quarta-feira, 18 de janeiro de 2017
O Monstro de Mil Cabeças (Un Monstruo de Mil Cabezas)
"O Monstro de Mil Cabeças" (2015) dirigido por Rodrigo Plá (Deserto Interior - 2008) é um filme direto que retrata o auge do desespero de uma mulher, que em busca de uma solução para que seu marido tenha tratamento médico adequado, toma uma atitude extrema. Acompanhamos esta história com ares de thriller com muita indignação e empatia, diante de um sistema de saúde precário que pouco valoriza o ser humano esse instinto de violência acaba por surgir, mas que por consciência ou falta de coragem não o fazemos.
Um animal ferido não chora, ele morde. Desesperada em busca do tratamento médico necessário que garantirá o conforto e a dignidade de seu marido – vítima de câncer em estado terminal – Sonia (Jana Raluy) dá início a uma cruzada contra a sua corrupta e negligente companhia de seguro de saúde e seus cúmplices. Ao lado de seu filho (Sebastian Aguirre Boeda), ela embarca em uma espiral vertiginosa de violência e morte. Uma rede de abuso corporativo que vem ultrapassando os limites da América Latina para se tornar um esquema de corrupção global.
É um assunto urgente que é tratado com total crueza, ele é certeiro ao demonstrar todo o descaso, a burocracia e os artifícios usados pelas companhias de seguro no momento em que alguém necessita de ajuda. O marido de Sonia tem câncer e está em estado terminal, mas ela tem esperança e busca um tratamento adequado, então recorre ao seguro que a família paga a mais de 16 anos e pede auxílio, porém a empresa nega por conta de questões burocráticas. É uma saga atrás de médicos e papéis, encurralada e desesperada, pois o tempo não corre a seu favor toma uma decisão drástica junto de seu filho. Vai atrás dos responsáveis e os ameaça com uma arma.
Baseado no livro homônimo de Laura Santullo, somos convidados a assistir toda essa desesperada trajetória, também podemos observar a história sob o olhar de personagens secundários, a câmera é como se fosse o olho destas pessoas, no começo Sonia fica em segundo plano, menosprezada, ela ganha atenção quando toma a atitude de apontar uma arma para aqueles que podem resolver a questão. E enquanto a trama se desenrola ouvimos os depoimentos do futuro julgamento de Sonia.
Baseado no livro homônimo de Laura Santullo, somos convidados a assistir toda essa desesperada trajetória, também podemos observar a história sob o olhar de personagens secundários, a câmera é como se fosse o olho destas pessoas, no começo Sonia fica em segundo plano, menosprezada, ela ganha atenção quando toma a atitude de apontar uma arma para aqueles que podem resolver a questão. E enquanto a trama se desenrola ouvimos os depoimentos do futuro julgamento de Sonia.
A atmosfera é angustiante e gera mal-estar, a protagonista causa empatia e compreende-se a atitude tomada, pois existem milhares de casos de pessoas que pagam plano de saúde e na hora de usá-lo não são atendidas, ou quando são não cobrem ou negam exames e tratamentos, entre tantas outras coisas.
Jana Raluy está maravilhosa em cena, seu semblante de desespero e cansaço é sustentado o filme todo, o filho a segue e por vários momentos exibe medo e percebe que a mãe se tornou obsessiva. Sonia é surpreendida, pois quando vai atrás da assinatura para começar logo o tratamento de seu marido, percebe que existe uma hierarquia de poder suja e fria e que não irá conseguir subir todos os degraus para obter a justiça almejada.
Destaque para a crueza da história e o quão direta é, claramente uma denúncia aos sistemas de saúde que priorizam somente lucro, a câmera nervosa que acompanha os eventos e a interessante inserção do som como complemento intensificando as emoções.
"O Monstro de Mil Cabeças" é extremamente realista, acredito que muitas pessoas diante de uma situação semelhante já pensaram em agir com violência, pois é tanto descaso e desprezo que parece que só gritando ou apontando uma arma é que as coisas poderiam dar certo.
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Por coincidência, ontem no blog postei dois filmes sobre desespero em busca de transplantes. A diferença é que são obras de Holywood que beiram o absurdo.
ResponderExcluirA questão da saúde na vida real é vergonhosa. Além do perigo de ser ignorado por um plano de saúde mesmo com contrato e pagamentos em dia, o outro lado do SUS é ainda pior.
Passei por situações complicadas com uma pessoa próxima nos últimos dois anos tendo de enfrentar o péssimo atendimento em hospitais públicos.
É inacreditável a falta de humanidade no atendimento com que as pessoas que precisam da saúde pública enfrentam no nosso país.
O filme que vc comentou parece ser muito bom, é mais um que vai para minha lista.
Abraço
Olha que coincidência, dos dois que você postou assisti "Um Ato de Coragem", muito emocionante e uma atuação bonita do Denzel Washington.
ExcluirRecomendo "O Monstro de Mil Cabeças", impossível não sentir empatia pela personagem, só quem passou pelo descaso médico sabe o quanto é triste e doloroso, mesmo tendo plano de saúde a burocracia impera, muito jogo sujo nisso tudo.