quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015
Whiplash - Em Busca da Perfeição (Whiplash)
O solitário Andrew (Miles Teller) é um jovem baterista que sonha em ser o melhor de sua geração e marcar seu nome na música americana como fez Buddy Rich, seu maior ídolo na bateria. Após chamar a atenção do reverenciado e impiedoso mestre de jazz Terence Fletcher (J.K Simmons), Andrew entra para a orquestra principal do conservatório de Shaffer, a melhor escola de música dos Estados Unidos. Entretanto, a convivência com o abusivo maestro fará Andrew transformar seu sonho em obsessão, fazendo de tudo para chegar a um novo nível como músico, mesmo que isso coloque em risco seu relacionamento com sua namorada e sua saúde física e mental. Qualquer aluno de música pode dar exemplos de professores rígidos que pressionam e exigem melhoras, mas o cara apresentado nessa trama vai além, ele quer encontrar a perfeição e para isso usa métodos um tanto questionáveis que nos deixa atônitos em alguns momentos, mas que por ora também compreendemos.
A música é o elemento principal e há diversas referências a músicos consagrados do jazz, como Charlie Parker e Buddy Rich. Andrew é persistente e essa sua característica o faz conseguir suportar o complexo Fletcher. De início quando entra para a orquestra visualizamos abusos por ter tocado fora de ritmo, ele repete, repete e não satisfaz, então Fletcher desfia uma série de insultos pessoais ao garoto e o faz chorar. Humilhações são apenas uma parte do jeito que "ensina", Fletcher acredita que assim não terá músicos fracos ao seu lado, e sempre conta a história de como Charlie Parker se tornou "Bird" para exemplificar.
O título Whiplash além de remeter ao som da chicotada, também é uma música da Don Ellis Band. Fletcher é um carrasco, um sádico, mas ele não é só isso, e ao longo podemos observar boas doses de sensibilidade, coisa inerente a qualquer músico. O personagem é incrível, construído de forma a nos embaralhar, seu aluno é um estímulo já que tem a sede de se tornar grande. A exaustão que acontece nos ensaios é transmitida aos espectadores de maneira impressionante, sentimos a dor e o cansaço de Andrew, assim como sua persistência.
A química entre os atores é ótima e nos desperta diversos sentimentos, vale tudo no jogo que acontece entre eles para encontrar a perfeição. Andrew treina até seus dedos sangrarem e Fletcher é cruel e faz com que os músicos repitam uma única passagem por horas. Não há limite!
Andrew caracteriza muito bem os anseios que um músico nutre, e por conta dessas ambições vem o distanciamento das pessoas, afinal a maioria não está acostumada a lidar com tais perspectivas, a cena na mesa de jantar exemplifica bem essa questão. Sua obsessão é tanta que prefere terminar o namoro, pois dedicará seu tempo exclusivamente para aquilo que mais ama, ele deduz então que ela não entenderá. Ser o melhor exige muito de si e Andrew está disposto a isso, pois quer ser reconhecido por aquele carrasco do Fletcher, e este quer ver até onde o perspicaz baterista pode ir. É uma guerra de egos que perdura até o fim.
"Whiplash" é um filme impressionante, o ritmo não cai em nenhum momento, acompanhar a saga de Andrew é doloroso e emocionante.
Tanto Andrew como Fletcher demonstram sentimentos de arrogância e antipatia, os dois foram feitos um para o outro. O baterista é o achado de Fletcher e a cena final é a grande prova, convidado para tocar numa apresentação Andrew é pego de surpresa novamente pelo ego vingativo do maestro, mas quando parece que irá desistir volta e arrebata numa sequência estarrecedora, fazendo com que Fletcher exiba um semblante de satisfação.
O final é extraordinário, inspirador, visceral, daqueles que temos vontade de dar replay o tempo todo. "Whiplash" é selvagem na questão do amor à música, é uma incrível história de superação com muito suor e sangue. Aos músicos se faz ainda mais fascinante, principalmente aos bateristas. É realmente uma chicotada!
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Increíble fantástico
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