terça-feira, 15 de maio de 2012
O Dia do Curinga, de Jostein Gaarder
"Você já pensou que num baralho existem muitas cartas de copas e de ouros, outras tantas de espadas e de paus, mas que existe apenas um curinga?", pergunta à sua mãe certa vez a jovem protagonista de "O Mundo de Sofia". Esse é o ponto de partida deste outro livro de Jostein Gaarder, a história de um garoto chamado Hans-Thomas e seu pai, que cruzam a Europa, da Noruega a Grécia, à procura da mulher que os deixou oito anos antes. No meio da viagem, um livro misterioso desencadeia uma narrativa paralela, em que mitos gregos, maldições de família, náufragos e cartas de baralho ganham vida, transformam a viagem de Hans-Thomas numa autêntica iniciação à busca do conhecimento - ou à filosofia. "O Dia do Curinga" é a história de muitas viagens fantásticas que se entrelaçam numa viagem única e ainda mais fantástica - e que só pode ser feita por um grande aventureiro: O leitor.
Tudo começa quando na viagem, param em um posto de gasolina de uma só bomba, e um anão os atende, ao pedido da indicação de um bom caminho, ele indica um desvio até um povoado chamado Dorf, caminho este que, Hans-Thomas e seu pai descobrem depois, ser mais longo. Ainda no posto, o anão dá a Hans-Thomas uma lupa que diz ter sido feita por ele mesmo, com um pedaço de vidro encontrado no estômago de um cervo. Eles chegam a Dorf e passam a noite lá. Hans-Thomas passeia pela cidade, enquanto o pai se diverte no bar do hotel. Passando por uma padaria se encanta por um aquário na vitrine, percebendo que nele faltava um pedaço do mesmo tamanho do vidro de sua lupa. Ao ver que Hans-Thomas tinha aquela lupa, o padeiro convidou-o para entrar, lhe serviu um refrigerante de pera e lhe deu um saco com quatro pães doces. Ele falou para Hans comer o maior pãozinho apenas quando estivesse sozinho. E disse também que um dia serviria para o menino uma bebida muito mais gostosa que aquele refresco. A noite, ele comeu o pãozinho e encontrou dentro dele um livrinho, um pouco maior que uma caixa de fósforos, escrito com letras minúsculas. Usando a lupa que ganhara do anão, ele começou a leitura do livro. E a partir daí, enquanto seguiam viagem, Hans foi lendo o livrinho e descobrindo os mistérios escondidos nele, ao mesmo tempo que descobria que seu pai adorava filosofar sobre a vida.
O livro escrito pelo padeiro conta a história dele próprio (Ludwig, um ex-soldado) e de seu mestre Albert, que lhe ensinara a arte da panificação. Cada um vai contando sua história de vida, e como seus destinos são entrelaçados. Certa vez um marinheiro chamado Hans naufragara em uma ilha, e encontrara uma "sociedade" um tanto estranha, que logo descobre ter sido criada por Frode, outro náufrago da ilha.
O navio de Frode naufragara e ele ficara anos e anos sozinho, apenas com um baralho para lhe fazer companhia. Ao longo dos anos o baralho se desgastara a ponto de ficar quase impossível distinguir uma carta da outra. Frode, há muitos anos solitário, conversava com suas cartas e, em sua imaginação, elas respondiam. Ele imaginava cada carta como uma pessoa anã. Cada um tinha seu temperamento e personalidade, havendo semelhanças entre números e naipes. Certa vez, perambulando pela ilha, Frode vê o valete de paus e o rei de copas andando, exatamente como ele os havia imaginado, e logo, surgiram todo o resto do baralho. Então, Frode passa a conviver com as cartas, que tinham um pensamento muito limitado, principalmente por causa de uma certa "bebida púrpura", que era deliciosa, promovendo reações indescritíveis ao ser ingerida, mas que em excesso destruía a mente. E após exatos 52 anos da chegada das primeiras cartas, Hans chega à ilha. Este se espanta muito e não sabe se pode crer no que seus olhos veem. Após Frode explicar-lhe tudo sobre a ilha, inclusive sobre o curioso calendário inventado por ele, revela que o dia seguinte seria o dia do curinga, um dia extra no calendário da ilha. Neste dia havia uma festa em que todos jogavam o "jogo do curinga". O curinga era um anão que tinha aparecido depois dos outros e nunca se inebriara com a bebida púrpura, sendo, portanto, o único ser pensante da ilha, além de Frode, e, agora Hans.
Esta é uma viagem ao fantástico, cheia de simbolismos e filosofia, Jostein Gaarder sabe fazer isto muito bem, tem sua própria maneira de levar a filosofia para os jovens, em uma linguagem simples e genial. Assim como "O Mundo de Sofia" esta fábula pode ser vista como uma maneira divertida de falar sobre um tema dito complexo. É uma história que seduz pelo mundo mágico criado.
"Enquanto somos crianças, ainda possuímos a capacidade de experimentar intensamente o mundo à nossa volta. Com o passar do tempo, porém acabamos por nos acostumar com o mundo. Ser criança e se tornar adulto é como embebedar-se de sensações, e de experiências sensoriais."
"Enquanto somos crianças, ainda possuímos a capacidade de experimentar intensamente o mundo à nossa volta. Com o passar do tempo, porém acabamos por nos acostumar com o mundo. Ser criança e se tornar adulto é como embebedar-se de sensações, e de experiências sensoriais."
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