sexta-feira, 16 de novembro de 2012
Cortina de Fumaça (Smoke)
Em NY no ano de 1990, Auggie Wren (Harvey Keitel) é o dono de uma tabacaria frequentada por diversos personagens, entre eles o escritor Paul Benjamin (William Hurt), que após a morte da esposa não mais conseguiu lançar um livro. A vida de Paul muda quando é salvo por Rashid Cole (Harold Perrineau Jr.) antes de ser atropelado. O fato dá início a uma relação de amizade entre o escritor e o jovem que pretende conhecer o pai, Cyrus (Forest Whitaker) que é dono de uma decadente oficina mecânica. A vida de Auggie também muda quando reaparece em sua vida a ex-namorada Ruby (Stockard Channing), alegando que eles tem uma filha (Ashley Judd) que é viciada em drogas. O diretor Wayne Wang se juntou ao escritor Paul Auster para filmar o roteiro deste filme sobre pessoas comuns que convivem ao redor de um local, a tabacaria de Auggie, onde praticamente todos os personagens fumam e tentam resolver seus problemas da melhor forma possível.
Um filme feito para ser visto diversas vezes. Uma obra-prima que expõe dramas humanos de uma maneira impecável. Tudo é extraordinário, começando pelo roteiro completamente envolvente e eficaz, o elenco com uma dose de humanidade extra, com suas personalidades únicas. Há profundidade em cada um, há valores esquecidos, como a generosidade e a amizade. E isso tudo em meio há muita fumaça e conversas magníficas.
Inspirado no maravilhoso "O Conto de Natal de Auggie Wren", de Paul Auster. O cenário é uma tabacaria, localizada numa esquina qualquer do Brooklyn, numa esquina que é o mundo. Auggie é um ser humano comum, que fuma seus charutos e que todos os dias tira uma foto do mesmo lugar, da fachada do seu estabelecimento, sempre com o mesmo enquadramento. Este homem é sábio, para ele todos os dias são iguais e ao mesmo tempo diferentes. A melhor cena é a que mostra seu álbum de fotografias a Paul, e este rapidamente o folheia alegando que todas são iguais, mas Auggie diz que se ele prestar atenção verá que cada uma é diferente, apesar de parecerem iguais. As estações do ano mudam, as pessoas também, às vezes a rua estava vazia, outras repletas de pessoas, e olhando mais devagar Paul se depara com a sua mulher falecida no retrato e se emociona. Esta cena consegue captar a essência da vida, o quanto estamos absortos, não nos damos conta das pequenas mudanças que ocorrem conosco, porque estamos habituados a pensar que tudo está como antes.
As histórias se entrelaçam, a amizade de Paul e Thomas é maravilhosa, um garoto mentiroso que quer encontrar e estabelecer um relacionamento com seu pai, este surge na pobre oficina de seu pai e sem saber que aquele garoto é seu filho, acaba dando um trabalho, mais tarde tudo vem à tona e a descoberta é muito emocionante. O final fecha maravilhosamente com a voz inigualável de Tom Waits, a sua figura combina perfeitamente com o ambiente do filme. Sua voz rouca embala a cena do conto de Auggie reproduzida em imagens. O conto explica como Auggie conseguiu a câmera fotográfica que utiliza todos os dias religiosamente.
Uma obra admirável e de sensibilidade única, indispensável para os cinéfilos. Auggie e Paul fazem uma dupla e tanto. Juntos experimentam a sensação de uma boa amizade. Assim como Paul e o garoto Thomas que vive um estágio em que dúvidas surgem e a esperança de reencontrar seu pai e ser amado é o que o domina. O filme tem aquele ar de reencontro consigo mesmo e de redescobertas interiores. É filme para ver, rever e rever de novo!
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