quarta-feira, 31 de maio de 2017
Chronic
"Chronic" (2015) dirigido pelo mexicano Michel Franco (Depois de Lúcia - 2012) é um doloroso drama que expõe a fragilidade humana, a sua aura grave impregna. Não é confortável acompanhar toda a trajetória de sofrimento silencioso do protagonista, é um estudo de personagem intrigante em que se denota uma forte necessidade de dedicação.
David (Tim Roth) é um enfermeiro que presta assistência em domicílio a pacientes em fase terminal. No entanto, ele vai além do que seu emprego exige, tornando-se um grande companheiro nos momentos mais difíceis de suas vidas. Por outro lado, David é solitário e tenta, da sua forma, estabelecer contato novamente com sua filha, Nadia (Bitsie Tulloch).
A atuação de Roth é primorosa, um homem soturno que se dedica quase integralmente ao trabalho como enfermeiro cuidando de pacientes em fase terminal, a câmera é fixa ao mostrar os corpos debilitados, são momentos que expõem com total crueza a degradação humana, como nosso físico é frágil e se desmonta com o tempo e a doença, David dá banho, os troca com uma cautela encantadora, o seu carinho elimina um pouco do ar tóxico que paira no ar e desanuvia o semblante de seus pacientes que muitas vezes se sentem constrangidos. Mas a sua dedicação conforme o desenrolar também vai causando uma sensação desconfortante, pois ele praticamente não respira fora de seu universo de trabalho, a necessidade de afeto é suprida nestes momentos de troca com seus pacientes, ele se apega. Há uma complexidade enorme dentro de si, o roteiro vai dando pistas de algo no seu passado, consequências de uma escolha, depois mostra sua relação distante com a filha, que ele segue pelas redes sociais, mas que o recebe bem depois que a procura, não aparenta ter mágoas e até decide seguir pelo caminho da medicina. Mas o que pesa realmente para David é o seu próprio ser, os únicos instantes que o vemos extravasar de alguma forma é em suas corridas pelas ruas.
A única maneira de escapar de suas dores é cuidar de seus pacientes, o zelo ganha formas de obsessão, David quer se tornar parte, adquire os mesmos gostos e até se faz passar por familiares, ele tem umas manias estranhas, mas é tudo com intuito de formar relações e preencher o vazio que sente, as pessoas das quais cuida são incapacitadas fisicamente e ele danificado emocionalmente.
A única maneira de escapar de suas dores é cuidar de seus pacientes, o zelo ganha formas de obsessão, David quer se tornar parte, adquire os mesmos gostos e até se faz passar por familiares, ele tem umas manias estranhas, mas é tudo com intuito de formar relações e preencher o vazio que sente, as pessoas das quais cuida são incapacitadas fisicamente e ele danificado emocionalmente.
"Chronic" não é um filme fácil de assistir, mostra dor e sofrimento tanto no aspecto físico com o declínio da saúde, o desapego a tudo o que se foi e ao emocional retratado pelo protagonista que se doa de maneira doentia a seus pacientes a fim de preencher o vazio e as grandes feridas do passado. Marcado por uma lenta narrativa e uma atuação densa e complexa de Tim Roth, "Chronic" deixa marcas por trazer como reflexão um tema tão difícil de ser encarado.
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Parece ser um ótimo filme, mas este gênero de dramas sobre doenças eu geralmente coloco no final da fila de opções.
ResponderExcluirÉ uma questão pessoal, não tem ligação com a qualidade do filme.
Abraço