isso, vale ressaltar o pensamento de que o homem não pode proibir o que a natureza fornece.
Mostra-se perspectivas diferentes, nos tiram do mundinho perfeito, regrado e hipócrita, sabe aquele tipo de pessoa que precisamos medir palavras, agir de um modo oposto para ser aceito? Pois é, nesse filme Peter descobre que existe um outro tipo de ser humano, o verdadeiro, que vive de acordo com o que sua mente e espírito pede. Pessoas de essência.
Às vezes os lugares em que menos esperamos é aquele que nos acolhe e nos dá vida novamente.

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