quinta-feira, 13 de dezembro de 2018
Ciganos da Ciambra (A Ciambra)
"Ciganos da Ciambra" (2017) dirigido por Jonas Carpignano (Mediterranea - 2015) é um filme real e justamente por isso árduo, é o retrato da passagem da adolescência para a vida adulta de Pio, um garoto que vive numa comunidade cigana em Ciambra, na Calábria, sua família assim como tantas outras destituídas do espírito livre de outrora precisam sobreviver cometendo variados golpes e pequenos furtos, o pequeno Pio se espelha no irmão e sua família depende exclusivamente desses delitos, o retrato é extremamente atual, a crise social e política na Itália com os imigrantes, a invisibilidade dos grupos étnicos e a separação entre eles mesmos, como com os africanos. Marcante, observamos pessoas comuns driblando os obstáculos dentro de um mundo limitado e que ninguém parece querer enxergar.
Em uma pequena comunidade romana na Calábria, Pio Amato (Pio Amato), de 14 anos, está desesperado para crescer e se tornar um homem. Assim como seu irmão Cosimo (Damiano Amato), ele bebe, fuma e é um dos poucos a se infiltrar facilmente entre as facções da região, os italianos locais, os refugiados africanos e seus companheiros ciganos. Certo dia, seu irmão desaparece, fazendo com que Pio assuma seu lugar. Com uma função tão importante nas mãos, ele deve encarar uma escolha muito complicada.
Como feito em "Mediterranea" - filme anterior do diretor sobre a trilha percorrida por refugiados de Burkina Faso até a Itália - mescla ficção e realidade, os atores amadores se destacam tamanha potência em cena, Pio, o protagonista, é uma revelação, sua intensidade emociona e não desgrudamos o olhar dele, a ideia deste longa aconteceu quando o diretor teve o carro e equipamentos roubados durante uma outra produção e teve quer ir em Ciambra para negociar, assim conheceu a família Amato e resolveu retratar o ambiente.
Impressionante a força da figura de Pio, um menino que vive a perambular articulando meios de ganhar dinheiro para sua família, inicialmente ajuda seu irmão com roubos de carros, de cabos, etc. Depois que ele vai preso toma a frente e começa a furtar celulares, malas no trem e negociar os carros, as crianças se misturam no mundo dos adultos, fumam e entendem os problemas que enfrentam. A única relação de afeto que observamos é entre Pio e Ayiva (Koudous Seihon), um imigrante africano que sempre está à disposição para ajudá-lo e abraçá-lo, o elo fica mais forte depois que o irmão vai preso e Ayiva o auxilia na venda dos produtos roubados dentro da comunidade africana, então aí que Pio vai deixando o preconceito de lado e vê os seres humanos alegres e prestativos que ali habitam, Pio cria uma ligação com Ayiva, é a ele que sempre pede ajuda, mas quando o irmão sai da prisão e Pio acaba cometendo um grande erro, as coisas se tornam tensas e esse garoto precisa decidir entre ser aceito na sua própria comunidade, uma espécie de rito de passagem para se tornar homem, ou ficar do lado de Ayiva, seu grande amigo, mas que não faz parte de sua comunidade.
Como feito em "Mediterranea" - filme anterior do diretor sobre a trilha percorrida por refugiados de Burkina Faso até a Itália - mescla ficção e realidade, os atores amadores se destacam tamanha potência em cena, Pio, o protagonista, é uma revelação, sua intensidade emociona e não desgrudamos o olhar dele, a ideia deste longa aconteceu quando o diretor teve o carro e equipamentos roubados durante uma outra produção e teve quer ir em Ciambra para negociar, assim conheceu a família Amato e resolveu retratar o ambiente.
Impressionante a força da figura de Pio, um menino que vive a perambular articulando meios de ganhar dinheiro para sua família, inicialmente ajuda seu irmão com roubos de carros, de cabos, etc. Depois que ele vai preso toma a frente e começa a furtar celulares, malas no trem e negociar os carros, as crianças se misturam no mundo dos adultos, fumam e entendem os problemas que enfrentam. A única relação de afeto que observamos é entre Pio e Ayiva (Koudous Seihon), um imigrante africano que sempre está à disposição para ajudá-lo e abraçá-lo, o elo fica mais forte depois que o irmão vai preso e Ayiva o auxilia na venda dos produtos roubados dentro da comunidade africana, então aí que Pio vai deixando o preconceito de lado e vê os seres humanos alegres e prestativos que ali habitam, Pio cria uma ligação com Ayiva, é a ele que sempre pede ajuda, mas quando o irmão sai da prisão e Pio acaba cometendo um grande erro, as coisas se tornam tensas e esse garoto precisa decidir entre ser aceito na sua própria comunidade, uma espécie de rito de passagem para se tornar homem, ou ficar do lado de Ayiva, seu grande amigo, mas que não faz parte de sua comunidade.
O menino que carregava sempre um semblante duro e intimidador percebe-se criança precisando de carinho, sua inocência se vai de vez e a entrada para o terrível mundo adulto acontece. Suas lágrimas escorrem diante da decisão que tomou e como dói assistir esse momento. Um filme que marca por seus personagens que estão interpretando a si mesmos, um trabalho excepcional que extraiu deles naturalidade e espontaneidade, a câmera capta a dor e a alegria em suas faces de forma singela, Pio e Koudous Seihon são os destaques, a amizade entre eles e a questão da escolha que precisa tomar para ser aceito novamente em sua família depois de um equívoco. Os olhos de Ayiva no instante em que Pio chora em seus braços é dilacerante.
Os ciganos sempre brigaram com o resto do mundo por irem contra as regras sociais e, por isso, estereotipados como ladrões, pelas circunstâncias a liberdade lhes foi tirada, há tantas barreiras e fronteiras no mundo de agora, e os africanos refugiados são relegados e seus destinos incertos, eles lutam por uma vida mais digna e sem violência.
"Ciganos da Ciambra" retrata uma realidade desoladora e violenta, a linha que divide o certo e errado quando se está vivendo à margem na miséria extrema é bem tênue e não cabe julgamentos.
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