sexta-feira, 27 de outubro de 2017
Rastros (Pokot)
"Rastros" (2017) dirigido por Agnieszka Holland (Na Escuridão - 2011) é um filme que explora um tema bastante pertinente, a caça dos animais e o especismo, uma história com clima soturno, ritmo lento e uma majestosa interpretação de Agnieszka Mandat-Grabka.
Em uma densa noite de inverno, a astróloga e vegetariana Janina Duszejko (Agnieszka Mandat-Grabka) acaba encontrando o corpo de um de seus vizinhos, em condição deplorável. Os únicos vestígios da morte são alguns cervos mortos, provavelmente pelo vizinho, que é caçador. Mas o mistério começa de verdade quando, inesperadamente, outros caçadores da região começam a aparecer mortos nas mesmas condições.
Somos apresentados a uma senhora que mora sozinha no meio da floresta entre a Polônia e a Rep. Tcheca com suas duas adoráveis cadelas, apesar de aposentada leciona inglês para crianças, defensora dos animais vai contra os homens da aldeia próxima que vão assassiná-los, principalmente fora da época predeterminada para cada espécie, o que mais pra frente ela questiona também, é tida como uma velha louca e ninguém se preocupa, incontáveis vezes ela se queixa para as autoridades, mas nada acontece, ali há um elo entre os donos do dinheiro, políticos, os homens estão todos interligados de alguma maneira, seja por negócios ou pela caça. A primeira morte acontece e é um grande mistério, tudo leva a crer que seja um animal, outras mortes se sucedem e novamente a cena leva a crer nisto. Porém, há grandes indícios de vingança humana, alguns personagens entram na trama e dúvidas surgem, só que há pouca ênfase neles e a movimentação da protagonista acaba revelando o que está acontecendo. O suspense é fraco e não segura o mistério, mas mesmo assim é uma história interessante que questiona vários aspectos do ser humano em relação aos animais.
É um eco-thriller que mescla alguns gêneros e instiga por sua crítica, a bela paisagem, a presença dos animais contribuem para um filme de atmosfera densa e que promove diversos pensamentos, nosso olhar para com a vida animal e a natureza, o quanto o ser humano se acha no direito de sacrificá-la para satisfazer seu ego, a religião também entra em cena com a figura de um padre que destila preconceito e se baseia nas escrituras para dar razão a todas as atitudes dos homens, há um diálogo que ele diz que os animais devem se submeter ao homem, "Deus fez os animais para serem sujeitos aos homens", um tanto hipócrita para quem crê em uma fé que prega justamente o amor ao próximo, neste momento a câmera cola na boca do padre, um artificio sensacional que marca os instantes em que os personagens expõem suas ignorâncias, ora dando super closes nos olhos, ora nos lábios enquanto destilam preconceitos e hostilidade. A senhora Duszejko é a única mulher ali e se sobrepõe, mas é dada como louca, ela não mede esforços para salvar os animais, só que sofre consequências, como o sumiço de suas cadelas. No decorrer ela cria vínculo com uma moça (Dobra Nowina) que trabalha em uma loja e mantém um relacionamento abusivo com um desses caçadores e um jovem (Jakub Gierszal) que trabalha com informática.
É um eco-thriller que mescla alguns gêneros e instiga por sua crítica, a bela paisagem, a presença dos animais contribuem para um filme de atmosfera densa e que promove diversos pensamentos, nosso olhar para com a vida animal e a natureza, o quanto o ser humano se acha no direito de sacrificá-la para satisfazer seu ego, a religião também entra em cena com a figura de um padre que destila preconceito e se baseia nas escrituras para dar razão a todas as atitudes dos homens, há um diálogo que ele diz que os animais devem se submeter ao homem, "Deus fez os animais para serem sujeitos aos homens", um tanto hipócrita para quem crê em uma fé que prega justamente o amor ao próximo, neste momento a câmera cola na boca do padre, um artificio sensacional que marca os instantes em que os personagens expõem suas ignorâncias, ora dando super closes nos olhos, ora nos lábios enquanto destilam preconceitos e hostilidade. A senhora Duszejko é a única mulher ali e se sobrepõe, mas é dada como louca, ela não mede esforços para salvar os animais, só que sofre consequências, como o sumiço de suas cadelas. No decorrer ela cria vínculo com uma moça (Dobra Nowina) que trabalha em uma loja e mantém um relacionamento abusivo com um desses caçadores e um jovem (Jakub Gierszal) que trabalha com informática.
Duszejko é apreciadora e pesquisadora de astrologia e determina sua vida com base nisso, adora fazer mapa astral de todos que conhece e assim ajuda-nos a conhecê-los também, já que a trama prioriza o foco nesta forte e decidida senhora, o filme tem um poder de crítica bastante interessante em relação aos maus-tratos animais, o descaso com a vida selvagem ao retratar a vulnerabilidade e a dificuldade dos bichos em viver em seu próprio habitat, os caçadores são amparados por uma lei que não pune e nem sequer liga para esses animais que são destruídos, e é uma cadeia de eventos quando eles são mortos, toda a natureza sofre as consequências, por exemplo, correndo o risco de animais endêmicos serem aniquilados. Outro ponto é a figura dessa mulher que luta e vai atrás de ajudar o ecossistema contra estas atrocidades, por isso também é uma obra feminista, assim como os animais a mulher não tem voz perante esta sociedade machista e ignorante.
A figura do biólogo Boros (Miroslav Krobot) que Duszejko encontra nos dá muita noção do que acontece aos seres mais invisíveis, como os insetos, quando ocorre o descontrole na natureza devido a maldade humana, o que nos faz ter imensa empatia por essa dupla e imaginar que de fato esses animais poderiam se vingar da raça humana, que tanto mata e destrói aquilo que é justamente precioso por pura ganância e prazer, ou gula. Aonde então está a racionalidade sendo que muitas das atitudes são vis e desprezíveis? O Homem se acha superior aos animais por crer que é racional, quando na verdade age por puro egoísmo e instinto, não existe empatia e sensibilidade, a indiferença predomina.
"Rastros" é um alerta, um filme crítico e reflete por que matar um de nossa espécie é considerado assassinato e um de outra espécie não. O preconceito, o especismo grita neste longa e faz nos sentir mal, portanto, por mais que a história seja previsível e tenha alguns defeitos em relação a desenvolvimentos de outros personagens, é impecável na exposição da mensagem, o clamor da vida animal por mais conscientização sobre os seus direitos.
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Da diretora eu assisti e gostei de "Filhos da Guerra".
ResponderExcluirOutro dia assisti um filme polonês dos anos oitenta chamado "O Interrogatório" em que Agnieszka Holland trabalhou como atriz.
Abraço