quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
Contos Proibidos do Marquês de Sade (Quills)
"Para se conhecer a virtude, é necessário conhecer o vício."
Baseado nos últimos anos da vida do escritor Marquês de Sade (Geoffrey Rush), encarcerado em um sanatório francês, ele preenche páginas e mais páginas com suas histórias eróticas, que graças a ajuda da camareira Madeleine (Kate Winslet) seus escritos chegam as mãos de um editor. Publicado, o livro revolta a igreja, e Napoleão Bonaparte acaba enviando um médico especializado em torturas para impedir que ele espalhe a sua pornografia. O Marquês trocava confidências com o padre Abbe Coulmier (Joaquin Phoenix) sobre sua afeição por Madeleine, e este o ajudava a tratar de sua suposta loucura, até que não pôde fazer mais nada, pois às ordens determinadas eram que Marquês de Sade não poderia escrever mais. Só que sua obsessão não deixava que ele parasse de escrever, mesmo sem a pena, a tinta e o papel, quanto mais tiravam dele, mais ele fazia, mesmo que para isso usasse seu próprio sangue e suas fezes.
O nome original "Quills" é referente a "pena" em português, como aquelas que eram usadas antigamente para escrever, o filme retrata a história de Sade, o homem que deu origem a palavra sadismo, que define a perversão sexual de ter prazer na dor física e moral dos outros, mas conta a história do amor à arte, obsessões e liberdades reprimidas.
Sade usava seus textos para mostrar a sociedade hipócrita em que vivia, para cutucá-los e dizer: "Eu sei o que vocês são, e o que vocês sentem por trás dessa máscara", ele não usava filtro para poupar as pessoas que se sentiam indignadas com suas histórias.
A liberdade pode estar contida nos nossos desejos mais profundos, temos que escavar para tê-la, superar tradições e ideologias, Sade trancafiado fazia de sua escrita a sua liberdade, a sua única maneira de dizer que estava ali vendo os podres da sociedade.
Retratar um homem tão polêmico, que abalou as estruturas da moralidade ao expressar sua criatividade através da pornografia, não é tarefa fácil, em seus escritos há estupros, torturas, necrofagia, pedofilia, assassinatos, enfim, tudo está em suas obras, e Geoffrey Rush fez com muita sutileza e com muita simpatia o personagem, fez com que nos emocionássemos. As cenas explícitas foram poupadas, e o roteiro forte, mas elegante que exclui diversos palavrões faz do filme algo sublime e envolvente.
Sade mostrava a sociedade tal como ela era, suja, sexos furtivos, desejos não revelados, traições, quebrando tabus em meio a revolução francesa, seus contos faziam sucesso com o povo, porque seus personagens eram reais e sinceros, com seus absurdos e desejos secretos.
Um filme que desnuda o ser humano em seus desejos mais íntimos, e sem nenhuma censura protagoniza o amor à arte, e o que era pra ser repugnante se torna uma figura carismática.
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