segunda-feira, 11 de maio de 2015
Uma Notícia Inesperada (Obvious Child)
"Obvious Child" (2014) dirigido por Gillian Robespierre é uma comédia romântica como poucas, o drama e a comédia se dá muito bem trazendo o tema aborto de uma maneira diferente, madura e sem qualquer espécie de dogmas.
Somos apresentados a jovem Donna Stern (Jenny Slate), uma irreverente comediante stand-up, ela costuma levar os problemas da vida pessoal aos palcos, o que causa desconforto em seu namorado, que não demora-se a descobrir que a trai com uma mulher mais dentro dos padrões. Desolada e sem rumo se afunda, mas numa noite acaba conhecendo Max (Jake Lacy), um rapaz gentil, com bons modos e tímido, o completo oposto de Donna, que fala o que dá na telha sem pudor algum, suas piadas geralmente são escatológicas e seu visual é sempre desleixado, o fato é que os dois se dão bem e bebem a noite toda, dançam e fazem sexo, o resultado de tudo isso é uma gravidez indesejada, o que a deixa mais ainda na fossa.
Todo o drama envolvendo a protagonista nos é mostrado em detalhes e a forma como reage a eles é especialmente cativante, criamos uma empatia justamente por ela ser tão autêntica. A ideia do aborto aparece naturalmente e consegue fazer com que analisemos a situação, em todos os quesitos Donna está despreparada e o aborto se torna a alternativa certa. Interessante o jeito simples, honesto e inteligente com que o tema foi inserido.
O aborto é logo a alternativa pensada, mas isso não quer dizer que Donna não se sinta confusa, mas como dito, todos os seus pensamentos nos são expostos e compreendemos que é melhor assim. Ela tem o apoio da mãe, da amiga e ao final até de Max, que descobre sobre a gravidez ao ver Donna falar em seu show. O ponto forte da trama é a maravilhosa interpretação de Jenny Slate, sempre com diálogos pontuais e divertidos, ela faz graça da sua desgraça. A personagem foi feita na medida exata para a atriz.
"Obvious Child" é um filme que dá a possibilidade do espectador olhar por outra perspectiva, sem dogmas, esteriótipos ou outros tantos empecilhos que envolvem esse assunto tão condenável.
O filme é uma comédia romântica subversiva, a fórmula tão comumente utilizada é quebrada e vemos um início de romance mais real, e o que efetivamente ajuda é que tudo é exposto sob o ponto de vista feminino, mostrando que a escolha é da mulher. Não existe julgamento por parte de nenhum personagem, mas isso não quer dizer também que é um filme pró-aborto, ele é corajoso e simplesmente levanta a questão permitindo que o espectador pare para pensar. É um ótimo exemplar do cinema independente norte-americano!
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