quarta-feira, 9 de maio de 2012

Redenção (Machine Gun Preacher)

"Redenção" (2011) dirigido por Marc Foster, conta a história real de Sam Childers, interiorano dos EUA que, depois de sair da cadeia, encontrou Cristo, largou as drogas e o crime, e influenciado por um missionário católico, partiu para a África. Em 30 anos, Childers construiu um orfanato para vítimas da guerra civil no Sudão e ganhou o apelido de "Pastor da Metralhadora". Críticos de Childers, como uma médica sem fronteiras que aparece no filme, enxergam nele um mercenário que responde à bala, como seus inimigos, os radicais sudaneses, aos conflitos da região.
O filme começa quando Childers sai da prisão e logo tem seu primeiro embate com a realidade, o que nos chama a atenção é a sua surpresa diante do óbvio: ele injeta heroína de noite e, na manhã seguinte, olha-se no espelho em choque, como se nunca tivesse passado por uma ressaca. Ao mesmo tempo, as elipses que o roteirista Jason Keller impõe ao filme tiram de Childers suas etapas de aprendizado, a assimilação do erro, ele passa por uma experiência, e em seguida reage em direção oposta. Ao chocar-se com as drogas, por exemplo, larga-as depois. Não há um processo, uma reflexão no filme sobre essas experiências. "Redenção" engloba o poder da fé na construção de uma vida melhor a um povo que precisa de ajuda, através das mãos de um homem. A maneira como se chega a essa melhoria é o grande ponto de análise do filme estrelado pelo ator escocês Gerard Butler.
O filme traz diversas sequências de guerra rodadas com bastante realismo em locações, o que o torna incômodo por diversas vezes, atingindo assim um dos seus objetivos. Além da crueldade reinante, fica clara também a confusão que há na disputa política, com salvadores da pátria transformando-se em tiranos em pouco tempo. No fim da história (que na verdade não tem fim) são as crianças que mais sofrem.
No final, já no cair dos créditos vemos depoimentos do verdadeiro Sam Childers. O profeta guerreiro é intenso e Gerard Butler tem seus méritos na boa construção de seu protagonista, porém  assemelha-se a figura do Rambo.
Marc Foster não deixa de adocicar a trama com recursos fáceis, mutas vezes inconsistentes. Um exemplo é o diálogo travado entre o herói e sua esposa, quando ele pensa em largar tudo, ela diz: "Pare de choramingar, as crianças não desistiram."

A fé é a grande propulsão do ser humano, o poder de acreditar em algo é o que nos move, seja na religião ou não, até porque fé não está vinculada à religião. Sam crê que Deus lhe enviou uma missão e faz de tudo para não desistir desta. Na visão dele as ações é o que Deus quer ver, seja como for. A última frase dita por ele exprime bem isso: "Se você perdesse seu filho e eu o trouxesse de volta, importaria como eu trago?".

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